Mais Regras, Menos Sentido: A Pandemia da Burocracia!

Mais Regras, Menos Sentido: A Pandemia da Burocracia!

Se você achava que a burocracia já era um monstro insaciável, a pandemia conseguiu transformá-la num verdadeiro leviatã. Em tempos de coronavírus, o simples ato de viajar, encontrar amigos ou até tomar um café se tornou uma epopeia de papelada, QR codes e regras que mudam a cada semana. Parece enredo de distopia? Pois é, alguns gostam de comparar esse período ao clássico 1984, de George Orwell, mas talvez Brasil, o filme de Terry Gilliam, seja uma metáfora ainda mais precisa: um pesadelo totalitário onde os verdadeiros vilões não são soldados ou espiões, mas sim burocratas desajeitados, confusos e, acima de tudo, incansáveis na missão de complicar tudo ainda mais.

A pandemia não trouxe apenas máscaras e vacinas, mas também uma enxurrada de formulários, aplicativos, certificados digitais e testes obrigatórios que muitas vezes não fazem sentido algum. Quando viajei para a Itália durante uma das inúmeras "ondas" da pandemia, descobri que precisava preencher um formulário de rastreamento de contatos antes do embarque. Só tinha um problema: existiam quatro ou cinco versões diferentes desse formulário, e ninguém sabia exatamente qual era a correta. No fim das contas, nem sequer olharam o documento no aeroporto. O caos só cresceu. Vieram os "Green Pass", "Super Green Pass" e, como se fosse pouco, inventaram o "Booster Green Pass". Mas, adivinhe? Nenhuma dessas medidas milagrosas conseguiu conter a pandemia.

E a Itália não está sozinha nessa loucura burocrática. A Alemanha, por exemplo, passou um ano inteiro aceitando máscaras cirúrgicas no transporte público, até que um belo dia decidiram que só máscaras FFP2 serviriam. Algum estudo provou que elas eram mais eficazes? Nem tanto. Mas, como essas máscaras dificultam a respiração, a lógica parece ser: se incomoda mais, deve ser melhor. O engraçado é que muitos caixas de supermercado continuam usando máscaras cirúrgicas comuns ou até nenhuma. Seriam eles imunes ao vírus?

A bizarrice não para por aí. Mesmo viajantes vacinados precisam fazer um teste PCR, mas se alguém não vacinado fizer o mesmo teste e der negativo, ainda assim não pode embarcar. A menos, é claro, que aceite tomar a vacina. E um reforço. E outro. Ah, e mais um teste PCR. Tudo acompanhado de uma pilha de documentos e códigos digitais. Se burocracia fosse vacina, estaríamos todos imunizados.

Se você acha que essas medidas vão sumir junto com a pandemia, é melhor repensar. Basta olhar para os aeroportos: mais de 20 anos depois da frustrada tentativa de ataque com uma “bomba de sapato”, ainda precisamos tirar os tênis para passar na segurança. Até hoje, líquidos são proibidos em voos, mesmo sem registros de "bombas de garrafa d’água". O que começou como um protocolo temporário se tornou parte permanente da rotina.

Agora, além da "guerra ao terror", temos a "guerra aos vírus", que segue o mesmo roteiro: mais regras, mais burocracia e menos eficácia. Afinal, se tem algo que um burocrata nunca faz, é desistir. Como um vírus, a burocracia sobrevive encontrando novas formas de se replicar. E se depender deles, a próxima variante sempre virá acompanhada de mais papelada, mais formulários e mais QR codes. É "para nossa segurança", claro. Mas, no fim das contas, quem vai nos proteger dos burocratas?