QUALIDADE DE VIDA

O Mundo do Recém Nascido

bebeAs Suas Primeiras Proezas: Uma criatura frágil e indefesa... assim parece ser um recém- nascido assim que chega ao mundo. Mas é uma impressão errada, se você pensar em tudo o que ele soube enfrentar no momento do nascimento. Aliás, um momento de grande stress, físico e emotivo. Imagine só: durante nove meses, seu bebê esteve envolvido pelo líquido amniótico, os rumores externos mal chegando a perturbá-lo, seguro e tranquilo dentro do seu utero... e de repente, ele se vê em um ambiente totalmente novo, luz no lugar da penumbra, ar no lugar da água, barulhos no lugar do silêncio. Estímulos tão diversos que o obrigam a ter uma resposta imediata. Cada bebê é capaz, desde os primeiros instantes de vida, de interagir com o mundo que agora o acolhe. Em frações de segundos, tudo se revoluciona, e para sobreviver a uma mudança assim tão repentina, ele reage de impulso, em um modo perfeito. São as chamadas respostas instintivas, que fazem com que ele saiba respirar, chupar, interagir de imediato com o novo ambiente que o rodeia.

As cinco respostas instintivas: a primeira e mais extraordinária é a respiração, anunciada pelo choro impetuoso e agudo. Assim que nasce, o ar penetra nos pulmões fazendo com que estes se expandam, ampliando a caixa torácica. Ao mesmo tempo, o sangue percorre os capilares que irrigam os alvéolos pulmonares, dando prossegimento à circulação coração-pulmão.

Outro rápido mecanismo instintivo é o reflexo de sugar, já visto muito antes de seu nascimento durante alguma ultrassonografia, quando o surpreendemos chupando o dedinho, e que agora o fará sugar sem nenhuma dificuldade o seio materno ou o bico da mamadeira. Outro reflexo instintivo, é o de caminhar... se você erguer seu bebê segurando-o sob os braços, mantendo-o em posição ereta sobre uma superfície dura, ele automaticamente inicia uma caminhada... mas não se iluda, é somente uma impressão, um movimento absolutamente instintivo.

O reflexo de segurar é outro que ele nasce sabendo instintivamente... é só colocar seu dedo na palma de sua mãozinha que ele o segurará com bastante firmeza. Por último, temos o chamado reflexo de Moro (pediatra alemão que estudou este mecanismo em 1918) que é uma resposta instintiva quando o bebê se sente desequilibrado e em perigo. Esta reação acontece, por exemplo, quando levamos o bebê ao berço e se não segurarmos com firmeza sua cabeça, ele tem a sensação de estar caindo, e instintivamente abre os braços e flexiona o pescoço para trás, tentando assim manter o equilíbrio.


Respostas Instintivas aos Seus Estímulos

 

 

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Como Usa os Cinco Sentidos?

Durante muito tempo, se pensava que um recém-nascido fosse capaz somente de comer e dormir. Mas os estudiosos do comportamento do recém-nascidos, pouco a pouco desvendaram o mundo das sensações que um bebê é capaz de perceber, além das formidáveis habilidades instintivas.

Como ele nos vê? - Logo depois do nascimento, os seus olhos estão inchados e vermelhos, e isso é normal tendo em vista as contrações que todo o seu corpo teve que sofrer durante o parto. Mas depois de alguns dias, seu rostinho estará relaxado, suas pálpebras desinchadas, e seus olhinhos começarão a focalizar o mundo. Mas a sua visão é ainda indistinta, conseguindo focalizar somente aquilo que está próximo ao seu rosto, aproximadamente uns 20 a 25 centímetros além da ponta de seu nariz (note que o que ele precisa ver neste momento de sua vida está bem próximo de seu rosto: o seio e o rosto materno). Muitas pesquisas demonstraram que um recém-nascido é mais atraído pelos objetos em movimento do que pelos estáticos, pelas linhas curvas do que pelas retas, pelas formas complexas do que pelas simples.


