CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Exoplanetas desafiam teoria sobre órbitas planetárias

exo813 de abril de 2010 - Novas descobertas sobre exoplanetas podem desafiar teoria sobre as órbitas planetárias. A teoria planetária dominante, segundo a qual os planetas sempre orbitam em torno de seu Sol na mesma direção, imitando a rotação da própria estrela, foi questionada pela descoberta de novos exoplanetas, afirmaram astrônomos esta terça-feira. "Esta é uma verdadeira bomba que lançamos no campo dos exoplanetas", afirmou o astrônomo Amaury Triaud, do Observatório de Genebra, referindo-se aos planetas situados fora do Sistema Solar.

 

A equipe de Triaud anunciará suas descobertas em uma reunião, esta semana, da Royal Astronomical Society (RAS), em Glasgow, Escócia. Sua ideia revolucionária se baseia na descoberta de nove novos exoplanetas, o que eleva o registro destes a 452 desde que o primeiro foi descoberto, em 1995. No entanto, estes últimos são especialmente úteis, pois não foram descobertos indiretamente pelo cálculo da atração gravitacional que sofrem do Sol, mas porque passaram diretamente na frente dele.

Estes eventos de "trânsito", raramente capturados, são muito aguardados, porque podem fornecer muito mais informações sobre o planeta. Mas, depois de comparar os novos resultados com as observações anteriores dos exoplanetas em trânsito, Triaud e seus colegas astrônomos, Andrew Cameron e o veterano caçador de exoplanetas Didier Queloz, ficaram assombrados.

Eles descobriram que seis dos 27 exoplanetas que eles vinham estudando orbitavam na direção oposta à de sua estrela quente.
A grande hipótese sobre a origem planetas é que eles são aglomerações de um disco de poeira e gás que orbitam uma estrela jovem e se movem na mesma direção da própria rotação da estrela.

"Os novos resultados realmente contestam o senso comum de que os planetas sempre orbitam na mesma direção em que suas estrelas giram", resumiu Cameron, da Universidade de Saint Andrews, em Edimburgo.

Os planetas em trânsito são chamados "Júpiteres quentes" por terem massa similar ou maior do que a de Júpiter. Ao contrário do nosso Júpiter, que circunda o sol a uma grande distância, os Júpiteres quentes são encontrados muito próximos a seus sóis, algumas vezes ao ponto de se queimarem.

Até agora, acreditava-se que estes planetas se formassem a partir de materiais distantes da estrela quente e que, gradativamente, migravam para uma órbita mais próxima como resultado da interação gravitacional entre a estrela e o disco proto-planetário.

Como estes Júpiteres quentes "renegados" vieram a existir também contesta esta teoria. Segundo os astrônomos, autores da descoberta, é possível que, em seu estágio inicial, estes planetas tenham sido pegos em um "cabo de guerra gravitacional" com planetas distantes ou até mesmo estrelas vizinhas.

Como resultado, o exoplaneta teria sido puxado para uma órbita inclinada ou alongada. Finalmente, devido a um fenômeno denominado "fricção das marés", ele teria sido 'enganado' pela estrela, preso em uma órbita estranha e inclinada próxima dela.

Outra questão levantada pelos especialistas é o que isto significa para as esperanças de se encontrar outra Terra: um planeta pequeno, rochoso, onde nem é muito quente, nem muito frio, mas com temperatura perfeita para que a água possa existir em estado líquido.

Acredita-se que o Júpiter do nosso Sistema Solar desempenhe um papel protetor, com sua imensa massa interpondo-se à colisão de cometas ou asteróides vagantes que poderiam atingir os pequenos e vulneráveis planetas rochosos próximos do sol, como o nosso.

Os novos Júpiteres quentes retrógrados, ao contrário, seriam assassinos e não guardiões. Essencialmente, seriam como uma bola gigante em um jogo de bilhar espacial, varrendo qualquer planeta menor dos arredores enquanto circulam.

"Um efeito colateral dramático deste processo é que poderia varrer qualquer outro planeta menor semelhante à Terra nestes sistemas", disse Queloz, que também trabalha no Observatório de Genebra.

As descobertas, feitas graças ao Observatório Europeu Austral, um telescópio gigantesco de 3,6 metros, instalado em La Silla, Chile, foram apresentados a publicações científicas.


Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/