CURIOSIDADES

Há 25 anos, boneca que teria sido possuída pelo demônio causava comoção em Sorocaba

bonecademo109/11/20214 - Uma boneca possuída pelo diabo, com unhas e seios crescidos, estaria acorrentada no museu sacro da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte. O brinquedo teria atacado e ferido uma criança, enquanto dormia, na periferia de Sorocaba. A notícia se alastrou de forma rápida e uma multidão foi à igreja em 9 de novembro de 1989 para encontrar a tal autora da agressão. O monsenhor Mauro Vallini, então pároco da matriz, precisou fechar as portas do local para minimizar o tumulto e procurou a imprensa e a polícia para avisar que tudo aquilo não passava de um boato. Esse fato ocorreu há 25 anos e ainda é lembrado como uma das mais famosas lendas urbanas do município.A história era baseada em uma mãe sem dinheiro e cansada de ouvir a filha pedir ...

de presente a boneca da Xuxa. Na ocasião, a mulher teria dito que conseguiria adquirir o brinquedo somente com a ajuda do diabo. Inexplicavelmente, no dia seguinte, a mãe teria conseguido o dinheiro e comprado o sonho de consumo da filha. A criança dormiu com o brinquedo, acordou toda arranhada e as unhas de plástico da boneca teriam ficado manchadas de sangue. Existiu uma outra versão ainda mais assustadora. Nesse caso, a boneca havia matado a criança com as unhas. A sequência de fatos terminou quando a mãe resolveu levar a autora do suposto crime à Catedral. O objetivo era exorcizar o brinquedo.

Naquela época, o caso foi noticiado com destaque pelos jornais Cruzeiro do Sul, Diário de Sorocaba e O Estado de S. Paulo. O assunto mexeu com os moradores da cidade, principalmente com quem possuía a boneca. A assistente administrativa Ariane de Góes, 28 anos, ganhou um exemplar logo após o surgimento do boato e trancava o brinquedo dentro do guarda-roupa, sempre no período da noite. "Tinha medo", diz. "Passou um tempo e eu joguei fora porque ninguém a quis de presente", lembra. Já a publicitária Mary Ellen da Silva, 26 anos, ganhou a boneca da Xuxa em 1994 e não tem lembranças boas do brinquedo. "Eu não gostava dela e, quando ficava sozinha, nem mexia na boneca", lembra. O psicólogo Alexandre de Freitas disse que a ciência explica o motivo de as pessoas acreditarem em uma boneca capaz de ganhar vida e praticar tais atos de crueldade. "Muita gente crê no espiritual, no sobrenatural, principalmente para explicar o que não se compreende", comenta. Ele próprio foi até a Catedral, em 1989, para tentar ver o brinquedo. "As portas já estavam fechadas", completa.

O atual pároco da Catedral, Tadeu Rocha Moraes, disse que desconhecia o caso em Sorocaba - em 1989, o padre desempenhava a função na igreja de Santa Rita. Segundo ele, o fato não passa de um boato e não há nenhuma boneca guardada nas dependências da matriz. O boato não ficou restrito em terras sorocabanas. Em Minas Gerais, uma criança teria achado uma faca dentro da boneca da Xuxa. A garota, ao ouvir uma ordem do brinquedo, pegou a lâmina e matou a sua mãe. E vale uma ressalva: nenhum boletim de ocorrência sobre o caso foi feito em Sorocaba.

Influência do cinema

A lenda urbana criada em Sorocaba surgiu um ano depois do lançamento do filme Chucky. O longa-metragem conta a história de um matador em série à beira da morte, que utiliza conhecimentos de vodu e incorpora a sua alma em um boneco. Na sequência, um menino inocente ganha o mesmo boneco de presente de sua mãe e vê a vida virar uma aterrorizante perseguição, já que a alma do assassino quer o corpo do garoto para continuar a viver. Atualmente, o assunto também tem feito sucesso nas telas do cinema com o filme Annabelle. Na história, uma mulher grávida recebe de presente do marido uma rara boneca, mas membros de um culto satânico invadem a residência do casal e os atacam para invocar uma entidade do mal.

 

A REPORTAGEM ORIGINAL

 

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O demônio encarnado numa pequena e inofensiva boneca da Xuxa? Seria possível? Sorocaba não se via invadida por uma onda de boatos macabros tão forte desde os anos 70, quando a criançada que frequentava as escolas da cidade vivia amedrontada com a informação fictícia de que uma loira muito bonita, mas que tinha os olhos vermelhos e espelia sangue pela boca estava aparecendo misteriosamente nos banhieors. Primeiramente aquela informação nasceu na Escola Estadual Antonio Padilha, na rua Cesário Motta, mas depois foi gradativamente se estendendo a outras escolas de renome da cidade, sempre com as mesmas características: a loira que aparecia nos banheiros, amedrontando a todos.

