CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Efeito ideomotor

efeimotor1Efeito ideomotor é a influência da sugestão sobre movimentos corporais involuntários e inconscientes. O fenômeno foi originalmente descrito pelo naturalista britânico William Benjamin Carpenter em 1852, em um artigo sobre radiestesia. Porém, o químico francês Michel Eugène Chevreul havia se deparado com a mesma ideia já em 1808. O experimento de Michel Eugène Chevreul - Em 1808, um químico chamado Gerboin de Estrasburgo escreveu um livro sobre a utilização de pêndulos para realizar análises químicas. O método consistia em manter um pequeno anel de metal, seguro por um cordão delgado sobre uma placa inscrita ...

com as letras do alfabeto. O anel supostamente se moveria em direção às letras da substância a ser examinada, da mesma forma em que hoje o tabuleiro Ouija responde as perguntas de participantes das sessões.

Chevreul se espantou com os resultados dos testes com o novo método, a princípio surpreendentes, mas manteve-se cético. Inicialmente, ele utilizou o pêndulo sobre uma placa de mercúrio e observou que o pêndulo continuava funcionando. Em uma segunda etapa, percebeu que quando o mercúrio era coberto por uma placa de vidro, o anel de metal diminuía seu movimento até parar. Finalmente, repetiu a primeira experiência com os olhos vendados, pedindo a um assistente para colocar e retirar a placa de vidro sem que ele soubesse. O resultado foi que o anel não se movia, não importando se havia ou não a placa de vidro.

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Como conclusão para o experimento, Michel escreveu: "Enquanto eu acreditava que o movimento era possível, ele aconteceu; mas depois de descobrir suas causas eu não conseguia mais reproduzi-lo". De acordo com ele, seus experimentos mostram como é fácil "ver ilusões como verdades, sempre que somos confrontados com fenômenos em que os sentidos humanos estão envolvidos em situações mal analisadas".

O experimento de Michael Faraday

O físico inglês Michael Faraday envolveu-se em um amplamente divulgado experimento envolvendo as mesas girantes em 1853. Neste fenômeno, pessoas se sentavam em torno de uma mesa redonda com as mãos sobre ela, e, depois de algum tempo, a mesa inclinava-se sobre uma de suas pernas, chegando a mover-se pela sala. Segundo os espíritas, os movimentos são causados por espíritos supostamente desencarnados.

Faraday convidou algumas pessoas que considerava sérias e que haviam participado anteriormente com sucesso de sessões espíritas com mesas girantes. Ele preparou a mesa cobrindo-a com uma pilha de folhas presas por um elástico. As folhas se moviam facilmente, de forma que ficava possível identificar a origem dos movimentos. Assim, Faraday isolou a origem do movimento: a mesa ou as mãos dos participantes. Segundo Faraday, se a mesa fosse a origem dos movimentos e se movesse da direita para a esquerda, as folhas formariam uma escada subindo da esquerda para a direita, já que a folha em contato com a mesa seria a primeira a se mover. As outras folhas, devido ao atrito com as inferiores, também se moveriam, mas seriam retardadas pelo atrito com as mãos dos participantes do experimento. Como o físico esperava, o que aconteceu foi o contrário: se a mesa se movia para a esquerda, as folhas formavam uma escada para a esquerda e vice-versa, denunciando que o movimento partia das mãos dos participantes.

O experimento de Ray Hyman

O professor de psicologia Ray Hyman, da Universidade de Oregon, realizou em 1992 um experimento com a finalidade de demonstrar como funciona o efeito ideomotor. Primeiramente, explicou a um grupo de alunos o funcionamento das varinhas de radiestesia em L. Então, andou pela sala, fazendo com que as varinhas se encontrassem em um lugar arbitrário. Depois, pediu para os alunos repetirem a experiência, dizendo que naquele local provavelmente se encontrava uma tubulação de água: quase todos sentiram uma força incomum que fazia com que as varinhas se cruzassem naquele mesmo local. Então, repetiu exatamente a mesma experiência para outro grupo, mas fazendo as varinhas se cruzarem em outro ponto arbitrário. O resultado foi que as varinhas dos alunos se cruzaram também no ponto em que eles acreditavam que elas se cruzariam.

Consequências

Céticos e cientistas utilizam as demonstrações do efeito ideomotor para explicar fenômenos como os Tabuleiros Ouija, as mesas girantes e vários fenômenos relacionados a radiestesia. O famoso debunker americano James Randi oferece um prêmio de um milhão de dólares a quem provar habilidades paranormais; no rol dos participantes, a grande maioria é de radiestesistas; os experimentos para provar as habilidades dos candidatos são baseados nas ideias dos cientistas que estudaram o efeito ideomotor. Porém, o efeito ideomotor se manifesta em ocasiões de rotina, como quando, durante uma partida de futebol, "chutamos a poltrona quando o atacante hesita diante do gol" ou quando "procuramos o pedal do freio a cada manobra arriscada do amigo que está no volante".

 

Treinamento ideomotor e aperfeiçoamento das reações

 

03/05/2008 - O treinamento ideomotor contribui para o aperfeiçoamento das percepções especializadas, permitindo ao atleta assimilar melhor as distintas variantes técnico-táticas de execução dos movimentos e o controle ótimo de trabalho do sistema muscular. Isso ocorre por meio da reprodução mental de imagens visuoauditivas, musculomotoras, visuomotoras e verbomotoras. A prática do treinamento ideomotor exige procedimentos metodológicos que devem estar presentes para o treinador e para o atleta. Em primeiro lugar, a reprodução mental dos movimentos deve ser feita em estrita correspondência com as características das técnicas das ações. Em segundo, é necessário centrar a atenção sobre a execução dos elementos das ações.

