QUALIDADE DE VIDA

Frutose: o veneno apócrifo!

frutose_-__frutas_podem_ser_um_problemaO açúcar é a única fonte de calorias que está correlacionada com o aumento da diabetes. Em 1985, quando o consumo mundial de açúcar foi de 98 milhões de toneladas, a diabetes afetou 30 milhões de pessoas. Em 2010, o consumo de açúcar subiu para 160 milhões de toneladas e a prevalência global de diabetes atingiu 346 milhões de pessoas. Em termos gerais, o açúcar é 50 vezes mais potente do que as calorias, em termos da diabetes que vem a causar. Mas, donde vem esse efeito tão extraordinariamente poderoso? A resposta reside em sua estrutura original. Como já mencionado, ele é metabolizado tanto como gordura como um hidrato de carbono e a razão para isto é porque ...

contém tanto a glicose como a frutose. Esses dois açúcares não são intercambiáveis ??e seu corpo processa cada um de forma diferente. A sacarose (açúcar de mesa) é de 50% de glicose e 50% de frutose. No xarope de milho com alta taxa de frutose (HFCS) pode ter até 55% de frutose, dependendo do tipo que for usado. A glicose é a forma de energia para qual o seu corpo foi projetado poder utilizar. Cada célula do seu corpo usa a glicose para a energia e é metabolizado em cada órgão em seu corpo, sendo que cerca de 20% da glicose é metabolizada no fígado. Por outro lado a frutose pode apenas ser metabolizada no fígado, porque o fígado é o único organismo com o transporte bioquímico para ela.

Uma vez que toda a frutose é armazenada em seu fígado, e, se você normalmente se alimenta ao estilo ocidental vai ingerir grandes quantidades de frutose e isso acaba danificando o fígado da mesma forma que isso é induzido pelo álcool e outras toxinas. Na verdade, a frutose é virtualmente idêntica ao álcool em relação ao dano metabólico que dá origem.

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Segundo o Dr. Lustig, a frutose é uma “toxina hepática crônica dose-dependente.” E, como o álcool, a frutose é metabolizada em gordura, e não diretamente como energia celular, tal como a glicose. Assim, ao ingerir frutose, se armazena gordura nas células de gordura, o que provoca mal funcionamento mitocondrial.

Mesmo as fruta ricas em lipídios, como o abacate ou o côco têm esse efeito porque o seu corpo trata-os ou como gordura ou como carboidrato, mas não como ambos ao mesmo tempo. O açúcar é o único alimento que funciona simultaneamente como gordura e carboidrato, ao mesmo tempo e é esta combinação de gordura e hidratos de carbono que provoca os distúrbios metabólicos e, consequentemente, a doença. Então, por favor, não se engane: no caso do açúcar, a declaração que se ouve na TV que diz que “o açúcar é açúcar”, independentemente do tipo, é um erro que pode literalmente matá-lo lentamente.


Bioquímica dos Carboidratos

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Para melhor explicar as diferenças entre glicose e frutose, bem como as semelhanças entre frutose e etanol (álcool), vamos rever a forma como cada um é metabolizado em seu corpo.

Metabolismo da glicose: A glicose é um produto da fotossíntese e é encontrado em arroz, milho e outros grãos. Depois de obter glicose a partir de alimentos, 80% é utilizada por todos os órgãos do corpo, e 20 por cento vai para o fígado para ser metabolizado e armazenado. A descrição a seguir é o que acontece com esses 20 por cento, após ter atingido o fígado (o que é normal e mostra o modo como o corpo foi projetado para operar):

• A glicose que o seu organismo não precisa imediatamente é convertida em glicogênio para ser armazenado é o seu fígado. O glicogênio é facilmente convertido em energia quando necessário. O fígado não tem limite de armazenamento de glicogênio, o que não causa efeitos prejudiciais.

• uma pequena quantidade de piruvato é produzida, o que eventualmente se converte ATP (a forma química de armazenamento de energia) e dióxido de carbono.

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• O pâncreas libera insulina em resposta à glucose no sangue aumentada (açúcar no sangue, por exemplo), o que ajuda a glicose a entrar nas células. Sem insulina, as células seriam incapazes de processar a glicose e, portanto, não teriam energia para as funções de movimento, crescimento, reparação e outras. A insulina é a chave que abre a porta de célula para permitir que a glicose seja transferida a partir da corrente sanguínea para dentro da célula.

• Quando você come 120 calorias de glicose, menos de uma caloria contribui para resultados metabólicos adversos.

Metabolismo da Frutose: A totalidade (100%) da frutose consumida vai diretamente para o fígado. O metabolismo da frutose cria um grande número de efeitos adversos, incluindo:

• a frutose é imediatamente convertida em frutose-1-fosfato (F1F), reduzindo o fosfato das células do fígado. Este processo produz produtos residuais na forma de ácido úrico. O ácido úrico bloqueia uma enzima que produz o óxido nítrico, que é um regulador natural da pressão arterial. Portanto, a pressão do sangue se eleva o que provoca hipertensão arterial. Os níveis elevados de ácido úrico pode também causar a gota.