O boato do demônio encarnado numa pequena e inofensiva boneca representando a apresentadora de programas infantis da televisão, a Xuxa, ja vinha movimentando a cidade desde o início da semana passada. Foi quando começaram a aparecer os primeiros telefonemas à secretaria da Paróquia da Catedral, ja que a mente fantasiosa de quem passou a propagar a informação folclórica acresentava qinda que a boneca possuída pelo demônio fora entregue pela mãe da criança por ela assassinada ao monsenhor Mauro Valini e este ordenara que a guardassem a sete chaves em dependências do Museu Diosesano de Arte Sacra, que funciona nas galerias da própria igrena da catedral. Ontem, contudo, com a divulgação do boato em forma de reportagem pelos noticiosos matutinos das emissoras de rádio locais, priciopalmente da Metropolitana, uma verdadeira peregrinação de curiosos, entre céticos e abismados, rumou a igreja da Catedral. Mais especificamente ao Museu de Arte Sacra, que por coincidência esta fechado a visitação pública neste mês por causa das férias anuais do funcionário cedido pela prefeitura para zelar por sua segurança.

Estória fantástica da Xuxa tem duas diferentes versões

Há, pelo que se pode apurar ontem a tarde junto as centenas de curiosos que acorreram a Catedral buscando inutilmente comprovar a veracidade da informação, duas versões quase semelhantes para a fantasiosa estória da boneca da Xuxa que teria, em meados de outubro, sido possuida pelo demonio e assassinado uma menina de seus dois anos de idade. As duas versões, entretanto, além da cidade da garota coincidem com o detalhe de que o macabro acontecimento teria ocorrido num dos bairros mais pobres da periferia de Sorocaba.

A primeira versão diz que a menina era acostumada a dormir com a boneca da Xuxa, até que na noite macabra, que garantem ter acontecido o fenomeno, o demonio se apoderou do brinquedo, e, fazendo a boneca crescer repentinamente e se transformar num pequeno monstrinho, sufocou a menina até matá-la, com suas unhas que creceram e se assemelhavam a garras de animais ferozes. Ja a outra versão é um pouco mais imaginativa. Conta que a menina assassinada pelo brinquedo no dia da criança, fascinada pelos chamamentos publicitários da televisão, insistia com a pobre mãe que queria a todo custo ganhar uma boneca da Xuxa, ao que a mulher teria berrado que só "se o diabo mandar o dinheiro".No dia seguinte, segundo a estória, apareceu na cada o dinheiro contadinho no valor da boneca. Assustada, a mãe correu a uma das lojas de brinquedo do centro da cidade e comprou o presente reclamado pela filha. Ao chegar em casa, a menina abriu o pacote e abraçou com todo carinho a boneca da Xuxa. Esta, porém, se transformou no demônio, assumindo feições horríveis e sufocando a menina com suas garras. O mais absurdo de toda a macabra estória que agitou a cidade ontem e era o assunto mais falado do dia em todas as rodas (principalmente nas imediações da igreja da catedral), contudo, é que ninguém sabia precisaqr de onde nasceu o boato e muito menos identificar a família ou, pelo menos o mbairro ou dar qualquer localização de onde teria acontecido o episódio.

Crianças confundem imagens sacras com Xuxa

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O pároco da Catedral, monsenho Mauro Vallini, mostrando-se bastante aborrecido com o ar supersticioso e de ignorância daqueles qeu acorriam a igreja da Catedral atrás dos boatos macabros surgidos não se saba de onde, evitava comentários sobre o assunto, limitando-se a desmentir a asneira. Pelols corredores da igreja, imediações da entrada de acesso ao Museu, e mesmo na praça Coronel Fernando Prestes, a troca de informações acerca do "acontecimento" corria solta e por vez com o surgimento de "fatos novos", dando veracidade ao ditado popular que diz que quem conta, aumenta um ponto. Surgiram até algumas garotas de idade entre 13 e 14 anos que garantiam e até juravem de pés juntos que outubro, antes de seu fechamento, visitaram com a Escola o Museu Diocessano de Arte Sacra e chegaram a ver ali exposta uma boneca da Xuxa toda desfigurada...mas não deram muita importância ao fato.

Na realidade, contudo, também essas meninas ou estão mentidno, para dar maior sensacionalismo ao macabro boato ou foram traídas pela falta de conhecimento artístico. Pois na realidade, o Museu Diocessano de Arte Sacra traz também em seu rico acervo algumas imagens raríssimas veneradas em igrejas da cidade no século passado que muito se assemelham a meras bonecas de pano, com uma valiosa imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, bem pequena e com um longo vetido azul, deitada num esquife dentro de uma redoma de vidro. Ou ainda uma estatueta do Menino Jesus de Praga, também nas mesmas condições.

Fonte: https://arquivocruzeiro.tumblr.com/
           https://www2.jornalcruzeiro.com.br/