QUALIDADE DE VIDA

Alimentos Trângenicos-Parte1

trangenicos3Transgênicos são organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contêm materiais genéticos de outros organismos. A geração de transgênicos visa organismos com características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi desenvolvida a técnica do DNA recombinante. A manipulação genética ...

recombina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais.


Aplicações


A aplicação mais imediata dos organismos transgênicos (e dos organismos geneticamente modificados em geral) é a sua utilização em investigação científica. A expressão de um determinado gene de um organismo num outro pode facilitar a compreensão da função desse mesmo gene.

No caso das plantas, por exemplo, espécies com um reduzido ciclo de vida podem ser utilizadas como "hospedeiras" para a inserção de um gene de uma planta com um ciclo de vida mais longo. Estas plantas transgênicas poderão depois ser utilizadas para estudar a função do gene de interesse mas num espaço de tempo muito mais curto. Este tipo de abordagem é também usado no caso de animais, sendo a mosca da fruta um dos principais organismos modelos.

Em outros casos, a utilização de transgênicos é uma abordagem para a produção de determinados compostos de interesse comercial, medicinal ou agronómico, por exemplo. O primeiro caso público foi a utilização da bactéria E. coli, que foi modificada de modo a produzir insulina humana em finais da década de 1970[1]. Um exemplo recente, já em 2007, foi o facto de uma equipe de cientistas conseguir desenvolver mosquitos bobucha resistentes ao parasita da malária, através da inserção de um gene que previne a infecção destes insectos pelo parasita portador da doença.

 

 


Alimentos trangenicos


São alimentos cujo embrião foi modificado em laboratório, pela inserção de pelo menos um gene de outra espécie. Alguns dos motivos de modificação desses alimentos são para que as plantas possam resistir às pragas (insetos, fungos, vírus, bactérias,...) e a herbicidas. O mau uso de pesticidas pode causar riscos ambientais, tais como o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas e a poluição dos terrenos e lençóis de água. Porém, deve-se ressaltar que o uso de herbicidas, inseticidas e outros agrotóxicos diminui imensamente com o uso dos transgênicos, já que eles tornam possível o uso de produtos químicos corretos para o problema. Uma lavoura convencional de soja pode utilizar até 5 aplicações de herbicida, enquanto que uma lavoura transgênica Roundup Ready (resistência ao herbicida glifosato) utiliza apenas 1 aplicação.


Prevalência de culturas geneticamente modificadas


É estimado que a área de cultivo deste tipo de variedades esteja com uma taxa de crescimento de 13% ao ano. A área total plantada é já superior a 100 milhões de hectares, sendo os principais produtores os Estados Unidos, o Canadá, o Brasil, a Argentina, a China e a Índia. Vários países europeus, entre os quais Portugal, a maioria dos países Sul Americanos, vários países africanos e asiáticos e a Austrália têm cultivado também milhões de hectares de culturas transgênicas. As culturas prevalentes são as de milho, soja e algodão, baseadas principalmente na tecnologia Bt.


Polêmica


Atualmente existe um debate bastante intenso relacionado à inserção de alimentos geneticamente modificados (AGM) no mercado. Alguns mercados mundiais, como o Japão, rejeitam fortemente a entrada de alimentos com estas características, enquanto que outros, como o Norte e Sul-Americanos e o Asiático têm aceito estas variedades agronómicas.

Desde 2004, após seis anos de proibição, a União Européia autorizou a importação de produtos transgênicos. No dia 2 de março de 2010, a União Européia aprovou o plantio de batata e milho transgênicos no continente, após solicitações dos Estados Unidos. A batata transgênica será destinada para a fabricação de papel, adesivos e têxteis. O milho atenderá a indústria alimentícia. Cada país da União Europeia poderá ser responsável pelo cultivo transgênico em suas fronteiras em votação marcada para o meio do ano


Polinização cruzada


Uma das preocupações manifestadas em relação à utilização de plantas transgénicas prende-se com a possível polinização cruzada entre estas espécies com as existentes na natureza ou com culturas não modificadas. Vários estudos têm demonstrado que a existência de polinização cruzada é real, mas que diminui drasticamente com a distância à cultura transgénica. Abud et al. (2007) [4], num estudo realizado no Brasil, demonstraram que após 10 metros de distanciamento entre plantas de soja transgénica e soja convencional, a polinização cruzada é negligenciável. No caso do milho, Ma et al. (2004) [5] referem que essa distância é de aproximadamente 30 metros. Tais dados levam a que, para a plantação de uma cultura transgénica, tenha que ser respeitada uma determinada distância de segurança em relação às culturas vizinhas. Os investigadores defendem que esta distância deve ser avaliada caso a caso devido às diferenças no tamanho, peso e meio de transporte dos diferentes grãos de pólen.

