VERDADES INCONVENIENTES

Patê de Fígado e Travesseiro de Penas

pato15Praticamente todos nós já fomos à uma festa, reunião, restaurante ou rodízio onde há vários tipos de comida, e comemos mais do que devíamos. E deve ter resultado em uma sensação bem desconfortável. Agora suponhamos que o anfitrião ou o garçom nos obrigasse a ingerir ainda mais comida, até que começasse a doer. E como se já não fosse o bastante, ele ou ela nos forçasse a comer mais. Tentemos imaginar essa sensação e então consideremos que isso aconteceria ao acordar, no almoço e no jantar, todos os dias. Nós viveríamos em um estado de tortura e dor constantes. 

Se tentarmos imaginar essa dor e sofrimento, então chegaremos perto de compreender a agonia pela qual passam aproximadamente 10 milhões de gansos e patos a cada ano, antes de serem mortos para satisfazer os paladares "refinados" dos seres humanos que consomem 16.800 toneladas de seus fígados em todo o mundo (em 1998). A França é a maior produtora com quase 80%; depois vem a Hungria, Espanha, Israel e outros países como EUA, Bélgica, Bulgária e Romênia produzindo o restante. Durante os vários dias de alimentação forçada, esses patos e gansos são mantidos em pequenos compartimentos.

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Isso torna mais fácil para os funcionários agarrarem as aves pelo pescoço e inserirem funis e tubos metálicos de alimentação pela garganta abaixo. Quando comemos demais, sentimos necessidade de levantar da mesa e nos movermos para uma posição mais confortável. Esses patos e gansos não têm nem mesmo esse privilégio. Eles mal podem se mover, o que aumenta ainda mais o seu desconforto. As aves se debatem para se afastar desses "alimentadores" toda a vez que os vêem, mas seu confinamento impede esse esforço. As imagens ao lado mostram os métodos usados para forçar o alimento para dentro dos estômagos dessas aves indefesas.

Os funcionários pegam os gansos ou patos um de cada vez, os prendem e os forçam a abrir seus bicos para introduzir um cano de metal de 20 a 30 cm que vai até o estômago. Então eles acionam uma alavanca que bombeia a ração de milho direto ao estômago da ave. Cada ave é forçada a ingerir até 3,5 kg de ração por dia. Em alguns casos os funcionários colocam um anel elástico apertado no pescoço da ave para o caso de ela tentar regurgitar a ração. Isso ocorre de 3 a 5 vezes por dia. A ração é composta de milho cozido e às vezes inclui gordura de porco ou de outros gansos com sal.

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Esses 3,5 kg de ração para os gansos seriam o equivalente a um humano ser forçado a comer 12,5 kg de macarrão por dia. Para aqueles que ainda podem estar duvidando, essas criaturas sentem medo e dor. Imaginemos o que aconteceria no nosso organismo se nossos fígados inchassem várias vezes o tamanho normal, como mostrado na imagem ao lado. O fígado à esquerda é de tamanho normal. O da direita é o resultado da alimentação forçada. Até na cor ele é doentio. Depois de 4 semanas de alimentação forçada, os patos e gansos são abatidos. Na maior parte das vezes, seus fígados estão inchados de 6 até 12 vezes o tamanho normal (1, 2) - formando massas pálidas e inflamadas do tamanho de melões em vez de órgãos firmes, pequenos e sadios. Os animais assim ficam com dificuldades de andar e respirar.

E não precisa muita imaginação para perceber que toda essa alimentação forçada pode causar outros danos físicos também. Em um estudo realizado em uma "fazenda", quase 10% de todas as aves morriam com o estômago rompido, com alimento entrando no pulmão ou por doenças e infecções causadas pelos tubos de alimentação sujos. Um veterinário que acompanhou uma investigação na Commonwealth Enterprises disse que "todos os patos exibiram sinais de doenças. Muitos deles estavam incapacitados para andar ou ficar sobre seus pés. Alguns exibiam deformações dos bicos."(4) Um outro afirmou que "a alimentação forçada pode machucar a boca e o esôfago ... as aves parecem estar doentes; seus olhos estão embaçados e suas penas desalinhadas."(5) Um terceiro veterinário que acompanhou a polícia notou que "nenhum dos patos estava tentando limpar suas penas. Somente patos extremamente doentes e estressados deixariam sua plumagem se deteriorar ao ponto visto nessa filmagem."(6)

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Um patologista de animais selvagens do estado de Nova Iorque que examinou os patos da Commonwealth declarou que "se esse tipo de coisa estivesse acontecendo com cães, seria interrompida imediatamente."(7) Ele expressou horror diante dos "fígados extremamente inchados, produto da alimentação excessiva à força (os fígados são fácilmente rompidos pelos menores traumas)" e diante de um dos patos que tinha "uma laceração do fígado com hemorragia interna. Esse tipo de tratamento e método de produção de aves está fora das normas de agricultura e tratamento sadio dos animais."(8) Quarenta e três veterinários de Nova Iorque assinaram uma declaração de que a produção de fígado de ganso deveria ser banida porque o "foie gras" nada mais é do que uma lipidose hepática, uma doença do fígado: "Animais sob essa condição devem se sentir extremamente mal ... a produção de foie gras, por definição, constitui uma evidente crueldade animal."

A produção de fígado de ganso já foi banida na Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia.

