CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Escolas no Vale do Silício não usam computadores e tablets

coltab117/04/2019 - Filhos de executivos de grandes empresas do Vale do Silício (EUA) crescem em um dos centros que está transformando a sociedade do século XXI. Mas se engana quem pensa que essas crianças aprendem com tablets e computadores de última geração. Cresce na região a oferta de escolas do ensino fundamental onde alunos estudam da mesma forma que seus pais, décadas atrás: só com lápis, borracha e papel.

Em certas escolas de Palo Alto, nem mesmo livros didáticos são impressos — são as próprias crianças que elaboram o conteudo à mão. No Brasil, a Waldorf of Peninsula, escola particular, telas de computador e gadgets só entram nas salas de aula quando os jovens chegam ao ensino médio.

"O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco? ", questiona Pierre Laurent, presidente do conselho da escola Waldorf e engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft e na Intel.

O engenheiro destaca o que parece ter virado consenso no Vale do Silício: os adultos querem que seus filhos se afastem de aparelhos tecnológicos na infância por avaliarem que o benefício de gadgets na educação é limitado e o risco de dependência é alto.

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Bill Gates, por exemplo, criou regras para uso de tecnologia em sua casa. O cofundador da Microsoft declarou impor limites durante a criação dos filhos. Até os 14 anos, seus três herdeiros não tiveram o próprio celular. "Eles reclamavam que as outras crianças já tinham", disse em entrevista ao Mirror. Os filhos de Gates, hoje, têm 15 ,18 e 21 anos. Assim, os aparelhos já foram liberados para todos, mas não durante as refeições — isso também se aplica aos adultos. E eles também foram criados com regras sobre o uso perto do horário de dormir.

Tecnologia como vício

Para especialistas, o problema da relação das crianças com a tecnologia é que seu uso se transforme em vício. Pesquisa da Common Sense Media aponta que crianças norte-americanas de zero a oito anos passaram, em média, 48 minutos por dia no celular em 2017, três vezes mais que em 2013 e 10 vezes mais que em 2011.

Controlar a rotina dos filhos é ainda mais difícil quando os pais trabalham fora. Segundo a pesquisa, adolescentes de famílias de baixa renda gastam duas horas e 45 minutos por dia a mais em computadores e gadgets do que aqueles de famílias de alta renda.

Para frear essa tendência, dois grandes investidores da Apple, Jana Partners e CalSTRS (fundo de aposentadoria de professores da Califórnia), enviaram uma carta aberta aos líderes da companhia pedindo que atuem contra o vício das crianças em celulares. "Analisamos as evidências e acreditamos que há uma clara necessidade da Apple de oferecer aos pais mais opções e ferramentas para ajudá-los a garantir que os jovens consumidores usem seus produtos da melhor forma", escreveram eles.

Em resposta ao pedido, a Apple apresentou o Screen Time — ferramenta que ajuda a controlar e limitar o uso de dispositivos móveis. Para não perder mercado, o Google incorporou uma ferramenta semelhante, o Digital Wellbeing. Para os críticos, contudo, os sistemas não atacam a raiz do problema: a natureza viciante dos equipamentos tecnológicos. Até que isso seja solucionado, os pais serão responsáveis pela orientação dos filhos nesta era digital.

 

Se os pais Vale do Silício estão criando seus filhos sem tecnologia, por que não fazemos o mesmo?

 

24/01/2019 - Uma pesquisa realizada em 2017 pela Silicon Valley Community Foundation evidenciou que muitos dos 907 pais do Vale do Silício têm sérias preocupações sobre o impacto da tecnologia no desenvolvimento psicológico e social das crianças.

“Você não pode colocar seu rosto em um dispositivo e esperar desenvolver uma atenção de longo prazo”, disse Taewoo Kim, engenheiro chefe de inteligência artificial da startup One Learning Lab, à Business Insider. Budista praticante, Kim está ensinando seus sobrinhos e sobrinhas, de 4 a 11 anos, a meditar e apreciar jogos e quebra-cabeças sem tela. Uma vez por ano, ele os leva em retiros silenciosos sem tecnologia em templos budistas próximos.