Uma outra controvérsia relacionada com a polinização cruzada foi a utilização da chamada tecnologia Terminator (em português Exterminador). Esta tecnologia baseia-se na adição, à planta em causa, de um gene que não permite a produção de pólen viável. A utilização desta ferramenta permitiria então a não propagação do pólen transgénico, evitando quaisquer cruzamentos com outras plantas. Esta acção das empresas de produção de transgénicos foi largamente condenada por ser vista como uma tentativa de evitar que os agricultores pudessem propagar as plantas por mais que um ano, obrigando-os a comprar novas sementes todas as temporadas.


Impacto na saúde humana/animal


Várias informações contraditórias têm sido lançadas de diversos setores quanto aos potenciais danos que os organismos transgénicos possam provocar nos seus consumidores.

Em 1998, o investigador Árpád Pusztai e a sua equipe lançaram o pânico na Europa, ao afirmar que tinham obtido resultados que demonstravam o efeito nefasto de batata transgénica, quando presente na alimentação de ratos. Quando estes resultados foram publicados verificou-se que o referido efeito tinha sido devido ao transgene inserido nessas batatas ser de uma lectina, que por si só tem um efeito tóxico no desenvolvimento dos mamíferos [7]. Estes investigadores sofreram pesadas críticas da classe política e da comunidade científica em geral. No entanto, ainda há alguma controvérsia quanto à interpretação dos resultados destes autores, opondo organizações não governamentais a alguns cientistas.

Outro caso de um estudo acerca do potencial efeito de transgénicos na saúde pública foi o de Séralini et al. (2007). Estes investigadores reavaliaram estatisticamente dados publicados anteriormente pela multinacional Monsanto, e declararam que a alimentação de ratos com milho transgénico MON863 provocou toxicidade hepática e renal, bem como alterações no crescimento. A European Food Safety Authority (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) aprovou o MON863 para consumo humano na União Europeia[9], baseando-se nas conclusões dos estudos entregues pela Monsanto. A Autoridade concluiu que as diferenças encontradas no estudo de Séralini não eram biologicamente relevantes e que os métodos estatísticos utilizados neste estudo eram incorrectos, pelo que não procedeu à reavaliação da aprovação. No entanto, até à data nenhum estudo científico foi publicado que tenha colocado em causa o estudo da equipa de Seraliny.

Esta discussão acentuou a polêmica sobre quem deve ser responsável pela avaliação do impacto deste tipo de produtos. O facto de algumas avaliações serem feitas pelas próprias empresas que os produzem tem levantado grande indignação por parte de organizações ambientalistas. O Painel OGM responsável pela avaliação dos transgénicos da European Food Safety Authority foi também criticado por vários Estados-Membros, casos da Itália e a Áustria, que acusam este painel de cientistas de parcialidade.


Alergenicidade


Algumas das críticas que os transgénicos têm recebido têm a ver com a potencial reação alérgica dos animais/humanos a estes alimentos. O caso mais conhecido foi a utilização de um gene de uma noz brasileira com vista ao melhoramento nutricional da soja para alimentação animal. A noz em causa era já conhecida como causadora de alergia em determinados indivíduos. O gene utilizado para modificação da soja tinha como função aumentar os níveis de metionina, um aminoácido essencial. Estudos realizados verificaram que a capacidade alergênica da noz tinha sido transmitida à soja [12], o que levou a que a empresa responsável terminasse o desenvolvimento desta variedade.

Mais recentemente, investigadores portugueses do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, e do Instituto Superior de Agronomia, entre outros, testaram a resposta alérgica de diversos pacientes à alimentação com milho e soja transgênica. Este estudo não detectou qualquer diferença na reação às plantas transgénicas, quando comparada com as plantas originais.


