CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Cigarro eletrônico - Parte 1

cigarro_eletronico_6O cigarro eletrônico, também chamado de e-cigarro, e-cig ou e-cigarrette é um aparelho mecânico-eletrônico desenvolvido com o objetivo de simular um cigarro e o ato de fumar.É um dispositivo que produz vapor inalável com ou sem nicotina, apresentando diversos sabores (ex: tabaco, café, frutas, etc.) e podendo servir como uma alternativa ao fumante, pois, além de entregar nicotina, também proporciona sabor e sensação física semelhante a da fumaça do tabaco inalado, embora não haja tabaco, combustão e fumaça. Também, o cigarro eletrônico imita o hábito de fumar, o que para muitos fumantes é um dos obstáculos para o sucesso em parar de fumar tabaco. O modelo clássico do cigarro eletrônico é visualmente muito parecido ...

com o produto verdadeiro, ou seja, possui a mesma cor branca e amarela, o mesmo formato e até a ponta simula estar acesa quando tragado. Contudo, existem diversos modelos disponíveis no mercado, sendo que o chamado cigarro eletrônico vai além de oferecer uma alternativa ao fumante de cigarros convencionais, pois já existem dispositivos em forma de charutos, cigarrilhas, cachimbo, entre outros muitos formatos.
Atualmente, a maioria dos cigarros eletrônicos disponíveis para venda são reutilizáveis e contém peças de reposição e/ou recarregáveis. Porém, é possível também encontrar cigarros eletrônicos totalmente descartáveis, sendo usados mais como uma versão de testes.


Componentes e funcionamento


O cigarro eletrônico é constituído basicamente de três partes: uma bateria com alguns componentes eletrônicos, um vaporizador (também chamado atomizador) e um cartucho, sendo que funciona da mesma forma que os adesivos e chicletes de nicotina, entregando aos poucos esta substância ao fumante.

Na maioria dos modelos, a bateria dos cigarros eletrônicos está ligada a um sensor que detecta a sucção realizada pelo usuário, a qual ativa o atomizador e inicia a vaporização do líquido contido no cartucho (chamado e-líquido ou e-suco), sendo então inalado pelo usuário. Ainda, esse sensor ativa um LED (pequeno dispositivo luminoso), geralmente de cor laranja, localizado na ponta do cigarro. Com isso, o cigarro eletrônico simula muito bem o real ato de fumar. Para entender melhor como o cigarro eletrônico funciona, assista ao vídeo da referência número 10.


E-liquido

 

O e-líquido ou e-suco (e-liquid ou e-juice, em inglês) é um líquido mais viscoso do que a água, apresenta uma alta tensão superficial e tem a propriedade de ser facilmente vaporizado, sendo, portanto, usado como veículo para a nicotina chegar aos pulmões
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Na maioria dos e-líquidos o principal componente é o propilenoglicol, seguido de glicerina, água, nicotina e flavorizantes, os quais dão o sabor e aroma. Os e-líquidos não apresentam, desse modo, alcatrão, monóxido de carbono e nenhuma das outras substâncias comumente encontradas em produtos do tabaco.

Propilenoglicol: a FDA (The Food and Drug Administration), o equivalente a nossa ANVISA nos Estados Unidos, há muito tempo reconheceu que esta substância é segura para o uso humano em alimentos, cosméticos e em medicamentos (incluído os inalatórios), sendo largamente usado por diversos ramos da indústria. Entre outros exemplos, esta substância é usada como solvente para corantes alimentícios e flavorizantes, como conservante de alimentos, como anticongelante não tóxico, como hidratante em medicamentos e cosméticos, em pastas de dentes, enxaguatórios bucais, como fixador para perfumes e é também usado em máquinas que simulam fumaça. No e-líquido, o propilenoglicol é usado para produzir vapor e carregar o sabor e aroma, sendo que a intoxicação por inalação do propilenoglicol não se mostra preocupante. Ainda, o propilenoglicol não causa sensibilização e não apresenta qualquer evidência de ser uma substância cancerígena, contudo alguns indivíduos podem apresentar alergia a este componente.

