CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Holandês de 19 anos cria sistema que promete limpar metade do Oceano Pacífico

limpalixo12014 - Boyan Slat montou uma ‘vaquinha virtual’ para captar U$ 2 milhões para realizar a ação que deve durar 10 anos. Com apenas 19 anos, o holandês Boyan Slat encontrou uma possível solução para limpar metade do oceano Pacífico em 10 anos. O plano de Slat consiste em uma barreira flutuante que aproveita as correntes oceânicas fazendo uma espécie de trincheira que bloqueia o lixo encontrado nas águas. Slat pensou sobre a iniciativa quando foi mergulhar na Grécia e viu um volume de plástico no mar maior do que de peixes.

— Eu primeiro tomei conhecimento do problema da poluição quando mergulhei na Grécia, onde tinha mais sacos de plástico do que peixes. Infelizmente, o plástico não desaparece por si só. Daí eu me perguntei, por que não podemos limpar isso? Em um experimento com um protótipo, o sistema flutuante recolheu plásticos em até três metros de profundidade e coletou uma quantidade pequena de zooplânctons, que auxilia a reciclagem do plástico.

O conceito de Slat usa as correntes oceânicas naturais e ventos para transportar naturalmente os plástico para uma plataforma de coleta. Em vez de usar redes e embarcações para remover o plástico da água, barreiras flutuantes sólidas são usados para fazer o entrelaçamento.

Leia também - Maria-leque-do-sudeste

limpalixo2

limpalixo3

limpalixo4

limpalixo5

limpalixo6

limpalixo7

A iniciativa tem apoio de mais de 100 pesquisadores e ambientalistas, com a meta de remover 65 metros cúbicos de lixo por dia. Com um site que mostra todo o procedimento, Slat faz uma “vaquinha virtual” para colocar seu plano em ação. O valor de 2 milhões de dólares é alto mas, em apenas duas semanas, o jovem já conseguiu 34% do montante com doações que variam de cerca de cinco dólares até dez mil dólares. Ao colaborar, o doador sabe o quanto o valor dado significa em retirada de lixo do oceano.

 

Quem é Boyan Slat, jovem que pretende despoluir oceanos até 2040

 limpalixo8

Parece que negar a emergência climática é a nova moda entre alguns líderes mundiais. Nada de teorias mirabolantes associando a defesa do meio ambiente ao comunismo. Vamos aos fatos, o plástico – um dos responsáveis pelo descontrole climático – vai nos matar se nada for feito. Como já cantou Milton Nascimento, com reconhecido histórico de defesa do meio ambiente, a juventude é que nos faz ter fé. Além de Greta Thunberg, que encara políticos rabugentos que nada fazem para amenizar os danos provocados pelo consumo frenético incentivado pelo capitalismo, Boyan Slat impressiona pela resiliência.

Aos 25 anos, o estudante holandês demonstra determinação em proteger os oceanos. Sua trajetória não é estranha ao Hypeness, que citou diversas invenções de Boyan ao longo dos anos. Fundador e CEO da The Ocean Cleanup, ele acaba de lançar o The Interceptor. A invenção nasce para frear o derramamento de plástico nos oceanos. Sustentável, o equipamento em desenvolvimento desde 2015 opera com 100% de energia solar e possui dispositivo para funcionar sem a emissão de fumaça. A ideia é que o The Interceptor capture o plástico antes que ele chegue ao mar. O dispositivo pode extrair até 50 mil quilos de lixo por dia. A concentração nos rios foi sacramentada depois de pesquisas da The Ocean mostrando que os rios são responsáveis por cerca de 80% do despejo de plástico nos oceanos.

O The Interceptor lembra uma balsa e impressiona pelo tamanho. O projeto mal foi lançado e já está operando na Indonésia e Malásia.

Gente que faz

Boyan virou manchete de jornal aos 18 anos quando criou um sistema capaz de frear o fluxo de plástico nos oceanos. O Ocean Cleanup Array já conseguiu retirar mais de 7 toneladas do material dos mares. Tá bom pra você? “Por que a gente não limpa tudo isso?”, se questionou durante mergulho na Grécia. O jovem tinha 16 anos e ficou impressionado em ver pessoalmente a quantidade de lixo dividindo espaço com a vida marinha. Boyan, então, concentrou esforços no que chama de cinco pontos de acúmulo de lixo e convergência de correntes marítimas. Uma das zonas fica no Oceano Pacífico, precisamente entre o Havaí e a Califórnia, nos Estados Unidos. O lixo movimentado pelas correntezas resultou em acúmulo superior a 1 trilhão de pedaços de plástico na área.

Para frear o fluxo, o jovem desenvolveu um dispositivo de limpeza com capacidade para retirar 80 mil toneladas de plástico. Foram cinco anos para colocar o System 001 nas águas. O êxito da operação é crucial para a fabricação em grande escala de outros modelos para atuar como um filtro neste ponto do Pacífico pelos próximos cinco anos. Boyan quer eliminar 90% do plástico dos oceanos até 204o.

Leia também - Costela de dinossauro guarda restos de tecido mole mais antigo já encontrado

“Sempre estamos em busca de métodos para acelerar o processo de despoluição. Menos dinheiro, mais agilidade. A limpeza dos oceanos é um realidade. Assim como nossos parceiros, estou confiante no sucesso da missão”, disse Boyan em comunicado.

Tamanho do problema


O desafio aceito por Boyan Slat é gigantesco. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 80% de todo o lixo marinho é formado por plástico. Para piorar, até 2050, afirma o órgão, a quantidade de plástico vai superar a de peixes. Representantes do Greenpeace no Reino Unido destacam que todos os anos são despejados cerca de 12 milhões de toneladas de bugigangas nos oceanos. Não são apenas os seres humanos que estão em risco, os animais sofrem e muito com a presença de objetos estranhos em seu habitat. Garrafas e todo o cacareco que você possa imaginar impedem que os animais marinhos realizem mergulhos profundos e até mesmo de caçem com qualidade.

Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo baniram o uso de canudos plásticos em estabelecimentos comerciais. As medidas, no entanto, não chegam perto das invenções de Boyan. A maior metrópole brasileira ostenta níveis assustadores de poluição em suas águas. Saneamento básico e a ausência de políticas ambientais efetivas afeta não só os rios Tietê e Pinheiros, mas seus afluentes no interior do estado. Já o Rio de Janeiro convive com o incômodo descaso com a Lagoa Rodrigo de Freitas.

Não faz muito tempo, 13 toneladas de peixes mortos foram retirados do cartão-postal carioca.

“A princípio, você tem lançamento de esgoto, tem o canal do Jardim de Alah que está assoreado e não está havendo troca de água. E esse maçarico ligado. Eu já entrei aqui dentro da água e a água parece banho-maria. Não tem oxigênio para os peixes e o bicho está morrendo”, explicou ao G1 o biólogo Mario Moscatelli. O futuro está na mão da juventude. Os oceanos não podem contar com Brasil, quarto maior poluidor das águas salgadas ou Estados Unidos, que aparece entre os primeiros lugares da lista apresentada pela organização ambiental WWF, que compilou números do Banco Mundial.

 

 

Fonte: https://oglobo.globo.com
           https://www.hypeness.com.br/