Fatores Socioeconómicos


Grande parte das polêmicas originadas com a questão dos transgênicos está diretamente relacionada a seu efeito na economia mundial. Países atualmente bem estabelecidos economicamente e que tiveram sua economia baseada nos avanços da chamada genética clássica são contra as inovações tecnológicas dos transgênicos. A Europa, por exemplo, possui uma agricultura familiar baseada em cultivares desenvolvidos durante séculos e que não tem condições de competir com países que além de possuir grandes extensões de terra, poderiam agora cultivar os transgênicos. Para além disso, localizam-se em espaço europeu muitas das empresas produtoras de herbicidas/pesticidas, que são naturalmente peças importantes na aceitação ou não de variedades agrícolas que possam comprometer os seus negócios.

É também utilizado o argumento de que o cultivo de transgênicos poderia reduzir o problema da fome, visto que aumentaria a produtividade de variadas culturas, nomeadamente cereais. Porém, muitos estudos, inclusive o do ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, revelam que o problema da fome no mundo hoje não é ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à injusta distribuição de alimentos em função da baixa renda das populações pobres. Dessa forma questiona-se a alegação de que a biotecnologia poderia provocar uma redução no problema da fome no mundo.


Utilização de compostos químicos


Argumentos a favor dos transgênicos incluem a redução do uso de compostos como herbicidas, pesticidas, fungicidas e certos adubos, cuja acumulação pode causar sérios danos aos ecossistemas a eles expostos. As organizações ambientalistas questionam se os benefícios da utilização destas plantas poderia compensar os possíveis potenciais malefícios por elas causados, como foi atrás referido.

Um exemplo interessante são as culturas baseadas na tecnologia Bt, resultante de um melhoramento por transgenia (incorporando genes da bactéria Bacillus thuringiensis) que confere à planta uma proteção natural a larvas de certos insetos, tornando praticamente desnecessário o controle destes por meio de pesticidas normalmente neurotóxicos, de alta agressividade ambiental, que em culturas não transgênicas são utilizados em larga escala. Tem sido posta em causa recentemente se esta tecnologia afetaria também insetos não-alvo, como abelhas e borboletas. No entanto, têm sido publicados alguns artigos científicos demonstrando que os insetos não-alvo são mais abundantes nos campos de plantas transgênicas do que nos campos convencionais sujeitos a pesticidas.

Mas recentemente, um estudo de uma equipe de investigadores da Universidade de Indiana descobriu que o pólen e outras partes da planta de milho transgênico Bt são lixiviadas para os cursos de água perto de campos de milho até distâncias de 2 km, apresentando efeitos de toxicidade na mosca-da-água, que é um alimento importante para organismos superiores dos ecossistemas aquáticos, tais como os peixes e anfíbios.


Entendendo melhor


O que é? - Alimentos geneticamente modificados: são alimentos criados em laboratórios com a utilização de genes (parte do código genético) de espécies diferentes de animais, vegetais ou micróbios. Organismos geneticamente modificados: são os organismos que sofreram alteração no seu código genético por métodos ou meios que não ocorrem naturalmente.

Engenharia Genética: ciência responsável pela manipulação das informações contidas no código genético, que comanda todas as funções da célula. Esse código é retirado da célula viva e manipulado fora dela, modificando assim sua estrutura (modificações genéticas).

Com o aprimoramento e desenvolvimento das técnicas de obtenção de organismos geneticamente modificados e o aumento da sua utilização, surgiram então, dois novos termos para o nosso vocabulário: biotecnologia e biossegurança.

Biotecnologia é o processo tecnológico que permite a utilização de material biológico para fins industriais.  A biossegurança é a ciência responsável por controlar e minimizar os riscos da utilização de diferentes tecnologias em laboratórios ou quando aplicadas ao meio ambiente.


