VERDADES INCONVENIENTES

Insetos e carne de laboratório? O que você encontrará em seu prato daqui a trinta anos pode não ser tão apetitoso na atualidade

insetocarne101/2017 - Pode parecer um horizonte distante - quase o mesmo período que já vivi neste mundo -, mas daqui a 30 anos, a população global da Terra se aproximará dos 9 bilhões de habitantes. Durante as próximas três décadas, a ciência precisa encontrar soluções para evitar que a fome afete a humanidade de maneira ainda mais severa do que ocorre atualmente, especialmente em regiões como a África. Algumas soluções estão em desenvolvimento, mas é improvável que muitas delas sejam consideradas apetitosas pelo paladar atual. No entanto, considere o seguinte: imagine um indivíduo da Idade Média vivendo no mundo contemporâneo, com sua abundância de alimentos industrializados. Ele provavelmente consideraria toda a raça humana culpada de bruxaria e acharia produtos como Pringles abominações demoníacas e repulsivas.

Portanto, o que estará presente em nossos pratos diários daqui a três décadas que possa ser tão estranho e repulsivo quanto uma Pringles seria para um homem medieval? Pense em insetos, carne de laboratório e até alimentos impressos em 3D. Esteja preparado para o seu cardápio do futuro. Alguns cientistas afirmam que a biomassa total de formigas na Terra pode ser igual ou até maior do que a biomassa de toda a população humana. Isso levanta a questão: por que não utilizar insetos como fonte de alimento? No entanto, não se deve esperar pratos de formigas ao molho de laranja ou algo semelhante em nossas refeições. É fundamental considerar os nutrientes necessários para a sobrevivência. Já é possível encontrar massas ou barras feitas com farinha de grilo em alguns locais dos Estados Unidos, por exemplo. Estima-se que 100 gramas de grilos possam fornecer cerca de 13 gramas de proteína, enquanto os gafanhotos oferecem um pouco mais, com cerca de 21% de sua massa composta por proteína.

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O aspecto mais intrigante reside no fato de que a criação desses animais tem um impacto ambiental menor. Eles consomem menos recursos alimentares em comparação com o gado, proporcionando aproximadamente a mesma quantidade de nutrientes. Além disso, não emitem gases que contribuem para o efeito estufa. Embora a carne bovina produzida em laboratório seja uma realidade, ainda não atingiu uma escala de produção em massa, assim como ocorre com peixes e camarões, que estão em fase de pesquisa, mas apresentam resultados promissores.

Em 2011, um estudo divulgado na revista Environmental Science and Technology indicou que a carne de laboratório pode ser produzida com um consumo de energia de 7 a 45% menor, emissões de gases 78 a 96% menores e uso de terra 99% inferior em comparação com a carne bovina tradicional da Europa. Um dos principais desafios da pesca reside no fato de que, sem um gerenciamento adequado, pode levar à rápida diminuição das populações de peixes. Contudo, pesquisas recentes sugerem que a pesca sustentável pode contribuir para o aumento da quantidade de peixes no mundo até 2050.

Entretanto, surge a questão: por que não adotar abordagens semelhantes às usadas na pecuária para a produção de peixes? Atualmente, diversos restaurantes e mercados comercializam carne de peixe de criação. Desde 2011, a produção de carne de peixe em cativeiro superou a de carne bovina em nível global. Do ponto de vista da sustentabilidade, é possível obter a mesma quantidade de proteína de peixes em relação à carne bovina com um consumo muito menor de recursos alimentares. Diversas pesquisas já evidenciaram que as algas, além de absorver dióxido de carbono da atmosfera e liberar oxigênio, representam fontes ricas em proteínas, carboidratos, gorduras e até Ômega 3, o que as torna uma valiosa fonte de nutrientes para diversos organismos, incluindo a humanidade.

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No entanto, algumas controvérsias surgem nesse contexto. O suplemento nutricional Soylent incluiu algas como parte de sua composição, mas posteriormente a empresa optou por removê-las devido a reclamações relacionadas a problemas gastrointestinais. A empresa TerraVia, que fornecia as algas para o Soylent, nega as alegações de que a farinha de alga possa causar problemas de saúde em quem a consome. Atualmente, produtos contendo óleo de algas estão disponíveis no mercado, e até o momento, não houve relatos de que tais produtos tenham causado problemas de saúde.

Além disso, os alimentos transgênicos, amplamente presentes em produtos industrializados e até mesmo nas seções de frutas e verduras dos supermercados das grandes cidades, estão destinados a continuar integrando a dieta humana. Milho, batata, beterraba, canola, soja e vários outros vegetais já são extensivamente cultivados a partir de sementes geneticamente modificadas. Uma nova técnica promete a possibilidade de cultivar maçãs e batatas que não escurecem e até mesmo criar porcos resistentes a vírus. Não obstante as alegações sobre possíveis impactos negativos na saúde, até o momento, não existe comprovação de que a modificação genética torna os alimentos cancerígenos.

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A NASA está alocando recursos para investigar a tecnologia de alimentos produzidos por impressão 3D, visando simplificar a alimentação de astronautas em ambientes de microgravidade, possibilitando a criação de alimentos diretamente no espaço. No entanto, essa abordagem tem potencial para abranger aplicações bem mais amplas, economizando tempo e fornecendo opções de alimentos de fácil deglutição para indivíduos que enfrentam desafios na capacidade de engolir.

REFERENCIAS: NSC TOTAL

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