Que tipo de ficção poderia competir com a nossa realidade hoje? Parece que a resposta já está entre nós. Um caso escandaloso, revelado pelo programa Brasil Urgente em 2021, ilustra bem o estado atual do nosso país. Imagine só: um curso de estelionato que termina em vingança, com envolvimento de milícia e a Polícia Civil precisando intervir. Parece filme? Sim, mas, infelizmente, é o Brasil de verdade. E como se diz por aí: seria cômico, se não fosse trágico.
Essa história revela muito sobre a alma da nossa sociedade, especialmente quando pensamos no que temos exigido de nossos políticos: fim da corrupção, transparência, honestidade... Mas, e na vida cotidiana? No fundo, muitos de nós convivemos de perto com pequenos (ou grandes) desvios éticos, seja diretamente ou conhecendo alguém que foi vítima de golpes financeiros.
Prédio em Copacabana
Seja honesto: você já ouviu falar de alguém que caiu num golpe digital, né? Afinal, clonagem de cartão, boletos falsos e ligações fraudulentas fingindo ser do banco já viraram quase rotina. De um lado, as autoridades se esforçam pra investigar essas quadrilhas, muitas vezes comandadas de dentro dos presídios. Do outro, os criminosos seguem sem vergonha alguma, esbanjando ousadia, como se o crime fosse só um detalhe a mais na rotina.
Os bancos, por sua vez, correm atrás do prejuízo, tentando aprimorar seus sistemas de segurança, enviar alertas de novos golpes e, ainda assim, acabam no Judiciário, enfrentando ações movidas pelas vítimas. É como enxugar gelo! E enquanto isso, do outro lado, os golpistas parecem se modernizar cada vez mais. Lembra do escândalo dos grupos no Telegram ensinando golpes? Pois é, agora o esquema é presencial. Isso mesmo, aulas cara a cara de estelionato, em plena Copacabana.
Imagina o cenário: estudantes viajando de diferentes estados do Brasil, se reunindo em um hotel no Rio de Janeiro para aprender a "arte" do crime. Teoria durante a semana e, depois, prática, com direito a cartilhas e tudo mais. Só que, na hora de dividir os frutos dos golpes, veio a reviravolta digna de uma trama de novela mexicana: os professores, que deveriam ensinar o caminho das pedras, resolveram aplicar o golpe final nas alunas e embolsar todo o dinheiro. Resultado? Indignação total!
As mandantes
E aí entra em cena um capítulo ainda mais surreal dessa história: as alunas, vindas da Bahia, resolveram buscar ajuda de quem? Da milícia! Pois é, como se fossem ao mercado, contrataram milicianos para sequestrar os professores e forçá-los a devolver o dinheiro roubado. A história culmina num apartamento em Copacabana – sim, num dos bairros mais ricos e cobiçados do Rio –, onde os "mestres" do crime foram torturados. Era o cúmulo da ironia: aqueles que ensinavam a enganar, agora imploravam por um pix de resgate.
Você já consegue ver a cena, né? Gritos, vizinhos preocupados, a polícia sendo chamada... E então, todo mundo vai preso. Professores, alunas, milicianos. Uma comédia de erros? Talvez. Mas, acima de tudo, uma tragédia social que expõe o quão longe a banalização do crime pode nos levar.
Essa história, mais do que surreal, nos faz pensar sobre o cenário em que vivemos. Estamos tão acostumados a ver coisas erradas, a ouvir notícias de crimes bizarros, que chegamos a ficar anestesiados. O absurdo se torna quase normal, e a indignação... bem, essa parece estar em falta. Enquanto a sociedade brasileira clama por ética na política, nos esquecemos que a corrupção não nasce em Brasília, ela é um reflexo de algo maior. Está entranhada em muitos cantos do cotidiano, seja nos pequenos atos, seja nas grandes transgressões.
Os "professores" e os bandidos
No fundo, esse caso é um retrato de algo muito maior. Mostra o quanto, como sociedade, ainda temos um longo caminho a percorrer. Não basta pedir políticos honestos, precisamos, como indivíduos, repensar nossos valores. Porque, no fim das contas, somos todos personagens dessa grande narrativa chamada Brasil. E que história ela tem sido, hein? Mais inacreditável que qualquer roteiro de cinema.