VERDADES INCONVENIENTES

A Doutrina do Choque - Parte 4

chockd77Três dos pistoleiros foram Asif Iqbal, Ruhal Ahmed e Shafiq Rasul, de Tipton, Inglaterra. Eles passaram mais de 2 anos em Guantánamo antes de serem libertados sem qualquer acusação. "Não se podia falar com ninguém, fazer nada, nem ficar de pé. Sentado lá, eu pensava o tempo todo: o que esta acontecendo? onde estou? Ficarei aqui pelo resto da vida? Volterei a ver a minha família? " Dos 779 presos que passaram pela Baia de Guantánamo apenas 3 tinham sido condenados por algum crime. George Bush: "A única coisa que tenho certeza, é que são pessoas más."

NK: "Foi uma mensagem para o mundo todo, e ela era clara: Isto é o que acontece comque cruza o nosso caminho!


A GUERRA CONTRA O TERROR PARTE 2


George bush pai: "A guerra ao terror não se resume a um homem, nem a um país."

Muitas justificativas foram dadas para a invasão do Iraque. Mas se os EUA queriam atacar um páis onde os líderes da Al-Qaeda poderiam estar escondidos, que possuia armas nucleares e vendia tecnologia nuclear a outros países, então, o Paquistão seria a opção lógica. Ele tinha estreitas relações com os talibãs e era governado por um ditador militar. Em vez disso, Bush escolheu o Iraque com alvo. O páis com a terceira maior reserva de petróleo do mundo.


A GUERRA COM TORTURA EM MASSA

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NOTICIÁRIO AMERICANO: "O plano de guerra do Departamento do Defesa não é idêntico ao da Guerra do Golfo. Assemelha-se mais ao da invasão do Panamá em 1989. Fomos informados que começará no chamad Dia A. "A" de "ataques aéreos", ataques devastadores. Os soldados de Saddam ficarão incapazes ou sem ânimo de lutar. A idéia é uma chuva de bombas tão forte, para criar, como dito, "choque e pavor". "

"Se o Pentágono mantiver o plano atual de guerra, um dia de março, a Aeronáutica e a Marinha lançarão de 300 a 400 mísseis cruzeiro contra alvos no Iraque, mais do que foi lançado nos 40 dias da primeira Guerra do Golfo. Nunca se viu um projeto com tal dimensão, sequer foi cogitado. Harlan Hullman é um dos criadores do conceito de "choque e pavor", que se baseia no uso de grande número de armas de precisão."

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Harlan Ulman: "Para que se tenha um efeito simultâneo, como as armas nucleares em Hirosima, que não leva dias ou semanas, mas minutos. Também deve isolar a cidade, cortar a eletricidade, água e iniciar uma campanha implacável para exaurí-los, para que, em 2 a 5 dias, estejam física, emocional e psicoogicamente esgotados."

Durante as primeiras etapas dos bombardeios, os moradores de Bagdá sofreram uma versão da privação sensorial descrita nomanual Kubark. No caos que se seguiu a queda de Saddam Hussein, os EUA fizeram muito pouco para impedir saques. Oficiais americanos achavam que isso serviria paa ganhar tempo no desmantelamento do Estado Iraquiano. John Agresto, da reconstrução da Educação superior, disse que viu os saques das escolas como a chance de começar do zero. Em verdade, antes das sanções, o iraque tinha omelhor sistema educacional da região. 80% do iraquianos eram alfabetizados. Em contraste, no Novo México, estado natal de John Agresto. 46% da população era analfabeta funcional.

NK: "No Iraque tivemos 3 tipos diferentes de choque. Todos agiam em conjunto e se reforçavam. Tivemos o choque da guerra, seguido imediatamente pela terapía do choque econômico, imposta por Raul Bremer. E conforme a resistência a essa transformação econômica, esse veloz choque econômico, creceu, tivemos o choque da coação, incluindo a tortura. Três tipos diferentes de choque.