Ex-funcionários de grandes empresas de tecnologia, alguns deles executivos de alto nível, foram a público para condenar o intenso foco das empresas na criação de produtos tecnológicos viciantes. As discussões desencadearam mais pesquisas da comunidade de psicologia, as quais gradualmente convenceram muitos pais de que a mão de uma criança não é um bom lugar para dispositivos tão potentes.

“As empresas de tecnologia sabem que quanto mais cedo você colocar crianças e adolescentes na sua plataforma, mais fácil será se tornar um hábito para toda a vida”, disse Koduri. Não é coincidência, segundo ele, que o Google tenha pressionado as escolas para usarem o Google Docs, o Planilhas Google e o conjunto de gerenciamento de aprendizado Google Classroom.

Transformar as crianças em clientes fiéis de produtos não saudáveis ​​não é exatamente uma nova estratégia. Algumas estimativas mostram que as grandes empresas de tabaco gastam quase US $ 9 bilhões por ano, ou US $ 24 milhões por dia, comercializando seus produtos na esperança de que as crianças os usem para a vida toda. O mesmo princípio ajuda a explicar porque as cadeias de fast food oferecem refeições para crianças: a fidelidade à marca é lucrativa.

“A diferença [com o Google] é que eles não se consideram perigosos”, disse Koduri. “O Google, com certeza, pensa: ‘Ei, somos os mocinhos. Estamos ajudando as crianças. Estamos ajudando as salas de aula’. E tenho certeza que a Apple também. E tenho certeza que a Microsoft também.”.

Seguindo o exemplo de gigantes da tecnologia, como Bill Gates, Steve Jobs e Tim Cook

Em 2007, Bill Gates, o ex-CEO da Microsoft, implementou um limite no tempo de tela quando sua filha começou a desenvolver um apego prejudicial a um videogame. Mais tarde, tornou-se política da família não permitir que as crianças tivessem seus próprios telefones até completarem 14 anos. Hoje, nos EUA, crianças americanas ganham seu primeiro telefone por volta dos 10 anos.

Steve Jobs, CEO da Apple até sua morte em 2012, revelou em uma entrevista ao New York Times que proibiu seus filhos de usar o recém-lançado iPad. “Limitamos a quantidade de tecnologia que nossos filhos usam em casa”, disse Jobs ao repórter Nick Bilton.

Até Tim Cook, atual CEO da Apple, disse em janeiro que não permite que seu sobrinho participe de redes sociais online. O comentário seguiu os de outros especialistas em tecnologia, que classificaram as mídias sociais como prejudiciais à sociedade. Cook depois admitiu que os produtos da Apple não são destinados ao uso constante.

“Eu não sou uma pessoa que diz que alcançamos o sucesso se você estiver usando isso o tempo todo”, disse ele. “Eu não concordo se alguém disser isso.”.

Um dos estudos mais impactante, e frequentemente citado por psicólogos, foi publicado em 2014 em uma revista especializada em Computadores em Comportamento Humano. O experimento envolveu cerca de 100 pré-adolescentes, metade dos quais passou cinco dias em um retiro livre de tecnologia, engajados em atividades como arco e flecha, caminhadas e orientação. A outra metade ficou em casa.

Depois de apenas cinco dias no retiro, os pesquisadores viram enormes ganhos nos níveis de empatia entre as crianças participantes. Aqueles no grupo experimental começaram a pontuar mais alto em suas sugestões emocionais não-verbais, mais frequentemente sorrindo para o sucesso de outra criança ou parecendo angustiados se testemunhassem algo desagradável.

Os pesquisadores concluíram que: “Os resultados deste estudo devem introduzir uma conversa social muito necessária sobre os custos e benefícios da enorme quantidade de tempo que as crianças passam com as telas, dentro e fora da sala de aula”.