Como ele nos ouve? - A audição é muito mais desenvolvida que a visão. Principalmente porque, nos últimos meses de gestação, ele podia ouvir perfeitamente bem o bater do seu coração, o timbre da sua voz, e conseguia distinguir certos barulhos externos. Preferem os sons ritmados (como os dos móbiles musicais), e se sentem incomodados pelos sons mais fortes e agudos. Mas o que ele mais gosta de ouvir é a voz humana, principalmente a da mãe, que ele já consegue reconhecer minutos depois de seu nascimento.


Que odores ele percebe? - Alguns estudos comprovaram que um recém-nascido desde os primeiros dias de vida tem um bom nariz (fazendo-o sentir dois algodões embebidos um no leite materno e outro em um leite diferente, o bebê não terá dúvidas, virando de imediato a cabeça para o lado do primeiro algodão). E é surpreendente a rapidez ou o instinto com que ele aprende a reconhecer o cheiro da pele de sua mãe, mostrando o quanto é profundo o laço mãe-filho.

Que sabores ele reconhece? - Como já foi dito no capítulo sobre a Alimentação, um recém-nascido consegue distinguir perfeitamente bem os sabores básicos: amargo, doce, salgado e ácido. E que também ele tem uma predileção natural pelo sabor doce, principalmente devido a sua alimentação, nos primeiros meses de vida, ser a base de leite.


Que sensibilidade tátil ele tem? O tato é um sentido aguçado desde o nascimento. Durante o parto, a pele de um bebê recebe estímulos contínuos que ativam as terminações nervosas, e o repentino contato com o ar cria novas percepções sensorias, geralmente não muito agradáveis pois mesmo com o aquecimento da sala cirúrgica, ele ressente muito a diferença de temperatura.

Os Primeiros três meses

Um Grande Dorminhoco - A principal ocupação de um bebê de poucos meses é dormir, e o faz durante a maior parte do dia. Não se preocupe se ele parece que dorme muito ou que dorme pouco... os bebês têm um ritmo próprio e sabem perfeitamente bem quantas horas de sono precisam. Se ele tiver sono, não importa a presença de outras pessoas ou se ele se encontra em um lugar pouco confortável ou barulhento, tenha certeza que ele adormecerá.

Tantas pequenas sonecas: durante os primeiros meses, os bebês  alternam períodos de um sono muito leve com períodos de sono bem mais profundo, às vezes ficando difícil distinguí-los... geralmente, essas sonequinhas durante o dia são breves e interrompidas por vários momentos de agitação. Naturalmente, a cada mês que passa e ele vai crescendo, menos ele dorme. Próximo ao sexto mês, os bebês tendem a reduzir em algumas horas os seus períodos de sono. É claro que também para o sono valem as diferenças individuais: existem crianças de poucos meses que dormem tranquilamente até 18 horas por dia, e outras que dormem somente 11 horas... são simplesmente características pessoais de cada um.

Os ritmos do sono: com o passar dos meses além da duração, muda também a qualidade do sono. Nas primeiras semanas de vida, o sono profundo, a soneca e os momentos despertos se alteram irregularmente, porém a medida que o bebê cresce, estas fases começam a se distinguir uma da outra... as horas de sono noturnas se definem mais e o sono é mais profundo, e os momentos em que está acordado ele está mais alerta e atento. Em geral, os bebês tendem a se acostumar com os ritmos dos adultos: sono profundo à noite e sonequinhas breves durante o dia. Às vezes acontece que seu bebê troque o dia pela noite, com efeitos desastrosos para o repouso do resto da família. Para evitar que isso aconteça e garantir um repouso sereno, tente alguns truques: mantenha o ambiente bem iluminado durante o dia e mais escuro à noite para que ele possa habituar-se às diferenças; à noite escolha pijaminhas confortáveis e de acordo com a temperatura, que deixe seus movimentos livres e permitam uma boa transpiração; evite cobri-lo exageradamente pois os recém nascidos são muito menos friorentos do que imaginamos... às vezes o choro ou inquietação de seu bebê são devidos ao excesso de calor