• Quase toda a F1F é convertida em piruvato terminando como citratos, o que resulta em lipogêneses de novo, os produtos finais são os ácidos graxos livres (AGL), e as lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL são as partículas LDLs pequenas e densas, que são coladas sob as células epiteliais e estimulam a formação da placa de ateroma [o LDL é conhecido popularmente como colesterol ruim, NT]) e os triglicerídeos. O resultado final é hiperlipidemia (aumento de gordura no sangue).

• A frutose estimula o g-3-p (gliceraldeido-3-fosfato) (o glicerol ativado), a molécula que é crucial para criar triglicérides nas células adiposas. Quanto mais g-3-p disponível, tanto mais gordura é depositada.

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• Os ácidos graxos livres (AGLs) são exportados a partir do fígado sendo absorvidos pelo músculo esquelético, causando a resistência à insulina. Alguns ácidos graxos livres também permanecem no fígado, levando à acumulação de gordura, a resistência à insulina e a doença de fígado gordo não alcoólico (NAFLD) (esteatose).

• A resistência à insulina afeta o pâncreas, que produz mais insulina em resposta ao aumento de açúcar no sangue, porque as suas células ficam incapazes de assimilar o açúcar do seu sangue e isso pode causar a diabetes tipo II.

• Quando você come 120 calorias em frutose, cerca de 40 calorias contribuem para os problemas metabólicos.

Metabolismo do etanol (álcool etílico): Depois de consumir uma bebida alcoólica, 10% de etanol são metabolizados pelo estômago e pelo intestino como um “efeito de primeira passagem” e outros 10% são metabolizados pelo cérebro e outros órgãos. O fato de que o etanol é parcialmente metabolizado pelo cérebro é a razão pela qual nós experimentamos seus efeitos tão familiares (algum grau de embriaguez). Os restantes 80% vão para o fígado, causando seguinte cascata metabólica:

• O fígado converte etanol em aldeídos, que produz os radicais livres que danificam as proteínas no fígado. Um excesso de citratos é formado no processo, o que estimula o aumento dos níveis de AGLs, VLDL, e triglicerídeos.

• Os lípidos resultantes, juntamente com o etanol, criam uma cascata inflamatória, produzindo uma resistência hepática à insulina, inflamação do fígado e cirrose. O acúmulo de gordura no fígado também pode causar doença do fígado gorduroso (esteatose).

• Os AGLs fazem os músculos esqueléticos se tornarem resistentes à insulina. Esta é uma forma pior de resistência à insulina, pior do que a resistência hepática à insulina e pode resultar em diabetes tipo II.

• Quando você come 120 calorias do etanol, cerca de 40 calorias contribui para efeitos metabólicos adversos, a mesma proporção da frutose.


Toxinas hepáticas podem causar doenças idênticas



Como você pode ver, em quase todos os sentidos, a frutose é metabolizada da mesma forma que o etanol, criando os mesmos efeitos tóxicos em seu corpo.

No entanto, embora Lustig utilize o termo “toxina hepática” para descrever a frutose, ele também cuidadosamente observa que não é a frutose em si que é tóxica. Há momentos em que seu corpo pode utilizá-la. O problema é que as pessoas consomem TANTA frutose que ela se torna tóxica devido ao fato de que o corpo não pode utilizá-la na totalidade. Ela apenas permanece nas células sendo armazenada como gordura. Assim é a exposição a doses maciças que a torna tão perigosa.

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Se você quiser reverter o excesso de peso ou manter um peso saudável a longo prazo e diminuir (e em muitos casos praticamente eliminar) o risco de diabetes, de doenças cardíacas e do câncer, comece a por em prática uma restrição no consumo de frutose para não mais do que 25 gramas por dia. Se você já estiver com sobrepeso ou com algumas daquelas doenças, ou estiver com grande risco desses males, então provavelmente o melhor será reduzir o consumo para algo em torno de 10 a 15 gramas por dia.

Mais abaixo está uma tabela com os níveis de frutose em várias frutas para se ter uma ideia daquilo que equivale 25 gramas por dia. Deve-se ter em mente que as frutas representam apenas uma fonte, porque a frutose é o principal ingrediente da grande maioria das bebidas açucaradas e dos alimentos processados, desde as refeições pré-prontas até os temperos envasados.