O CHOQUE ECONÔMICO

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Em maio de 2003, Paul Bremer foi nomeado emissário dos EUA para o Iraque. Duas semanas após a sua chegada, ele declarou o país "aberto a negócios". E disse: "consideramos que coalizão tem amplos poderes para definir o rumo da política econômica do Iraque." Bremer conhecia pouco o Iraque, mas conhecia tudo sobre o capítalismo do desastre. Ele abriu a empresa "Crisis Consulting Practice", no iníco do boom da indústria da segurança nacional. Bremer passou os primeiros 4 meses aprovando as leis clássicas da Escola de Chicago.

Rumsfeld descreveu o Iraque como tendo as leis tributárias e de investimentos mais transparentes e cnvidativas do mundo live. Um dos primeiros atos de Bremer foi demitir 500 mil funcionários públicos. Isso fez parte da eliminação da influência do Ba'at, redução de servidores também era clássica medida de Friedman. Prometeram recursos para a reconstrução do Iraque.

George Bush:

"Nosso investimento no futuro do Afeganistão e Iraque é o maior compromisso desse tipo desde o Plano Marshall."

Mas, na realidade foi justamente o contrário. Enquanto o Plano Marshall foi concebido para estimular as indústrias européias, a ajuda financeira dos EUA no Iraque foi destinada a empresas americanas. Quando o trabalho chegava aos iraquianos era no nível mais baixo de sublocação de mão de obra.

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A Creative Associates ganharam contratos no valor de 100 milhões de dólares para criar o currículo e imprimir novos livros para o sistema educacional.

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A firma de gestão e tcnologia, Bearing Point, ganhou contratos no valor de 240 milhões de dólares para construir um sistema mercantilista no Iraque.

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A RTI, da Carolina do Norte, ganhou contratos no valor de 466 milhões de dólares para assessorar a implantação de democracia no Iraque.

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A Halliburton recebeu 20 Bilhóes de dólares, além de contratos no Iraque.

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A Parsons recebeu 186 milhões de dólares para construir 142 clínicas. Apenas 6 foram conscluídas.

Os sistemas básicos de forneceimento de energia e água pouco melhoraram apesar dos bilhões gastos em 4 anos. Paul Bremer:

"Tivemos êxito aqui. Quando conseguirmos, teremos feito algo importante, não só para 25 milhões de iraquianos, mas também para o interesse ocidental na região."

Até a nova moeda iraquiana era impressa no exterior.

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Paul Bremer: "deixe-me mostar um exemplo das cédulas."

Os EUA até pagaam mercenários para supervisionar o trabalho de mercenários que haviam sido contratados.

NK: "Estive em Bagdá em 2004. Foi um período em que começou os atentados regulares a bomba. No dia emque cheguei, uma bomba explodiu perto do hotel. Mas oque me impressionou naquele período foi que apesar da violência e do caos, no dia seguinte, os iraquianos sairam as ruas para protestar. Eles clamavam naquele momento por eleições. O direito de decidir sobre como devia ser a era pós-Saddam. No início da ocupação, as manifestações foram pacíficas, com o tempo passou e os protestos não surtiram efeito, cada vez mais iraquianos uniram-se a resistência armada."

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A violência fugiu ao controle. Como ocorrido 30 anos atrás na América do Sul, os corpos ficavam na rodovia com advertência aos demais. Estes eram os desaparecidos do Iraque. Foram necessárias medidas agressivas para reprimir a resistência.


O CHOEQUE DE COAÇÃO

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Nos primeiros 3 anos e meio da ocupação, 61500 iraquianos foram presos. Na primavera de 2007, 19 mil premaneceram detidos. Na prisão foram interrogados usando-se métodos que podiam ser atribuídos aos criados pela CIA, com base nas experiências feitas por Ewen Cameron nos anos 1950. Segundo a Cruz Vermelha membros do Exército americano cinfessaram que 70 a 90% das prisões no Iraque eram equivocadas.

O caos no Iraque parecia uma derrota para a terapia do choque. Mas no Iraque, o capitalismo do desastre evoluiu. Agora o próprio desastre provia a chance de lucrar.


LUCRANDO COM A GUERRA

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O gasto militar dos EUA quase duplicou desde 2001. Cerca de 700 bilhões de dólares por ano. Ja em 1961 o presidente Eisenhower, que não era um destacado liberal, advertiu acerca do perigo de um exército muito poderoso. Eisenhower:

"A conjugação de uma imensa estrutura militar e uma grande indústria armamentista é nova na história dos EUA. Devemos ter cautela com as influências indevidas, sejam voluntárias ou involuntárias, por parte do complexo industrial militar. Não devemos permitir que a força dessa combinação ponha em perigo nossa liberdade ou processo democrático."

