VERDADES INCONVENIENTES

O Veneno esta na mesa - Parte 3

agrotoxicos_2saúde do Trabalhador - Reportagem da Rede Globo: "No Paraná, o aumento da produtividade nas lavouras de soja esconde um perigo: o descontrole nas aplicações de agrotóxicos. A cada ano aumentam as pulverizações e o risco no campo. Quarta aplicação de agrotóxico para garantir a safra de trigo. A cada ano aparece uma praga diferente, para cada praga um produto diferente....diz um agricultor. Nos últimos 9 anos o uso de defensivos quase dobrou no Paraná. Antes eram duas aplicações em média, hoje chegam a quatro e na plantação de soja o abuso é ainda maior: OITO APLICAÇÕES. A venda de agrotóxicos aumetou 140% em 10 anos. Crescimento maior que o da produção de grãos, que ficou em 75%.  Faltam técnicos no campo para orientar os agricultores e assim eles ficam sujeitos a recomendações, muitas vezes inadequadas.

Veneno demais contamina o meio ambiente, aumenta os custos, faz mal para a saúde e pode prejudicar também o bolso dos produtores. Entre especialistas ha o temor de que o mercado internacional ponha restrições aos produtos brasileiros por causa dos resíduos de agrotóxicos.

O risco também e grande para a saúde dos agricultores. Segundo o professor Marcelo F. de Sousa Porto, do Centro de Estudos de Saude do Trabalhador, boa parte dos efeitos a saude, da intoxicação a que as populações sao submetidas, boa parte da destruição que é desenvolvida pela expansão das monoculturas ela não tem nenhuma implicação para o lucro e para a cadeia de preços. OU seja a soja barata, o álcool barato, a carne barata, em boa parte se da em nome do câncer, da intoxicação aguda, que é atendida pelo SUS, pelo desrespeito a natureza que vai ser pago nas próximas gerações. Nada disso de alguma maneira é contabilizado. Um estudo foi feito no estado do Paraná, e no pior cenário são cerca de 150 milhões de dólares que podem até ser gastos com as intoxicações agudas ou seja, é mais caro pagar os efeitos a saúde do que usar agrotóxicos. Só que quem paga o agrotóxico é o agricultor e quem paga a saúde é a população, é o sistema de saúde,é o governo, somos todos nós.

Profa Raquel Rigotto, médica, pesquisadora:

"53% dos trabalhadores examinados na monocultura do abacaxi, estavam com alterações na função hepática, e inclusive um deles veio a falecer, que trabalhava no almoxarifado químico, que trabalhou durane 3 anos e seis meses, todos os dias, exposto a agrotóxicos e apesar de ter apenas 29 anos, adoeceu em 4 meses e veio a falecer de uma hepatotia tóxica de acordo com laudo firmado por quatro professores da faculdade de medicna da UFC."

Alexandre Pessoa Dias, professor pesquisador da Escola Politécnica de Saúde JOaquim Venancio:

"Nesse cenário de crescimento vertiginoso do uso dos agrotóxicos, eu penso que a atual campanhapermanentete contra o uso dos agrotóxicos e pela vida, ela cumpre um papel fundamental. Não somente na questão da mobilização, e eu digo mesmo no aspceto de comunicação em saúde. Porque ela revela para a sociedade os graves impactos sociais e ambientais decorrentes do uso abusivo desses produtos químicos no país."

As crianças, as familias, as mulheres também atuam no campo. E sabemos que a exposição se dá ainda dentro do útero. Os efeitos naquela criança, os agentes atuando tão precocemente, só veremos a manifestação de um tumor, por exemplo, de um futuro câncer anos depois.

A cenoura, rica em vitamina A, contribui para o bom estado da visão, da pele das mucosas. A cenoura contem sais minerais como fósforo, potácio, calcio, vitaminad do complexo B, que ajudam a regular o sistema nervoso e a função do aparelho digestivo. Entre os agrotóxicos encontrados em amostras de cenouras colhidas estão acefato, metamidofós, clorpirifós, dimetoato, profenofós.

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Os tomates são a fonte mais rica em licopeno, antidioxidante que combate os radicais livres, retarda o envelhecimento e proteje contra o câncer de próstata. Amostras encontraram nos tomates analisados a presença do aldicarb, o mais tóxico inseticida conhecido para mamíferos. Ele também é usado ilegalmente nas cidades como raticida expondo os humanos a sua ação como veneno.

Pimentão. Antinflamatório, digestivo, estimulante par a circulação, rico em vitamina C. Foram identificados 22 ingredientes ativos, dos quais 18 não estão autorizados para a cultura. os principios ativos não autorizados: profenofós, cipermitrina, endolsulfan, dicofol.


Dra Letícia Rodrigues da Silva:

"No ano de 2008 a ANVISA colocou 14 ingredientes ativos em reavaliação, muitos desses produtos em funão deles estarem proibidos em outros paises. E desde então a gente vem sofrendo uma série de ações judiciais, uma série de pressões que vão desde requerimentos de parlamentares até a judcialização mesmo."