Pontos positivos dos alimentos transgênicos


Aumento da produção de alimentos;


Melhoria do conteúdo nutricional, desenvolvimento de nutricênicos (alimentos que teriam fins terapêuticos);


Maior resistência e durabilidade na estocagem e armazenamento


Pontos negativos dos alimentos transgênicos


Aumento das reações alérgicas;


As plantas que não sofreram modificação genética podem ser eliminadas pelo processo de seleção natural, pois, as transgênicas possuem maior resistência às pragas e pesticidas;


Aumento da resistência aos pesticidas e gerando maior consumo desse tipo de produto;


Apesar de eliminar pragas prejudiciais à plantação, o cultivo de plantas transgênicas pode, também, matar populações benéficas como abelhas, minhocas e outros animais e espécies de plantas.

Pesquisadores e cientistas do mundo inteiro, estão desenvolvendo pesquisas sobre quais são as reais conseqüências da utilização de alimentos geneticamente modificados no organismo humano e no meio-ambiente. Consumidores de países onde já ocorre a comercialização de alimentos transgênicos exigem a sua rotulagem, assim como está sendo feito com os orgânicos, para que possam ser distinguidos na hora da escolha do alimento.


Rotulagem dos alimentos transgênicos


Um outro tema abordado quando se discute os alimentos transgênicos é o da rotulagem dos produtos. Todo o cidadão tem o direito de saber o que irá consumir. Por isto, a descrição da composição do alimento e o gene que foi inserido no produto devem ser informados. Além dos rótulos dos produtos nacionais é necessário que sejam analisados os produtos importados produzidos através da biotecnologia.

No meio de todas as discussões, uma coisa é certa entre cientistas, representantes do governo e de defesa do consumidor: é preciso investir em pesquisa e aprimorar os estudos.


Alimentos Transgênicos e Agrotóxicos


O uso de agrotóxicos e fertilizantes já é a segunda causa de contaminação da água no Brasil. Só perde para o despejo de esgoto doméstico.
O Brasil consumiu em 2005, 365,5 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 4 bilhões de dólares, segundo dados do SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola).

Ao comprar uma maçã, por exemplo, é impossível detectar o banho de dezenas de pesticidas que ela recebeu.

A intensa utilização de produtos químicos na produção de alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas.

Os agrotóxicos podem promover a intoxicação progressiva dos consumidores e afetar a saúde de trabalhadores do campo que muitas vezes não estão preparados para lidar com esses agentes tóxicos.

Em caso de dúvidas, a população pode entrar em contato com o Disque-Intoxicação da Anvisa. O telefone é 0800-722-6001.

Os transgênicos são organismos geneticamente modificados em laboratório que tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo (vegetal ou animal), inseridos em seu código genético visando a obtenção de características específicas. Por exemplo : uma semente é modificada para ter tolerância (resistência) a um herbicida. Então a empresa de biotecnologia vende a semente patenteada (cobra royalties do agricultor) e vende o agrotóxico também.

Acredita-se que os transgênicos podem causar alergias alimentares e diminuir ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, entre outras consequências desconhecidas para a saúde humana a longo prazo.

A resistência a agrotóxicos pode levar ao aumento das doses de pesticidas aplicadas nas plantações.

O Green Peace se opõe ao uso de transgênicos na alimentação humana e animal. Para a ONG, os resultados são imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários. O Green Peace mantém em seu site um Guia do Consumidor para consulta de produtos.

Segundo o Princípio da Precaução, quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio-ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente. Afinal, é melhor prevenir do que remediar.

Os principais transgênicos plantados no mundo são : soja (61%), milho (23%), algodão (11%) e canola (5%).

A maioria dos europeus rejeita os produtos transgênicos (pesquisa Eurobarômetro) e consequentemente grande parte dos agricultores alemães são contrários aos transgênicos.

Insetos, pássaros e até mesmo o vento podem transportar o pólen de plantas transgênicas e assim contaminar plantações convencionais vizinhas, ainda que localizadas a grandes distâncias. A contaminação também pode ocorrer pelo uso comum de equipamentos de movimentação e armazenagem e no comércio. Pela evidente dificuldade técnica em proteger os plantios convencionais e orgânicos da contaminação transgênica (coexistência), muitas regiões e alguns países da União Européia foram declarados por suas autoridades como Zonas Livres de Transgênicos. Tal precaução não coloca em risco a saúde dos consumidores, o meio ambiente e é um enorme diferencial competitivo no mercado internacional.
Saiba mais sobre transgênicos (ver vídeo "Invasoras Resistentes" no Globo Rural 14/01/07). Visite o site www.aspta.org.br .

