CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Tudo pela arte: em experimento artístico, francesa injeta sangue de cavalo e se sente “extra-humana”

sangue_cavalo_2Uma dupla artística francesa denominada Art Orienté objet, conhecida por sua exploração de relações entre as espécies e por questionar métodos e ferramentas científicos, agora se tornou protagonista de uma das mais chocantes experiências já feitas: a injeção de plasma de cavalo em um ser humano. O projeto, intitulado Que le cheval vive en moi (Que o cavalo viva em mim), Marion Laval Jeantet, ...

um dos membros da Art Orienté objet, recebeu sangue de cavalo nas veias, o que a fez se sentir “extra-humana”. O evento chocante ocorreu em fevereiro, mas Marion passou vários meses preparando seu corpo, injetando-se com pequenas doses de imunoglobulinas de cavalo, as glicoproteínas que fluem através do sangue do animal e funcionam como anticorpos na resposta imunológica de seu corpo.

A artista chamou esse processo de mitridatização (acostumar; imunizar com venenos), uma técnica que pode ter começado com o rei Mitrídates VI do Ponto (120 a.C. – 65 a.C.), que dizia ter desenvolvido imunidade a venenos através da ingestão gradual de pequenas doses deles.

Assim, em fevereiro, depois de construir sua tolerância aos compostos do animal, Marion recebeu o plasma de cavalo que continha o espectro completo de imunoglobulinas, e não entrou em choque anafilático. Os compostos do cavalo contornaram seus mecanismos de defesa e entraram em sua corrente sanguínea, onde se ligaram a proteínas humanas. Esta síntese afetou suas funções corporais e até mesmo seu sistema nervoso durante semanas depois de Marion ter recebido a injeção.

“Eu tinha a sensação de ser extra-humana. Eu não estava no meu corpo usual. Eu me sentia hiperpoderosa, hipersensível, hipernervosa e muito desconfiada, hesitante. O emocionalismo de um herbívoro. Eu não conseguia dormir. Provavelmente, me senti um pouco como um cavalo”, conta a artista.

Após a transfusão de sangue, Marion colocou um objeto na perna semelhante a patas de cavalo e realizou um ritual de comunicação com um cavalo real. Em seguida, uma amostra de seu sangue foi extraída e liofilizada. O projeto representa uma continuação do mito centauro, um híbrido de cavalo-humano que, sendo um “animal em um humano” simboliza a antítese do cavaleiro, que, como humano, domina o animal. A arte está sendo apresentada no Cassino de Luxemburgo, em Luxemburgo.


ALERTA: Que le cheval vive en moi foi uma experiência radical cujos efeitos a longo prazo não podem ser calculados. Não repita em casa. Por Natasha Romanzoti.

Fonte: http://www.rosembergfreire.com