No Vale do Silício, escolas low-tech fazem cada vez mais sucesso

Nem todos os pais que criam seus filhos limitando o acesso à tecnologia se esforçam para manter os mesmos padrões quando se trata de educação. Os filhos de Koduri, por exemplo, compartilham um Macbook Air para trabalhos de casa e usam o Google Chromebooks na escola.

Mas em torno do Vale do Silício, várias escolas de low-tech surgiram em um esforço para reintroduzir o básico. Na Waldorf School of the Peninsula, uma escola particular em Los Altos, Califórnia, as crianças usam lousas e lápis nº2. O corpo docente não utiliza dispositivos baseados em tela até que os alunos cheguem ao oitavo ano.

Na Brightworks School, uma escola particular de ensino fundamental e médio em São Francisco, as crianças aprendem a criatividade usando ferramentas elétricas, desmontando rádios e participando de aulas em casas na árvore.

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Enquanto isso, em muitas escolas públicas, a tecnologia tornou-se uma força orientadora, de acordo com os educadores Joe Clement e Matt Miles. Em seu livro de 2017, “Screen Schooled”, os co-autores argumentam que a tecnologia faz muito mais mal do que bem, mesmo quando é usada para aumentar a pontuação em leitura e matemática.

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“É interessante pensar que os filhos de Steve Jobs jamais poderiam estudar em uma escola pública moderna, porque lá as crianças estão sendo obrigadas a usar dispositivos eletrônicos como os iPads”, escreveram eles.

O aparente duplo padrão ainda persiste, eles argumentam. Como os autores escreveram, “o que esses ricos executivos de tecnologia sabem sobre seus próprios produtos que seus consumidores não têm conhecimento?”.

 

Os gurus digitais criam seus filhos sem tablets, celulares, Smartphones…

 

No Vale do Silício, na Califórnia, proliferam escolas sem tablets nem computadores e jardins da infância onde o uso do celular é proibido por contrato: Uma professora, armada com giz colorido, acrescenta frações no grande quadro-negro, emoldurado em madeira rústica, que cobre a parede frontal da sala de aula. As crianças da quarta série, de 9 e 10 anos, fazem suas contas nas carteiras com lápis e cartelas. A sala de aula é revestida de papéis: mensagens, horários, trabalhos dos alunos. Nenhum deles saiu de uma impressora. Nada, nem mesmo os livros didáticos, que as próprias crianças elaboram à mão, foi feito por algum computador.

Os gurus digitais do Vale do Silício criam seus filhos sem telas

Pablo Guimon – Palo Alto (Califórnia, EUA) – Fonte: https://brasil.elpais.com/
Não há nenhum detalhe nesta sala de aula que possa estar fora de sintonia com as memórias escolares de um adulto que frequentou a escola no século passado. Mas estamos em Palo Alto. O coração do Vale do Silício. O Epicentro da economia da indústria digital. Habitat daqueles que pensam, produzem e vendem a tecnologia que transforma a sociedade do século XXI.

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Escolas {para os zumbis} de todo o mundo se esforçam para introduzir computadores, tablets, quadros interativos e outros prodígios tecnológicos para uso em seus programas de ensino. Mas aqui, no Waldorf of Peninsula, uma escola particular onde são educados os filhos de administradores e técnicos da Apple, Google, Cisco, Adobe Systems, Microsoft, Intel, Facebook e outros gigantes tecnológicos que rodeiam esta enorme área de antiga fazenda na Baía de São Francisco, as telas de computadores e acessos à mídia social só entram quando eles chegam ao ensino secundário (o ensino médio).

“Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado humano é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa {e são capazes de sentir} emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr esse risco?”, pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola.

Suas palavras ilustram o que está começando a ser um consenso entre as elites do Vale do Silício. Os adultos que melhor entendem a tecnologia dos celulares e dos aplicativos querem que seus filhos se afastem dela. Os benefícios das telas na educação infantil são limitados, argumentam, enquanto o risco de dependência é muito alto.

