CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Estudo sugere descoberta de um planeta feito de diamante

planeta_diamante_125/08/2011 - No centro, em azul(imagem ao lado), está o pulsar; o ponto amarelo à direita, dentro da órbita, é o planeta que os cientistas acreditam ser feito de diamante. Astro gira ao redor de uma estrela com apenas 20 km de diâmetro. Descoberta foi descrita na edição desta semana da revista 'Science'. Um planeta possivelmente feito de diamante foi descoberto por uma equipe internacional de astrônomos, segundo mostra um estudo publicado na edição desta semana da revista "Science". O planeta está próximo ...

a um pulsar,mais exatamente na constelação da Serpente. uma estrela com muita massa e com apenas 20 quilômetros de diâmetro - valor comparável ao tamanho de uma cidade. A descoberta foi feita por um grupo de cientistas liderados por Matthew Bailes, da Universidade Swinburne de Tecnologia, localizada em Melbourne, na Austrália. O pulsar - que se chama PSR J1719-1438 - consegue girar 10 mil vezes em torno do seu eixo por minuto e possui 1,4 vez a massa do Sol. A chance de "piões de luz própria" como esse terem uma companheira é de 70%. Conforme o pulsar gira, ele emite um feixe de ondas de rádio que podem ser detectadas por radiotelescópios.

Ao analisar o padrão das ondas de rádio vindas de PSR J1719-1438, os cientistas suspeitaram da presença de um planeta no local. As mudanças provocadas nos pulsos de rádio pela presença do planeta também informaram ao astrônomos sobre a composição do astro. Eles sabem, por exemplo, que a companheira do pulsar não pode ser feita de hidrogênio ou hélio. Por outro lado, o planeta pode ser composto por carbono e oxigênio. A equipe tem confiança de que a densidade do astro indica que o planeta seria formado por um material em forma de cristais, assim como um diamante.

O novo planeta é bem mais denso do que qualquer outro já visto, e consiste praticamente só de carbono. Por ser tão denso, os cientistas calculam que o carbono deve ser cristalino, ou seja, uma grande parte dele é mesmo de diamante. "A história evolutiva e a incrível densidade desse planeta sugerem que ele é composto de carbono, ou seja, um enorme diamante orbitando uma estrela de nêutrons [um pulsar] a cada duas horas, numa órbita tão compacta que caberia dentro do nosso Sol", disse Matthew Bailes, da Universidade de Tecnologia Swinburne, em Melbourne.

Os astrônomos acreditam que o planeta de diamante seja, na verdade, o que restou de uma estrela com muita massa no passado, que teve boa parte de sua matéria "sugada" pelo pulsar. Segundo o grupo, o astro de diamante deve ter menos de 60 mil quilômetros de diâmetro - valor 5 vezes maior que o da Terra. Mas a sua massa é maior que a Júpiter.

Ele completa uma volta ao redor do pulsar em apenas 2 horas e 10 minutos. A distância entre a estrela e o planeta também é pequena: 600 mil quilômetros, valor menor que o raio do Sol. A dupla pertence à Via Láctea e se encontra na direção da constelação da Serpente, distante 4 mil anos-luz da Terra.


20 vezes mais denso que júpiter

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Os pulsares são estrelas de nêutrons, pequenas e mortas, com apenas cerca de 20 quilômetros de diâmetro, girando centenas de vezes por segundo e emitindo feixes de radiação. No caso do pulsar J1719-1438, seus feixes varrem a Terra regularmente e já foram monitorados por telescópios da Austrália, do Reino Unido e do Havaí, o que permite aos astrônomos detectar modulações devido à atração gravitacional do seu companheiro planetário feito de diamante, que não é visto diretamente. As medições sugerem que o planeta, com um "ano" de 130 minutos, tem uma massa ligeiramente superior à de Júpiter, mas é 20 vezes mais denso, segundo relato de Bailes e seus colegas na edição de quinta-feira da revista "Science".

Além do carbono, o novo planeta também deve conter oxigênio, que pode ser mais abundante na superfície, tornando-se mais raro na direção do centro, onde há mais carbono. Sua grande densidade sugere que os elementos mais leves -- hidrogênio e hélio -- que compõem a maior parte de gigantes gasosos, como Júpiter, não estão presentes. O aspecto desse bizarro mundo de diamante, no entanto, é um mistério. "Em termos do seu aspecto, não sei nem se eu posso especular", disse Ben Stappers, da Universidade de Manchester. "Não imagino que uma imagem de um objeto muito brilhante seja o que estamos vendo aqui."

Fonte: http://g1.globo.com
http://www1.folha.uol.com.br