Glicerina: também chamada de glicerol, é uma substância higroscópica, inodora, viscosa e de sabor adocicado, sendo usada amplamente pela indústria como umectante, solvente, amaciante e agregante em alimentos e bebidas e na área médica, hospitalar e farmacêutica em pomadas, loções, elixires, xaropes, anestésicos, etc. O glicerol é reconhecido como seguro para o consumo humano desde 1959, podendo ser utilizado em diversos produtos alimentícios para os mais diversos propósitos. Vários estudos mostraram que uma grande quantidade de glicerol (sintético ou natural) pode ser administrada sem aparecimento de qualquer efeito adverso à saúde
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Água: geralmente água destilada é usada nos e-líquidos.

Nicotina: substância alcalóide básica semelhante à cafeína contida no café, líquida e de cor amarela, encontrada em certos tipos de plantas, principalmente no tabaco, mas também é detectada em pequenas quantidades no tomate, batata, berinjela, couve-flor, em alguns chás, entre outros. Quando consumida através do tabaco, manifesta-se de duas maneiras distintas: tem um efeito estimulante e, após algumas tragadas profundas, tem efeito tranquilizante, bloqueando o stress. Seu uso causa dependência psíquica e física, provocando sensações desconfortáveis na abstinência. Em doses excessivas, é extremamente tóxica: provoca náuseas, dor de cabeça, vômitos, convulsão, paralisia e até a morte. A dose letal (LD50) é de 0,4 mg/kg em adultos.

Flavorizantes: são substâncias (naturais ou sintéticas) ou misturas que adicionadas a um alimento ou medicamento lhes conferem um sabor e aroma característicos. Podem ser naturais (óleos essenciais extraídos de plantas e sabores naturais de frutas) ou artificiais (álcoois aromáticos, aldeídos, bálsamos, fenóis, terpenos, etc.). São largamente usados pela indústria alimentícia e farmacêutica.


Relações com a saúde

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O tabagismo, ou seja, o ato de fumar tabaco é um problema sério de saúde no mundo, pois:

Com mais de 4.700 substâncias tóxicas, 60 das quais são conhecidas ou suspeitas de causar câncer, o tabagismo afeta negativamente a todas as partes do corpo humano;

Aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar;

Há 1,1 bilhões de fumantes de tabaco no mundo, e se a tendência atual continuar, esse número deverá aumentar para 1,6 bilhões até 2025;

Os 10 países que mais tem fumantes de tabaco no mundo são: China, India, Indonesia, Russia, Estados Unidos, Japão, Brasil, Bangladesh, Alemanha e Turquia. Estes países representam dois terços da população de fumantes do mundo;

Em todo o mundo cerca de 10 milhões de cigarros são adquiridos por minuto, 15 bilhões de cigarros são vendidos a cada dia e 5 trilhões de cigarros são produzidos e usados anualmente;

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo;
Já o tabagismo passivo é considerado a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Um estudo feito pela "Revista Britânica de Medicina" (British Medical Journal), de agosto de 2004, relatou que um cigarro libera 10 vezes mais poluição no ar do que um motor a diesel;

Em 1993, a Environmental Protection Agency (Agência de Proteção do Meio-Ambiente) categorizou o fumo passivo em Grupo A - a forma mais grave – juntamente com outros muitos carcinógenos, como o arsênico, gás mostarda e amianto;

O tabagismo passivo gera um risco 30% maior de câncer de pulmão e 24% maior de infarto do coração do que os não-fumantes que não se expõem;

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos);

No Brasil, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer em geral, 90% das mortes por câncer de pulmão e 25% das mortes por doença coronariana;

O tabaco mata mais americanos que a Aids, drogas, homicídios, incêndios e acidentes de carro juntos;

O tabagismo gera uma perda mundial de 200 bilhões de dólares por ano, sendo que a metade dela ocorre nos países em desenvolvimento. Este valor, calculado pelo Banco Mundial, é o resultado da soma de vários fatores, como o tratamento das doenças relacionadas ao tabaco, mortes de cidadãos em idade produtiva, maior índice de aposentadorias precoces, aumento no índice de faltas ao trabalho e menor rendimento produtivo;

Anualmente, o tabagismo custa somente aos Estados Unidos mais de 97 bilhões em perda de produtividade ("pausas para fumar") e mais de 96 bilhões em despesas de saúde;

Se uma pessoa fumar um maço de cigarros de tabaco por dia durante 50 anos (média de idade de começar a fumar tabaco é 13), ela irá gastar cerca de 109.500 dólares em cigarros de tabaco, em comparação com 122.220 dólares em mantimentos durante o mesmo período;