Dr José Agenor Alvares da silva, diretor da ANVISA:

"Existe um antagonismo, muitas vezes irreversível, entre a opção enconômica-comercial e a op~ção da saúde. Nós temos que ter essa dupla responsabilidade. A nossa responsabilidde maior é garantir a saúde da população."

Dra Lia Giraldo da Silva Augusto, professora pesquisadora do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães :

"A nossa experiência, na verdade, é de constatar diversos mecanismos de atuação do lobi do agronegócio sobre as estruturas do estado no sentido de impedir que os órgãos façam, cumpram a sua missão. REcentemente nós trabalhamos apoiando a ANVISA, na revisão de 11 agrotóxicos e podemos constatar a pressão de diversos órgãos governamentais representanto interesses, conflitos de interesses, do agronegócio. E a gente viu isso claramente ser feito pelo Ministéiro da Âgrigultura, pelo ministério de ciencia e tecnologia, pela Casa Civil......e aqui em Pernambuco a gente ve isso também presente nos momentos que a gente tem discussão no fórum de combate aos agrotóxicos. um forum bastate interessante que foi criado pelo Ministéiro Publico do Trabalho para discutir e ter ação publica frente a essas nocividades, esses venenos."

André Trigueiro, Jornalista:

"O que a gente apurou junto a ANVISA é que algumas lideranças políticas estavam precionando a ANVISA, questionando a resolução que veta a comercialização de determiando produtos. O que eu posso entender dessa situação é que mais uma vez não é uma questão político-partidária, mas poderia ser aqui uma retribuição? A forma como certas fábricas, certas empresas ligadas ao setor químico, que produz agrotóxicos, financiam campanha."

Professora RAquel Rigotto:

"um dos achados que nos deixou mais perpléxos nesses 4 anos de estudos, foi a descoberta de que os agrotóxicos tem estímulo fiscal para sere utilizados e consumidos no Brasil como um todo. Há um convênio que data de 1997 que oferece uma isenção fiscal de 60% do ICMS, do COFIN, do IPI e do PISPASEP para todos os agrotóxicos vendidos nesse pais. E no Ceará e parece que em outros estados do Brasil, os governos estaduais ainda acharam isso pouco e extenderam essa isenção a 100%."

Cristina Kirchner ordena investigação de agrotóxicos da Monsanto e Dupont

A presidenta da Argentina fez um pronunciamento na sala de convenções de Olivos, a sede do governo, em que o tema principal eram as medidas para o setor rural afetado pela crise econômica mundial e a seca. Mas ela inclui no seu discurso uma surpresa para um público favorável a soja transgênica, Anunciou que ordenou a sua Ministra da Saúde, Graciel Ocana, que realize uma investigação oficial sobre o impacto para a saúde dos agrotóxicos utilizados nas lavouras. Referia-se especificametne ao glifosato, produzido pela empresa Monsanto, e o endosulfan, comercializado pela multinacional Dupont. São fatos muito importantes realcionados com a saúde de todos os argentinos e sendo assim ninguem pode discutir questões questões de competências e jurisdições, assegurou.

Setenta por cento da mesa do brasileiro é servida por frutas, legumes e verduras plantados e cultivados pelo pequeno produtor, pela agricultura familiar. Todos ou pelo menos a sua grande maioria são obrigados a trabalhar com transgênicos. Dificilmente sem o uso dos transgênicos e os pesticidas e herbicidas o agricultor conseguirá o crédito necessário para financiar a sua safra. O agricultor então é obrigado a trabalhar com transgênicos, com os herbicidas e pesticidas, alguns deles cancerígenos e provocando doenças de trabalho.

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A saúde do trabalhador custa R$ 50,8 bilhões aos cofres públicos e as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho consomem 1,8% do PIB. As empresas que produzem grãos e sementes agrícolas, modificados geneticamente cobram direitos autorais dos camponeses e são obrigados a utilizar os seus grãos e sementes. Ao contrário do que a propaganda afirma, o uso de transgênicos exige o uso de herbicidas e pesticidas que faz parte de um pacote básico imposto aos agricultores. As sementes foram patenteadas e os agricultores ao invés de trabalhar com as sementes criolas, passaram a utilizar as sements híbridas, geneticamente transformadas. Ao invés de prestarem contas a natureza os agricultores passaram a pagar royalties. As sementes nativas vão sendo dispensadas, perdendo-se no tempo num mundo que passa a servir às transnacionais.

Junto com a produção em escala, a química introduziu o Câncer e outras doenças na dieta dos habitantes do planeta, na saúde dos trabalhadores que manipulam o veneno, Mata animais de grande porte e seres humanos. os produtos orgânicos, mais saudáveis para a sáude de quem planta e de quem consome custam mais caro. Por falta de financiamento e políticas públicas, ficam mais distantes do prato da população.