Os alimentos transgênicos comercializados (grãos, óleos, leite e carne de animais alimentados com transgênicos...) devem ser devidamente rotulados para garantir o direito de escolha do consumidor. Isto é o mínimo que se pode esperar das autoridades dos governos, além de informações esclarecedoras para a população. Existem campanhas por um Brasil livre de transgênicos.


VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS


Você já deve ter ouvido falar na sigla OGM, que quer dizer Organismo Geneticamente Modificado; ou, simplesmente transgênico. Especificamente, trata-se de um ser vivo cuja estrutura genética (a parte da célula onde está armazenado o código da vida), foi alterada pela inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor características não programadas pela natureza. Uma planta que produz uma toxina antes só encontrada numa bactéria. Um microorganismo capaz de processar insulina humana.

Um  grão  acrescido de  vitaminas  e sais minerais que sua espécie  não  possuía. Tudo isso é  OGM.

A engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia de DNA em determinados lugares, inserindo segmentos de outros organismos costurando a seqüência novamente. Os cientistas podem "cortar" e "colar" genes de um organismo e manipulando sua biologia natural a fim de obter características específicas (por exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que ela produza toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente com o desenvolvimento dos genes.

Os alimentos transgênicos são produtos da biotecnologia, que é uma ciência que, em termos gerais desenvolve produtos por meio de processos biológicos, como por exemplo a alteração genética de espécies através da tecnologia do DNA recombinante. Esta alteração ocorre entre espécies diferentes presentes na natureza e como objetivo de melhorar as características do organismo em estudo. A soja e o milho são exemplos de alimentos geneticamente modificados que estão sendo comercializados no mundo e já existem outros, como mamão, o feijão e o cacau, que ainda estão em estudo. Porém, a grande novidade é o arroz dourado, contendo beta-caroteno – precursor da vitamina A – e o tomate rico em licopeno.

Já foram permitidos nos EUA certas variedades de tomate, soja, algodão, milho, canola e batata. O plantio comercial intensivo também é feito na Argentina, Canadá e China. Na Europa, foi autorizada a comercialização de fumo, soja, canola, milho e chicória, (só o milho é plantado em escala comercial na França, Espanha e Alemanha.)

Estima-se que aproximadamente 60% dos alimentos processados contenham algum derivado de soja transgênica e que 30% tenham ingredientes de milho transgênico. Porém, como a maioria destes produtos não estão rotulados, é impossível saber o quanto de alimentos transgênicos está presente em nossa mesa. Em grande parte do mundo os governos nem sequer são notificados se o milho ou a soja que eles importam dos EUA são produtos de um cultivo transgênico ou não.

No Brasil, segundo o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira: "Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e à Coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Parágrafo 1 – Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Poder Publico;

(...)

II- Preservar a diversidade e a integridade do Patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético

(...)

II – Exigir, na forma de lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiental, a que se dará publicidade;

V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

(...)

Em 1995, foi aprovada a Lei de Biossegurança no Brasil, que gerou a Constituição da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), pertencente ao MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia). Este fato permitiu que se iniciassem os testes de campo com cultivos geneticamente modificados, que são hoje mais de 800.

Testes feitos em laboratórios europeus detectaram a presença de transgênicos em 11 lotes de produtos vendidos no Brasil, a maioria deles contendo a soja geneticametne modificada Roudup Ready, da Monsanto ou com o milho transgênico BT, da Novartis.


Nestogeno, da Nestlé do Brasil, fórmula infantil a base de leite e soja para lactentes contendo soja RR;

Pringles original, da Procter e Gamble, batata frita contendo milho BT 176 da Novartir;

Salsicha Swift, da Swift Armour, salsichas tipo viena contendo soja RR.

Sopa knorr, da Refinações de Milho Brasil, mistura para sopa sabor creme de milho verde contendo soja RR;

Cup Noodles, da Nissin Ajinomoto, macarrão instantâneo sabor galinha contendo soja RR;

Cereal Shake Diet, da Alvebra Industrial, alimento para dietas contendo soja RR;

Bacós da Gourmond Alimentos (2 lotes diferentes), chips sabor bacon contendo soja RR;

Prosobee, da Bristol-Myers, fórmula não láctea à base de soja contendo soja RR;

Soy Milk, da Alvebra Industrial à base de soja contendo soja RR;

Supra Soy, da Jaspar, alimento à base de soro de leite e proteína isolada de soja contendo soja RR.