Nos Estados Unidos, todos os anos os incêndios iniciados por cigarros são responsáveis por mais de US 6 bilhões em custos sociais e danos diretos, cerca de 2.500 feridos e mais de 1.000 mortes. Um em cada quatro incêndios florestais são causados por cigarros de tabaco;

Para uma pessoa conseguir ter sucesso em parar de fumar, em média, são necessárias de seis a oito tentativas. Todos os anos, 45% das pessoas que fumam vão parar de fumar por somente um dia, sendo que menos de 3% conseguirão não voltar mais a fumar;

Somente nos Estados Unidos, fumantes gastaram cerca de 3 bilhões no mundo em 2008 em produtos para parar de fumar. Em 2002 esta quantia foi de 1,4 bilhões. Ainda assim, os produtos existentes para parar de fumar são conhecidos por serem somente cerca de 5% eficazes, sendo que 80% das vendas desses produtos são feitas para os utilizadores habituais de nicotina;

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90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos de idade. Seduzir os jovens faz parte de uma estratégia adotada por todas as companhias de tabaco visando reabastecer as fileiras daqueles que deixam de fumar ou morrem, por outros consumidores que serão aqueles regulares de amanhã;

No Brasil um estudo foi realizado entre escolares de 12 capitais brasileiras, nos anos de 2002 e 2003, e encontrou uma prevalência de experimentação variando de 36 a 58% no sexo masculino e de 31 a 55% no sexo feminino, entre as cidades. De acordo com o mesmo estudo, a prevalência de escolares fumantes atuais variou de 11 a 27% no sexo masculino e 9 a 24% no feminino;

O risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser 10 vezes maior que o das que não fumam e usam este método de controle da natalidade. As fumantes que fazem uso de contraceptivos orais apresentam risco para doenças do sistema circulatório, aumentando em 39% as chances de desenvolver doenças coronarianas e 22 % a de acidentes vasculares cerebrais;

Mulheres fumantes que não usam métodos contraceptivos hormonais reduzem a taxa de fertilidade de 75% para 57%, devido ao efeito causado pelas toxinas do cigarro no ovário;

Calcula-se que o tabagismo seja responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos;

Mulheres fumantes de dois ou mais maços de cigarros por dia têm 20 vezes mais chances de morrer de câncer de pulmão do que mulheres que não fumam;


Fumar durante a gravidez traz sérios riscos. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia (sangramento) ocorrem mais frequentemente quando a grávida é fumante. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno. Um único cigarro fumado pela gestante é capaz de acelerar em poucos minutos os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre seu aparelho cardiovascular.

Quanto ao cigarro eletrônico, apesar de os efeitos na saúde de seu uso não serem totalmente conhecidos no campo científico, vários estudos têm demonstrado que este dispositivo apresenta enorme vantagens em relação ao cigarro de tabaco, pois, justamente por não possuir tabaco ou combustão, apresentando somente a nicotina, traz uma série de benefício:

Não compromete o olfato e o paladar;

Não causa escurecimento dos dentes, inflamação das gengivas e mau hálito;

Não causa envelhecimento da pele (rugas);

Não deixa mau cheiro na pessoa que fuma e no ambiente em que ela está fumando;

Não compromete o fôlego;

Não causa pigarro ("catarro");

Não causa tosse crônica;

Não promove risco de incêndio;

Não polui o meio ambiente com bitucas;

Não provoca doenças relacionadas ao cigarro de tabaco como: pneumonia, câncer (pulmão, bexiga, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, trombose, úlcera digestiva, impotência sexual, etc.;

Não expõe outras pessoas aos riscos da fumaça do tabaco (fumantes passivos);


Vários estudos não conseguiram provar que a nicotina isolada, como em medicamentos usados na terapia de reposição de nicotina, promova significativo malefício ao sistema cardiovascular. Além disso, alguns estudos sugeriram que a nicotina parece ser benéfica de várias formas, como, por exemplo, na estimulação da recuperação de danos cerebrais na Doença de Parkinson e Alzheimer;

O propilenoglicol, principal constituinte do e-líquido usado no cigarro eletrônico, possui conhecidas propriedades bactericidas e antivirais, podendo proteger os fumantes de cigarro eletrônico de gripes e infecções respiratórias, enquanto que o cigarro de tabaco duplica o risco de morte em uma epidemia de gripe;

Por ultimo, é mais barato que o cigarro de tabaco.

PARTE 2