A guerra do Iraque é a guerra mais privatizada da história moderna. A zona Verde de Bagdá é uma versão extrema do que está acontecendo em todo o mundo. Um mundo privatizado, seguro, protegido do caos exterior.

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Em 1991, na primeira Guerra do Golfo, a cada 100 soldados havia 1 soldado privado.

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Em 2003, quando começou a guera no Iraque, a cada 100 soldados havia 10 mercenários.

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Em 2006, a cada 100 soldados havia 33 mercenários.

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Em 2007, a cada 100 soldados havia 70 mercenários.

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Em julho de 2007, havia mais mercenários que soldados no Iraque.

Isso ia além do que Friedman imaginaram.

Friedman:

"As únicas coisas que não devemos privatizar são as forças armadas, os tribunais e algumas das estradas e rodovias."

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Uma das mais importantes empresas foi a Blackwater USA. Durante o levante, em abril de 2004 em Najaf, a Blackwater assumiu o controle dos fuzileiros navais. Dezenas de iraquianos morreram durnte a operação. Os EUA haviam imunizado os mercenários contra qualquer lei iraquiana. Assim atuavam livremente fora da lei, como em Guantânamo.

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Assim como a terapia de choque de Cameron deixou seus pacientes confuso e abatidos, os multiplos choques impostos ao Iraque reduziu o pais a um caos sectário vilento e sem lei. Na época da execução de Saddam Hussein, em 2006, 1000 iraquianos eram mortos por semana. Em abril de 2007, a Comissão de Refugiados da ONU, estimou que 4 milhões de pessoas tinham deixado suas casas, centenas de milhares de Iraquianos haviam morrido.

Paul Bremer:

"Creio que os historiadores escreverão claramente que fizemos algo grandioso e nobre aqui."


UM MUNDO DE ZONAS DE SEGURANÇA


Quando o furcação Katrina atingiu Nova Orleans em agosto de 2005, o mundo supreendeu-se ao testemunhar uma espécie de "apartheid do desastre". Os que tinham condições financeiras saíram da cidade, enqunto milhares de pobres foram abandonados, com pouca ou nenhuma ajuda por parte do governo.

NK: "Fui a Nova Orleans quando ela estava inundada e vi o que vivenciei no Iraque estava se repetindo, não após uma guerra, mas depois de um grande desastre natural. Friedman morreu em 2006. sua última recomendação de política pública foi um artigo escrito para o Wall Street Journal, três meses depois do Katrina. Ele disse: "A maioria das escolas de Nova Orleans estão em ruinas assim como as casas das crianças que as frequentavam. As crianças agora estão espalhadas pelo pais. É uma trajédia, mas também uma chance de reformar radicalmente o sistema educacional." Ele propunha a privatização do sistema educacional da cidade. Essa foi a sua despedida.

Vi ago similar no Sri Lanka depois do tsunami de 2004. Pessoas que viviam nas praias há gerações foram impedidas de regressar para que as áreas fossem privatizadas e vendida a hotéis de luxo. E é isto que me refiro com a "doutrina do choque". A pilhagem sistemática da esfera pública depois de um desastre. Quando as pessoas estão muito centradas na emergência, em suas preocupações diárias, para proteger seus interesses."

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Talvez o primeiro ato de resistência seja impedir que nossa memória coletiva seja apagada. Em 2008, Naomi Klein visitou Villa Grimaldi com Isabel Morel, a viúva de Orlando Letelier. Vila Grimaldi é um memorial a crueldade do regime de Pinochet e a sua derrota final. Foi o principal centro de tortura, enquanto se buscava implementar a política do choque econômico.