Até pouco tempo atrás a maioria não concordavam com essa posição de limitar o consumo de frutas, o autor não vê nenhum problema com isso, mas se estiveres convencido, por qualquer motivo, de que você pode comer todas as frutas que você quiser então é recomendável checar os níveis de ácido úrico. O ácido úrico elevado, em particular, é um marcador de toxicidade da frutose, por isso, se os seus níveis estiverem acima:

• 4,0 mg/dL no caso dos homens

• 3,5 mg/dl no caso das mulheres

(não considere os valores de referência que vêm no seu exame de laboratório com a dosagem de Ácido Úrico, pois estes chegam até 7,2, condição na qual já há preocupante comprometimento do metabolismo)

Então você deve evitar todas as formas de consumo de frutose até que suas taxas sejam normalizadas, assim como com os níveis de insulina (quanto menor: melhor). A seguir é fornecida uma referência rápida para algumas das frutas mais comuns que você pode usar para ajudar a contar as gramas de frutose:

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O que você pode usar para adoçar seus alimentos, se não quer comer açúcar?
(Dica: NÃO aos adoçantes artificiais)

É importante perceber que quando falamos de “açúcar”, queremos dizer TODOS os tipos de açúcares. Então, quando avaliar sua ingestão de açúcar não olhe apenas para as colheres de açúcar que você coloca na sua comida e em suas bebidas. Você também deve incluir todos os tipos de adoçantes como o xarope de milho, frutose, mel e o agave.

Mas por favor, não é para recorrer ao uso de adoçantes artificiais para adoçar seus alimentos após reduzir o consumo de açúcar. O autor entende que os adoçantes artificiais podem ser ainda piores que o açúcar e a frutose, e há evidência científica apoia esta afirmação. Uma longa lista de estudos científicos discutem os efeitos sobre a saúde do aspartame e que realmente dá causa a muitos problemas, desde mudanças emocionais, a danos cerebrais, ganho de peso, a nascimentos prematuros e ao câncer.

A Sucralose (Splenda®) é outro adoçante artificial que foi apresentado como uma versão “melhorada” e uma forma inteligente e saudável para adoçar seus alimentos, mas, por favor não é para se enganar. A Sucralose, sem dúvida, vai levar a sua saúde na direção errada e que não isso tem nada inteligente.

O consumo de adoçantes artificiais podem causar distorções na sua bioquímica, e se você beber refrigerante diet ou light, a fim de perder peso, isso não vai ajudar. Pelo contrário, a maioria dos estudos mostra que os refrigerantes diet ou light realmente aumentam o risco de obesidade, estimulando o apetite, aumentando o desejo por carboidratos e incentivando o armazenamento de gordura.

Então, por favor, faça sua lição de casa e não se deixe enganar por nutricionistas, médicos ou qualquer outro profissional de saúde que diz que os adoçantes artificiais são seguros. Simplesmente, há muitas evidências em contrário. Então, o que pode ser usado como um adoçante ocasional? O autor recomenda usar:

1.           Hierba Stevia (os melhores são as formas líquidas que vêm em sabores como baunilha francesa ou caramelo inglês)

2.           Dextrose (glicose pura) (a glicose pode ser usada diretamente por cada célula do seu corpo e, portanto, é muito mais seguro do que a frutose)

E lembre-se que trocas para o açúcar de cana, mel, açúcar de tâmaras, açúcar de coco, xarope de arroz integral, os suco de frutas, o melaço, o xarope de bordo (marple), açúcar mascavo, sorgo, xarope de agave, ou açúcar cristal não vão melhorar em nada qualquer um dos riscos do consumo de açúcar, já que todos esses produtos contêm quantidades elevadas de frutose.


A moda do “Baixo teor de gordura” é um caminho para as Doenças Metabólicas

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Se você tem o hábito da leitura de rótulos, então você já percebeu que é muito difícil encontrar algum tipo de alimento processado que não contenha açúcar ou xarope de milho (incluindo o com alta taxa de frutose). Uma dieta baixa em gordura tende a ser pior. A razão é que quando a gordura é removida quase todo o sabor se foi, assim é adicionado açúcar para compensar.

Em resumo, a maioria dos alimentos processados ??é tóxica para o seu metabolismo e pode causar dano mitocondrial e enfermidade. Considerando o fato de que muitas pessoas comem praticamente apenas alimentos processados, não existe qualquer surpresa de que esteja ocorrendo uma epidemia de obesidade.

A resposta, obviamente, é voltar à alimentação mais natural, ou seja, uma dieta rica em alimentos orgânicos e integrais, sem adição de açúcares ou outros produtos químicos. Idealmente, se possível que se coma mais alimentos crus, uma vez que o cozimento vai destruir quase todos os nutrientes mais valiosos.

(O autor sugere que para se manter uma boa saúde a maior parte das refeições seja realizada em casa, com o menor percentual possível de alimentos processados)

Baseado em: “The Skinny on Obesity,” Dr. Robert Lustig, Professor of Pediatrics in the Division of Endocrinology, and Elissa Epel with the Center for Obesity Assessment, Study and Treatment at the University of California, continue the discussion about the impact of sugar on disease rates around the world”.

Tradução de José Carlos Brasil Peixoto, médico – Site Uma Outra Visão

Link original: http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2012/05/07/the-sweetener-that-is-more-dangerous-than-alcohol.aspx