Os pioneiros tinham isso claro desde o início. Bill Gates, criador da Microsoft, limitou o tempo de tela de seus filhos. “Não temos telefones na mesa quando estamos comendo e só lhes demos celulares quando completaram 14 anos”, disse ele em 2017. “Em casa, limitamos o uso de tecnologia para nossos filhos”, explicou Steve Jobs, criador da Apple, em uma entrevista ao The New York Times em 2010, na qual disse que proibia os filhos de usarem o recém-criado iPad. “Na escala entre doces e crack, isso está mais próximo do crack”, declarou Chris Anderson, ex-diretor da revista Wired, bíblia da cultura digital, também ao The New York Times.

Laurent, que só deu um celular ao filho mais novo quando ele estava no último ano do ensino básico (14 ou 15 anos), alerta para uma mudança perigosíssima no modelo de negócios, do qual foi testemunha em sua vida profissional.

“Qualquer um que faz um aplicativo quer que seja fácil de usar”, explica. “É assim desde o começo. Mas antes queríamos que o usuário ficasse feliz em comprar o produto. Agora, com smartphones e tablets, o modelo de negócios é diferente: o produto é gratuito, mas são coletados dados e colocados anúncios. Portanto, o objetivo hoje é que o usuário passe mais tempo no aplicativo, a fim de coletarem mais dados ou colocarem mais anúncios. Ou seja, a razão de ser do aplicativo é que o usuário gaste o máximo de tempo possível diante da tela. Eles são projetados para isso.”

O problema da relação das crianças com a tecnologia é que o ritmo vertiginoso em que se transforma dificulta a reflexão e o estudo. Uma pesquisa da Common Sense Media, organização sem fins lucrativos, “dedicada a ajudar as crianças a se desenvolverem em um mundo de mídia e tecnologia”, dá uma ideia da velocidade das mudanças: as crianças norte-americanas de zero a oito anos passavam em 2017 uma média de 48 minutos por dia no celular, três vezes mais que em 2013 e 10 vezes mais que em 2011.

“Quando teve início todo esse furor pelos smartphones?”, se pergunta María Álvarez, vice-presidenta da organização. “Não tem mais que 12 ou 13 anos. E os primeiros tablets ainda menos. É preciso ainda muitas pesquisas para determinar qual é o impacto que essa exposição pode ter nas crianças pequenas. Mas há alguns estudos que começam a ver uma relação entre essa tecnologia e certos marcos na educação. Eles oferecem indicações que os pais precisam levar em conta.”

Um estudo publicado em janeiro deste ano na revista médica JAMA Pediatrics revelou que um tempo maior diante da tela aos dois e três anos está associado com atrasos das crianças em atingir marcos do desenvolvimento dois anos depois. Outros estudos relacionam o uso excessivo de telefones celulares por adolescentes com falta de sono, risco de depressão e até suicídios. A Academia de Pediatras dos Estados Unidos publicou algumas recomendações em 2016: evitar o uso de telas para crianças menores de 18 meses; apenas conteúdo de qualidade e visualizações na companhia de pais, para crianças entre 18 e 24 meses; uma hora por dia de conteúdo de qualidade para crianças entre dois e cinco anos de idade; e, a partir dos seis anos, limites coerentes no tempo de uso e conteúdo.

Acontece que definir limites não é fácil para os pais e mães que trabalham. E isso leva a uma redefinição do que significa a brecha digital. Até recentemente, a preocupação era que as crianças mais ricas levassem vantagem por acessar a Internet antes. Hoje, segundo a Common Sense Media, 98% dos domicílios com filhos nos EUA possuem celulares, ante 52% em 2011. Quando a tecnologia se generalizou, o problema é o contrário: as famílias com elevado poder aquisitivo têm mais facilidade para impedir que seus filhos passem o dia na frente de celulares. Enquanto os filhos das elites do Vale do Silício são criados entre lousas e brinquedos de madeira, os das classes baixa e média crescem colados em telas.