Um Belo Sorriso - O primeiro sorriso de um bebê enche de alegria e orgulho toda mamãe e papai, mesmo quando na realidade se trata de um pré-sorriso: uma espécie de reflexo que ele pode demonstrar nas primeiras semanas de vida mas que ainda não tem o significado de um sorriso. Quase sempre, se manifesta em resposta a um som, uma voz, ou simplesmente para demonstrar satisfação ao fim da mamada. Um sorriso mais genérico chega no final do primeiro mês de vida, quando o bebê começa a elaborar a expressividade. Mas, por mais que seja um sorriso aberto e comova os pais e avós, é somente um aceno de saudação à visão de um vulto familiar.

Para o sorriso consciente, que é aquele que o bebê presenteia somente a quem quer e com uma intensão bem definida, é preciso esperar ainda um pouco mais. Em geral por volta do terceiro mês de vida, o bebê começa a entender os instrumentos de que dispõe para se "fazer entender": aprendeu que se gritar por fome ou porque se sente sujo, alguém virá rapidamente, se chora por se sentir só a mamãe chega logo logo para pegá-lo no colo, e se quer demonstrar satisfação por algo de belo que tenha visto (quase sempre o rosto da mãe) sorri confiante em resposta. Uma dica importante: neste período o bebê frequentemente sorri também por imitação. Por isso, sorria bastante para seu filho, como verdadeiras demonstrações de alegria, pois muito provavelmente ele crescerá mais alegre e extrovertido.


De Repente Ele Descobre as Mãos - Por volta do terceiro ou quarto mês, ele fará uma descoberta ainda mais interessante que os brinquedos pendurados no móbile de seu berço: as suas próprias mãos. Todos os bebês passam muito tempo observando as mãos, um inesperado brinquedo que serve inclusive para explorar e segurar outras coisas. Seu mundo ainda é todo a ser descoberto, e as mãos se tornarão os instrumentos para conhecer seu próprio rosto e corpo (lembre-se sempre de cortar as unhas para evitar que se arranhe); são como um jogo novo e divertido, principalmente quando ele começa a coordenar os movimentos de abrir e fechar os dedos, e são o modo mais fácil de segurar o que quer que estiver ao seu alcance, dos cabelos da mamãe aos brinquedos do berço. Mas as mãos são também uma fonte de prazer: é só colocá-las na boca e chupar com força para ter as mesmas gostosas sensações de quando ele está mamando ao seio da mamãe.
Um formidável exercício: durante este período, seu filho se revelará cada vez mais ativo e aberto ao mundo externo: descobre o jogo, reconhece os objetos, e manifesta mais claramente as suas satisfações. Ele descobrirá a relação causa-efeito, isto é, consegue entender que se empurrar os brinquedos sobre o móbile, estes começarão a balançar, e repete o mesmo movimento para se certificar que o efeito será o mesmo. Esta coordenação olho-mão se aperfeiçoará entre o 5° e o 6° mês, quando ele conhecerá os limites do próprio corpo, descobrirá os pézinhos, e assim que conseguir controlar os movimentos os colocará na boca. Outro passatempo que ele adora é descobrir com as mãos o rosto da mamãe, assim, toda vez que você o pegar no colo, ele começará a tatear com muita alegria a face que lhe é mais familiar.