 

VANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

 

O alimento pode ser enriquecido com um componente nutricional essencial. Um feijão geneticamente modificado por inserção de gene da castanha do Para passa produzir metionina, um aminoácido essencial para a vida. Um arroz geneticamente modificado produz vitamina A;

O alimento pode ter a função de prevenir, reduzir ou evitar riscos de doenças, através de plantas geneticamente modificadas para produzir vacinas, ou iogurtes fermentados com microorganismo geneticamente modificados que estimulem o sistema imunológico;

A planta pode resistir ao ataque de insetos, seca ou geada. Isso garante estabilidade dos preços e custos de produção. Um microorganismo geneticamente modificado produz enzimas usadas na fabricação de queijos e pães o que reduz o preço deste ingrediente; Sem falar ainda que aumenta o grau de pureza e a especificidade do ingrediente e permite maior flexibilidade para as indústrias;

Aumento da produtividade agrícola através do desenvolvimento de lavouras mais produtivas e menos onerosas, cuja produção agrida menos o meio ambiente.

DESVANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

 

1.  O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado completamente, o que pode  causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo podem ser  afetados.

2. Os genes são transferidos entre espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias em plantas e até de humanos em animais. A engenharia genética não respeita as fronteiras da natureza – fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a integridade genética das futuras gerações.

3. A uniformidade genética leva a uma maior vulnerabilidade do cultivo porque a invasão de pestes, doenças e ervas daninha sempre é maior em áreas que plantam  o mesmo tipo de cultivo. Quanto maior for a variedade (genética) no sistema da agricultura, mais este sistema estará adaptado para enfrentar pestes, doenças e mudanças climáticas que tendem a afetar apenas algumas variedades.

4. Organismos antes cultivados para serem usados na alimentação estão sendo modificados para produzirem produtos farmacêuticos e químicos. Essas plantas modificadas poderiam fazer uma polinização cruzada  com espécies semelhantes e, deste modo, contaminar plantas utilizadas exclusivamente  na alimentação.

5. Os alimentos transgênicos poderiam aumentar  as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidências de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento  de alergias em relação a cultivos convencionais.

 

CONCLUSÃO


Visualiza-se que nos próximos anos pode-se ter ganhos expressivos em diversos setores da sociedade, como por exemplo nas indústrias de alimentos (produtos com maiores qualidades de cor, sabor, textura, rendimento) e farmacêuticas (plantas que ofereçam produtos farmacêuticos ou de maior efeito médico).

Por outro lado é preciso investir em ciência básica para estabelecer protocolos adequados às condições ambientais e a biodiversidade própria do território nacional. Devem ser criados mecanismos públicos de controle, monitoramento e avaliação dos riscos ambientais e sociais causados pela biotecnologia e seus produtos.

Muitas vezes o uso da engenharia genética na agricultura é justificada pelo aumento da população mundial. Porém, de acordo com as Nações Unidas, o mundo produz uma vez e meia a quantidade de alimentos necessária para alimentar toda a população do planeta.

Apesar disso, uma em cada sete pessoas passa fome no mundo . o problema da fome está, portanto, intimamente ligado com as desigualdades sociais. Assim sendo, a engenharia genética, pelo menos até o momento, não se mostrou capaz de ser uma alternativa para solucionar o problema. Pelo contrário, a falsa idéia de que a bioteconologia é a solução, permite que governos e indústrias se distanciem do seu compromisso político de lidar com as desigualdades sociais que levam à fome.

O futuro da pesquisa baseada na biotecnologia deverá ser determinado por uma relação de forças, e não há razão para que os agricultores e o público em geral, devidamente fortalecidos, não consigam influenciar o rumo da biotecnologia para atingir os objetivos sustentáveis.