Adolescentes de famílias de baixa renda, de acordo com um estudo da Common Sense Media, gastam duas horas e 45 minutos por dia a mais nas telas do que aqueles de famílias de alta renda. Outros estudos indicam que crianças brancas são significativamente menos expostas a telas do que negras ou hispânicas. A lacuna é vista até mesmo dentro do Vale do Silício. Dirigindo 15 minutos para o norte, partindo do Waldorf of Peninsula, instituição cuja matrícula é de cerca de 30.000 dólares por ano (117.000 reais), chega-se à escola pública Hillview. A primeira só introduz as telas no secundário. A segunda anuncia um programa pelo qual cada aluno tem um iPad. Na primeira, o visitante é recebido por um espantalho rústico, colocado em uma horta que os alunos cultivam. Na segunda, por uma tela de LED que expõe os comunicados do dia.

Quantas famílias trabalhadoras podem se dar ao luxo de deixar seus filhos completamente longe das telas?”, pergunta Álvarez, da Common Sense Media. “Não acho que isso seja algo realista para a maioria das famílias. Tenho um filho de 12 e outro de 6. Não sei quantas vezes eles se jogaram no chão gritando como loucos se eu lhes tirava o tablet. Estive nessa posição como mãe e sei que não é fácil.”

Funcionários das grandes empresas de tecnologia se reuniram no ano passado em uma iniciativa chamada A Verdade Sobre a Tecnologia. Seu objetivo é convencer as empresas da necessidade de introduzir parâmetros éticos na concepção de ferramentas utilizadas diariamente por bilhões de pessoas, incluindo crianças. “A engenharia da computação foi por muito tempo algo muito técnico, não havia uma ideia clara do impacto que isso teria na vida das pessoas, e menos ainda nas crianças”, explica Pierre Laurent. “Não havia a consciência de que tínhamos que lidar com a ética. Algo que acontece, por exemplo, se você trabalha na indústria médica. Na tecnologia nunca houve um código ético claro.”

É uma luta desigual. Pais superatarefados contra equipes de engenheiros e psicólogos que projetam tecnologia para manter seus filhos viciados. Mas algo está começando a mudar. Os gigantes tecnológicos, cada vez mais questionados em suas políticas comerciais e de privacidade, começam a introduzir mudanças em seus produtos, exceções tímidas ao sacrossanto princípio de captar mais atenção.

No ano passado, dois grandes investidores da Apple, a Jana Partners e a CalSTRS (fundo de aposentadoria de professores da Califórnia), detentores em conjunto de cerca de $ 2 bilhões de dólares em ações (7,8 bilhões de reais), enviaram uma carta aberta aos chefes da empresa de Cupertino, pedindo que tomem mais medidas contra o vício das crianças nos celulares. “Analisamos as evidências e acreditamos que há uma clara necessidade da Apple de oferecer aos pais mais opções e ferramentas para ajudá-los a garantir que os jovens consumidores usem seus produtos da melhor forma”, escreveram eles.

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A Apple respondeu apresentando o Screen Time, uma nova ferramenta que ajuda a controlar e limitar o uso de dispositivos móveis. O Google incorporou uma ferramenta semelhante, a Digital Wellbeing. Para os críticos, são apenas remendos que não atacam o problema subjacente: a natureza viciante dos produtos. Até que isso seja abordado, os pais serão responsáveis por orientar seus filhos neste mundo de potencial incerto.

“Nós incentivamos os pais a serem mais proativos quando se trata de procurar conteúdo”, conclui Álvarez. “A chave é como aprendemos a equilibrar, a tirar proveito, a limitar o uso e a saber que, para sua saúde física e mental, é preciso haver momentos na família em que nada {tecnológico} disso seja usado. Temos uma campanha que convida as pessoas a comer e jantar sem celulares, sem um dispositivo constantemente interrompendo com notificações {inúteis}. Recomendamos também o uso compartilhado dos dispositivos e conversar com as crianças sobre o que elas veem. E é importante que sejamos um modelo {exemplo} para os nossos filhos. Se nós estamos olhando compulsivamente para o celular, justificando que é para o trabalho, que mensagem estamos passando para eles?”

 

Fonte: https://epocanegocios.globo.com/
           Business Insider
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