O perito em gansos Konrad Lorenz, ganhador do Prêmio Nobel, recebeu um pedido do Parlamento Europeu para ler um relatório sobre a indústria de foie gras. Lorenz recusou-se, dizendo que se sentia "vermelho de raiva" depois que leu o relatório. "Do meu ponto de vista, a 'opinião dos experts' que permite a engorda forçada dos gansos ... pode ser expressada em poucas palavras: Essa 'opinião dos experts' é uma vergonha para toda a Europa."(9)

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Apenas os patos (machos) são usados para fazer o patê - eles produzem fígados maiores e são considerados mais capazes de resistir às 4 semanas de tortura. As patinhas fêmeas são tratadas como lixo - literalmente. Normalmente os funcionários entulham as patinhas em sacos de nylon. Os sacos são amarrados e jogados em latões com água escaldante. Os funcionários matam as sobreviventes esmagando suas pequenas cabeças contra as bordas do latão.

Essa é uma indústria extremamente cruel e desumana, e nós, como consumidores que compramos e comemos seus produtos, precisamos parar de sustentá-la. Já é tempo de sermos mais compassivos com os seres que estão à nossa mercê. O patê de fígado de ganso faz engordar e adoecer tal qual as infelizes aves torturadas para essa produção. 85% das calorias do patê são de gorduras - mais do que duas vezes o de um hambúrguer ! O cardiologista Dr. David T. Nash adverte "essa gordura é em grande parte ácido palmítico, uma gordura saturada conhecida por aumentar o colesterol."(3)

Referências

Brawley, Peggy, "Quack Team of New York Farmers Helps Foie Gras Fly on U.S. Menus," revista People, 16/Dezembro/1985.
Carson, L. Pierce, "Ducking the Issue," Napa Register, 18/Março/1992.
Nash, David T., M.D., F.A.C.P., F.A.C.C., carta ao veterinário Dr. Wendy Thacher, 3/Dezembro/1991.
Veterinária Dra. Hodge, Tatty M., M.S., declaração assinada, 18/Novembro/1991.
Veterinário Dr. Dunayer, Eric, declaração assinada, 7/Novembro/1991.
Veterinária Dra. Thacher, Wendy, declaração assinada, 19/Novembro/1991.
Stone, Ward B., carta à David Cantor, PETA, 6/Maio/1992.
Stone, Ward B., carta ao Dr. Eric Hartelius, Diretor do Sullivan County Animal Control, 13/Novembro/1991.
Lorenz, Konrad, tradução da carta ao Dr. Dieter Backhaus, editor de Grzimeks Tier/Sielmanns Tierwelt, 1/Setembro/1983 (obtida da Compassion in World Farming, Petersfield, Inglaterra).
Nossos agradecimentos ao People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) , All Creatures e Compassion in World Farming cujos artigos, informações e fotos foram incluídos nesta página.

 

Conheça a agonia das aves por trás da indústria de travesseiros, jaquetas e edredons à base de penas de animais

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2009 - Por Fábio Chaves: A blogueira do website ativista de direitos animais Change.org, Stephanie Ernst, escreveu um texto relembrando o sofrimento de gansos e patos que têm suas plumagens arrancadas regularmente durante sua curta vida. Essas penas macias, das quais as aves precisam, terminam em travesseiros, edredons e jaquetas e são arrancadas à força de animais destinados a uma morte violenta.

Apesar de o tema não receber tanta atenção quanto as peles, couro e lã, recentemente o assunto tem recebido destaque entre alguns ativistas. O empreendedor e ativista vegano americano Ari Solomon recentemente publicou um artigo no megablog Huffington Post sobre o assunto em resposta a um podcast sobre o mesmo tema. E um vídeo postado no YouTube mostra uma ave tendo sua plumagem arrancada violentamente. A expressão de dor do ganso quando ele finalmente é liberado das mãos de seu algoz é inconfundível.

Em seu texto, Ari lembra que as penas das aves não caem simplesmente delas e são coletadas por humanos. “Existem dois modos de arrancar penas de uma ave: quando ela está viva ou quando ela está morta. A indústria de penas considera as penas de aves vivas melhores e por isso gansos e patos têm suas penas arrancadas três ou quatro vezes por ano. Isso acontece desde a sua décima semana de vida até completarem quatro anos, para depois serem mortos por sua carne. Patos e gansos que vivem livres têm uma expectativa de vida de 12 a 15 anos.”

Eles sofrem durante uma vida marcada por traumas, dor e sofrimento, até o momento de seu abate brutal. A exploração e o abuso de animais por sua lã, penas, leite e ovos, bem como o assassinato de animais por sua pele estão todos relacionados à morte de animais que são convertidos em comida. Se você não come animais, mas compra produtos que contêm plumagem, couro e peles, ou consome laticínios e ovos, você também contribui para esse processo de exploração.

Você continua criando demanda e financiando o assassinato desses jovens animais. O assassinato de animais para comida não dá lucro apenas porque as pessoas compram sua carne e leite – mas também porque as pessoas compram outros produtos e subprodutos dessas indústrias. Qualquer que seja o motivo pelo qual os animais são inicialmente explorados, eles sempre são abatidos no final.

Voltando ao assunto das plumagens: existem travesseiros de materiais alternativos e existem edredons de outros materiais que são muito confortáveis e que não dependem do sofrimento e da morte de gansos e patos. Jaquetas de inverno com enchimentos alternativos, como as que são feitas de garrafas de plástico recicladas e fibras de bambu, aquecem tão bem quanto. Pelos pássaros, por favor: evite plumagens e penas em qualquer produto.

 


Fonte: http://www.vegetarianismo.com.br/

         http://loboreporter.blogspot.com.br/