Greenpeace esclarece algumas dúvidas sobre Transgênicos

 

O que são transgênicos? - Os organismos geneticamente modificados (OGMs), também conhecidos como transgênicos, são frutos da engenharia genética criada pela moderna biotecnologia. Um organismo é chamado de transgênico, quando é feita uma alteração no seu DNA - que contém as características de um ser vivo. Por meio da engenharia genética, genes são retirados de uma espécie animal ou vegetal e transferidos para outra. Esses novos genes introduzidos quebram a seqüência de DNA, que sofre uma espécie de reprogramação, sendo capaz, por exemplo, de produzir um novo tipo de substância diferente da que era produzida pelo organismo original.

O que é a engenharia genética aplicada aos alimentos? - A engenharia genética permite que cientistas usem os organismos vivos como matéria-prima para mudar as formas de vida já existentes e criar novas. Um gene é um segmento de DNA que, combinado com outros genes, determina a composição das células. Um gene possui uma composição química que vai determinar o seu comportamento. Como isso é passado de geração em geração, a descendência herda estes traços de seus pais. Desenvolvendo-se constantemente, os genes permitem que o organismo se adapte ao ambiente. Este é o processo da evolução. A engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia e DNA em determinados lugares, inserindo segmentos de outros organismos e costurando a seqüência novamente. Os cientistas podem "cortar e colar" genes de um organismo para outro, mudando a forma do organismo e manipulando sua biologia natural a fim de obter características específicas (por exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que esta produza toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente com o desenvolvimento dos genes. O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado completamente, o que pode causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo podem ser afetados.O aumento da preocupação com a ética e os riscos envolvendo a engenharia genética são muitos. Primeiro porque os genes são transferidos entre espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias em plantas e até de humanos em animais. Segundo porque a engenharia genética não respeita as fronteiras da natureza - fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a integridade genética das futuras gerações.Quanto mais os genes são isolados de suas fontes naturais, maior é o controle dos cientistas sobre a vida. Eles podem criar formas de vida próprias (animais, plantas, árvores e alimentos), que jamais ocorreriam naturalmente.

O que a engenharia genética está fazendo?  - A maioria dos alimentos mais importantes do mundo é o grande alvo da engenharia genética. Muitas variedades já foram criadas em laboratório e outras estão em desenvolvimento. O cultivo irrestrito e o marketing de certas variedades de tomate, soja, algodão, milho, canola e batata já foram permitidos nos EUA. O plantio comercial intensivo também é feito na Argentina, Canadá e China. Na Europa, a autorização para comercialização foi dada para fumo, soja, canola, milho e chicória, mas apenas o milho é plantado em escala comercial (na França, Espanha e Alemanha, em pequena escala, pela primeira vez em 1998). Molho de tomate transgênico já é vendido no Reino Unido e a soja e o milho transgênicos já são importados dos EUA para serem introduzidos em alimentos processados e na alimentação animal. De fato, estima-se que aproximadamente 60% dos alimentos processados contenham algum derivado de soja transgênica e que 50% tenham ingredientes de milho transgênico. Porém, como a maioria destes produtos não estão rotulados, é impossível saber o quanto de alimentos transgênicos está presente na nossa mesa. No Canadá e nos EUA, não há qualquer tipo de rotulagem destes alimentos. Na Austrália e Japão a legislação ainda está sendo implementada. Em grande parte do mundo, os governos nem sequer são notificados se o milho ou a soja que eles importam dos EUA são produtos de um cultivo transgênico ou não.
Além dos transgênicos já comercializados, algumas variedades aguardam autorização:

- salmão, truta e arroz que contém um gene humano introduzido;

- - batatas com um gene de galinha;

- - pepino e tomates com genes de vírus e bactérias.

Até o momento, há uma grande oposição à contaminação genética dos alimentos. São consumidores, distribuidores e produtores de alimentos que exigem comida "de verdade", sem ingredientes transgênicos. Apesar da preocupação, a introdução descontrolada de transgênicos continua a crescer em níveis alarmantes. A menos que a oposição se sustente e ganhe força nos próximos anos, um aumento drástico destes alimentos pode ocorrer e a opção de evitá-los poderá ficar cada vez mais difícil.


Quais são os impactos da engenharia genética?

Enquanto a engenharia genética continua a criar novas formas de vida que se desenvolveriam naturalmente, ela se recusa a reconhecer o quão sérios são seus riscos potenciais.

PARTE 2