Os atletas de baixa qualificação devem prestar atenção com mais freqüência aos parâmetros gerais: postura e trajetórias básicas, ritmo dos movimentos e outros. Com o aumento do nível técnico-tático do atleta e, conseqüentemente, da precisão das percepções visuais, auditivas e musculomotoras, o treinamento ideomotor deve dirigir-se, em maior grau, ao aperfeiçoamento das percepções dos componentes mais finos das ações técnico-táticas, do ritmo do movimento, da coordenação entre diferentes grupos musculares entre outros. Uma parte importante da preparação psicológica cujo papel cresce junto com a habilidade esportiva é a regulação psíquica da coordenação intramuscular, ou seja, a formação de um regime de trabalho muscular que assegure tanto a atuação dos grupos musculares principais, os agonistas, como a dos antagonistas. A habilidade para sincronizar a tensão dos músculos ativos e relaxar ao máximo os antagonistas é um índice importante de habilidade esportiva, que garante a realização efetiva dos movimentos e aumenta a economia do trabalho.

A capacidade do atleta para centrar a atenção na atividade máxima de alguns grupos musculares, com um relaxamento máximo dos outros, exige um treinamento ideomotor especial. Por isso, deve-se ensinar primeiro ao atleta como relaxar a musculatura e como aperfeiçoar a capacidade para concentrar as tensões de alguns grupos musculares que asseguram a realização eficaz dos movimentos.

Aperfeiçoamento das reações

Durante a competição o atleta se depara com a necessidade de reagir a estímulos auditivos, visuais, táteis, proprioceptivos ou combinados. Em resposta a esses estímulos, são possíveis as reações propriamente ditas, ou seja, respostas imediatas ao sinal surgido, e as reações de antecipação, ou seja, as que supõem respectivas reações de extrapolação em determinadas relações temporais, espaciais ou espaços-temporais entre estímulos e respostas. As reações propriamente ditas e as reações de antecipação podem ser simples ou complexas. As simples se dividem em disjuntivas e diferenciais. São exemplos de reações disjuntivas as de um boxeador diante de uma ação de seu adversário que o obriga a atacar ou retroceder e as de um jogador de futebol que chuta ou passa a bola para um companheiro,ou seja, não se pode simultaneamente atacar ou retroceder. As reações de diferenciação são as mais complexas e exigem concentração para a sua realização rápida, a escolha da resposta mais adequada e, às vezes, o cessar de uma ação já iniciada ou a mudança para outro modo de atuação. Por exemplo: um esgrimista que começa o ataque deve saber contornar o contra-ataque do adversário e seguir com seu ataque e o jogador de basquete que começa uma ação e vê uma defesa difícil de superar muda de intenções e passa a bola para um companheiro que ocupa uma posição mais vantajosa.

Uma resposta conveniente e satisfatória dos atletas demonstra que as reações são antecipadas. Nesses casos, o atleta não reage diante da aparição de determinado estímulo, mas advinha (no espaço ou tempo) o momento ideal para iniciar sua ação, antecipando o movimento e o lugar da manobra do adversário ou do companheiro. A resposta de antecipação é uma das formas de prognóstico de probabilidades, uma qualidade importantíssima que assegura os resultados positivos da atividade do ser humano em interações esportivas complexas. São dois os tipos de antecipação:

1. Perceptiva: consiste em controlar os movimentos do objeto com o objetivo de apreendê-lo em um lugar determinado.
2. Receptora: consiste na extrapolação do momento de aparição do objeto, por meio da avaliação de um período de tempo.

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Durante a atividade competitiva o atleta reage antecipando as características espaciais e temporais de objetos em movimento que podem estar em seu campo de percepção ou extrapolando as características temporais e espaciais de suas ações com o ritmo de movimentos aprendidos anteriormente, sem nenhum controle da visão ou de outro tipo de receptor. Uma grande importância do treinamento da rapidez das reações é vista no método sensório-motor fundamentado na capacidade do ser humano para distinguir micro-intervalos de tempo. De acordo com esse método, o aperfeiçoamento da rapidez de reação se realiza em três etapas. Na primeira etapa o atleta trata de reagir contra um sinal irritante com máxima rapidez, sendo depois informado sobre o tempo utilizado. A comparação entre o tempo utilizado e suas sensações permite diferenciar a reação mais ou menos rápida.

Na segunda etapa o atleta efetua a prova e logo trata de determinar, ele mesmo, o tempo de sua reação; depois ele é informado sobre o tempo real. A comparação de sua própria avaliação e de suas sensações de tempo com os dados reais permite precisar as reações rápidas e lentas. Na última etapa o atleta deve realizar a prova mantendo um tempo determinado de reação. A comparação do tempo real de reação com o programa e com suas próprias sensações permite melhorar ainda mais a capacidade de reação. A rapidez e a eficácia de uma reação simples ou especialmente difícil são determinadas pelo volume da informação recebida. No entanto, deve-se levar em conta que existe um determinado nível ótimo de informação que pode ser tratada e realizada com eficácia, diminuindo o tempo dos movimentos. Além disso, as particularidades individuais dos atletas exercem grande influência sobre a eficácia da reação e sobre as ações motoras.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/
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