A syingenta cria dependência química, trocando café por agrotóxicos. Uma emprsa sem nenhuma tradição ou foco na comercialização de comodities, esta se consolidando como uma das maiores exportadoras brasileiras de cafés especiais. A industria de agroquímicos e sementes Syngenta, tem contratos para comprar e exportar 208 mil sacas de café gourmetao longo deste ano, dentro de um programa no qual troca seus produtos por sacas do grão. O agricultor paga os insumos com sua própria produção. E não em dinheiro. Com os cafés especiais a Syngenta decidiu fazer ela mesma a comercialização numa estratégia para que os produtores de café sejam fiéis aos seus agroquímicos. A plataforma inclui os agrotóxicos da Syngenta e também serviços pós colheita e treinamentos.


Adonai, a resistência é possível


Adonai Jacques soares dos Santos, Iraí/RS: "Para fazer o custeio da lavoura e pra ti ta segurado o que vai fazer na lavoura, o banco exige as nota da semente, a semente tem que ser híbrida, tem que ter o adubo químico, tem que ter o veneno, e as notinhas de todos esses produtos. Porque la no dia de fazer a entrevista vai vir um técnico do banco, um fiscal que vai querer essas notas pra ti estar dentro do seguro, senão em 48h tu tem que devolver o dinheiro lá, se tu nao tiver a lavoura conforme esta no croqui e nao usou a semente híbrida e o adubo , se tu nao usou aquilo e nao tem aquela notas tu não vai ganhar o Proagro."

A palavra Adonai em hebraico significa ELE, como se designa Deus, cujo nome não se pronuncia. Aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul, Adonai é um agricultor que reinventa o mundo a sua maneira. Tudo que lhe apresentam como a verdade, Adonai questiona. No mundo da Monsanto, Basf, Syngenta, Dupont, Bayer, Adonai pratica a agricultura orgânica sem transgênicos. Enfrenta o banco que só da crédito a quem planta transgênicos e tem como garantia de colheita da safra o uso de herbicidas e pesticidas. Nosso Adonai desafia as transnacionais que lucram bilhões com seus venenos.

Baseado na sua história familiar, Adonai reinventou o milho criolo. Existe uma porta de saída. Adonai aponta:

"Me lembrei la de tras, do tempo la do meu pai, tinha sementes criolas, porque que não pode hoje tentar fazer isso. Eu e mais um colega meu que se formou agrônomo dissemos, vamos tentar fazer uma semente aqui na tua propriedade. Mas ai nós tinha que depende de um milho híbrido com um comum, dai fazer o enxerto, para fazer esse cruzamento. Para tirar pra plantar na segunda planta, dai dava. Eu usei 11 variedades de milho, fiz uma mistura toda, peguei milho comum que eu consegui encontrar e peguei mais híbridos e misturei tudo. Teve tudo que é épocas de milho, dai o que eu fiz, eu fui selecionar, trabalhar com elas, levou 3 anos que eu consegui fazer esse milho"

Dra Ana Primavesi, agrônoma: "Hoje em dia o pessoal sempre acha que se faz agricultura orgânica não vai nutrir a humanidade. Bom se esta pensando que orgânico é simplesmente deixar fora o químico, eles tem razão. Mas não é. Porque o orgânico você trabalha com a vida do solo. E não perguntaram o que a planta precisa, pergunram o que a indústria podia fornecer. Nõs temos de ir mais pela natureza e menos pela tecnologia, porque a tecnologia em si, se não esta trabalhando conforme a natureza, ela não vai conseguir um resultado satisfatório."

Uma cenoura, por exemplo, produzida em perfeito equilígrio trofobiótico, tendo uma nutrição e ambientação absolutamete adequadas, não contraindo assim nenhum tipo de doença. Não ha nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos para alimentar o povo, não ha dificuldade técnica. O problema que nós enfrentamos, não é que não se saiba, mas não se quer por causa da industria, porque a indústria ganha com isso. E sempre ha algo no meio entre a tecnologia correta e o lucro. Numa faculdade de agronomia brasileira, falar mal de agrotóxicos é correr o risco de ser apedrejado. O agricultor precisa reaprender a confiar na natureza.

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Eduardo Galeano, jornalista e escritor: "Eu acho que a única possibilidade que nós temos de não só recuperar recursos naturais e saber defendê-los, mas também ligar isso com a necessidade de uma vida melhor e mais livre para os humanos que habitam essas terras. E tomar consciência que os direitos da natureza e direitos humanos são dois nomes da mesma dignidade. Ou seja, qualquer contradição é artificial. Sobretudo quando nasce dessa espécie de religião do progresso, do desenvolvimento do crescimento econômico que predomina num mundo onde manda o deus MERCADO. Um deus implacável, invisível, tremendo filho da puta o deus mercado, rsrs....que manda esquecer essa identidade entre os recursos naturais e a vida humana, e entre os direitos humanos e os direitos da natureza."

Fonte: Documentário "O Veneno esta na mesa" de Silvio Tendler. Compilação em forma de texto e imagens, Renato Corrêa Bicca gestor de conteúdo do Arquivo.