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Em 1998, Pinochet foi detido enquanto estava em Londres. Sua antiga aliada, Margaret Thatcher, ficou ao seu lado. Demorou 30 anos para que as experiências econômicas conduzidas originalmente por Pinochet, desse a volta no mundo até chegar ao Iraque. Mas as semelhanças entre o passado e o presente são impressionantes. Entre os campos de concentração de Pinochet e o centro de detençao de Guantánamo do governo Bush. Entre os desaparecidos do Chile e os do Iraque. Entre as experiências de Ewen Cameron e a tortura imposta aos presos em Abu Ghraib.


O FIM DE UMA ERA

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Os mercados não regulados são de natureza volátil. As bolhas podem aumentar, mas logo acabarão estourando. Desde a desregulação do "Big Bang" nos anos 1980, houve uma série de crises nos mercados. Em 1987 tivemos a "segunda feira negra". Os mercados despencaram. Foi a maior queda percentual em um dia da história do mercado acionário. Em 1992, tivemos a "quarta feira negra". Os especuladores ficaram ricos apostando contra a libra. Em 1997, houve a crise asiática. Em um ano, 600 bilhóes de dólares sumiram das bolsas de valores asiáticas.

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E então em setembro de 2008, os mercados financeiros afundaram. George Bush: "O mercado não esta funcionando corretamente. Houve uma perda generalizada da confiança." Em 15 de setembro, o Lehman Brothers pediu concordata. Apesar disso, uma semana depois, foi anunciado qeu os empregados de sua agência em NY dividiram 2,5 bilhoes de dólares em bônus. Estima-se que as empresas de Wall Street pegaram 18,4 bilhões de dólares em bônus em 2008. O ano da crise.

NK: "Apesar da retórica populista de pegar os especuladores, proteger os fracos, salvar a economia real em vez de Wall Street, estamos testemunhando uma transferência de riqueza de tamanho incomensurável. Uma transferência de riqueza das mãos públicas, das mãos do governo, recolhidas de gente comum sob forma de impostos, para mãos de pessoas e empresas mais ricas do mundo. Desnecessário dizer que são as mesmas pessoas e empresas que criaram essa crise."

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"Estamos no meio de um tsunami creditício que ocorre uma vez a cada 100 anos. Enccontrei uma falha não sei o quão importante ou permanente ela é, mas estou muito preocupado com isso."

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Nos EUA, foi a crise financeira que assegurou a vitória de Obama. Os Amercianos queriam mudar o rumo.

NK: "Esta crise é tida, por quase todo o mundo, como resultado direto dessa ideologia em especial, de desregulação e privatização."

A dimensão da crise oferece a esperança de mudança.

NK:"A doutrina do choque, como estratégia, depende de nossa ignorância a seu respeito, para obter êxito. O que é mais esperançoso sobre a crise econômica atual é que esta tática esta ficando batida. Porque não mais subsiste o elemento surpresa. Estamos de olho e não está funcionando. Estamos ficando resistentes ao choque."

A última vez que o mundo sofreu uma crise econômica tão grave, o povo recorreu às políticas keynesianas do New Deal. Mais de 1 milhão de pessoas foram a Washington ouvir o discurso de posse de Obama. Muitos jornalistas fizeram comparações a Roosevelt.

NK: "Muito tem se falado ultimamente sobre as comparações entre Obama e Franklin D. Roosevelt. Quero falar um pouco sobre FDR, pois há uma ótima história sobre ele. Ela pode até ser apócrifa. Quando ele recebeu a visita de alguma organização progressista ou sindicato de alguma organização progressista ou sindicato para lhe propor uma nova política progressista, que queiram incluir como parte do New Deal, ele os escutou e, finalmente, teria dito: "Agora vão as ruas e obriguem-me a fazê-lo." E assim eles fizeram. Em 1937, ano crucial para o New Deal, sabem quantas greves foram feitas nos EUA? 4740 greves, que duraram em média 20 dias. Sabem quantas greves ocorreram em 2007? Duas? 21. A outra razão par recordar essa história de luta é que ela nos diz algo muito importante. Algo para recordarmos neste momento quando há tanto em jogo. Ensina-nos que se quisermos repostas e esta crise econômica, que nos levem a um mundo mais saudável, justo e pacífico, temos de ir as ruas e obrigá-los a fazêlo. Obrigada."


Fonte: Baseado no LivroIxp775G0#t=70
https://www.youtube.com/watch?v=afGIxp775G0#t=70