Ele precisa de segurança: os estímulos e a atenção da mãe neste período são fundamentais. Para favorecer a idade das descobertas use e abuse dos brinquedinhos coloridos, dos objetos para pendurar no berço, dos próprios objetos da casa. Assim ele começa a descobrir novas formas, novas texturas e consistências, favorecendo a sua curiosidade natural. Nesta hora o bebê pode precisar sentir-se seguro e de incentivos, por isso é importante a presença da mãe, fazendo com que ele se sinta confiante ao saber que você está sempre com ele, pronta para responder às suas necessidades... o momento das descobertas é uma novidade que lhe abre as portas para o mundo externo que ele está por conhecer.

Dos três aos seis meses

Um Pequeno Explorador - A partir dos três meses, seu bebê já pode focalizar melhor e consegue fixar o olhar em objetos que chamem a sua atenção, principalmente os de forma redonda e luminosos. À medida que as semanas passam, sua curiosidade aumenta e ele começa a explorar com interesse tudo ao redor, pois já é capaz inclusive de virar a cabeça para alargar seu campo visivo. Depois do terceiro mês, o bebê consegue distinguir as cores principais, e sua atenção é dirigida principalmente para o vermelho, amarelo e azul. Por volta do 4° ou 5° mês, o bebê se diverte em olhar ao redor, e fazer novas descobertas. Para estimular sua curiosidade é importante decorar seu quarto com objetos alegres, grandes e coloridos, pois isso serve também para treinar sua memória lembrando as cores e formas já vistas e reconhecendo os objetos novos que vão entrando em seu pequeno mundo.

As primeiras balbúcies: No segundo trimestre de vida, seu bebê fará progressos enormes, começando a "trabalhar" com um outro misterioso instrumento que ele tem a disposição: a voz. O choro é a primeira reação natural e instintiva que ele inicialmente usa como forma de se comunicar. Por volta do terceiro mês, o bebê percebe que este estranho barulho que ele consegue fazer começa a lhe dar satisfações: entende que quanto mais forte e insistente, maior é o poder de fazer chegar rapidamente a mamãe quando ele sente fome, por exemplo. Nesta fase ele consegue assim expressar-se ou então usa o corpo para assinalar suas necessidades. Observe-o: quando quer ser pego no colo, tende a projetar com bastante esforço o corpo à frente, ou quando quer ser torcado fica com uma expressão triste e amuada. A estes sinais corporais, ele associa o choro. Pouco a pouco, ele percebe que pode demonstrar as suas necessidades com um determinado som: um murmurar de satisfação logo depois de comer, um choro mais agudo quando está com fome, um choro de lamento quando está com alguma dor, os primeiros gritinhos de alegria.

A mágica voz da mamãe: nesta fase, um grande divertimento é tentar imitar os sons que faz a mamãe enquanto cuida dele. Nascem assim as balbúcies, que são os primeiros esboços de palavras. Nem todos os bebês se comportam do mesmo modo e nos mesmos tempos, os tipos mais tranquilos e reflexivos talvez passem mais tempo a observar o mundo, os tipos mais extroversos farão mil tentativas de "falar". Entre o 4° e o 5° mês, ele começa a descobrir as consoantes (a B, a D, e a M parecem ser as primeiras) e se diverte em repetir em associação com a vogal "a". Nasce desta forma, com a construção das sílabas, o fenômeno da lalação, ou seja o lá-lá-lá ou má-má-má...  e quantos papais e mamães não ficam orgulhosos ao ouvirem seu bebê chamarem por eles... mas infelizmente é ainda muito cedo para que o bebê associe o som ao significado...

Finalmente Sentado

Por volta dos seis meses acontece outra grande revolução: o bebê começa a olhar o mundo sentado, adquirindo assim uma nova perspectiva das coisas. Naturalmente é um processo que vem por partes, e que requer um certo empenho e infinitas tentativas, inclusive da parte dos pais.

Uma questão de equilíbrio: antes de conseguir ficar sentado, ele terá que aprender a sustentar a cabeça, depois manter as costas eretas, e mais adiante, com o seu apoio, conseguirá ficar sentado. É tudo uma questão de treino... ele já vem praticando desde os cinco meses, virando de lado, batendo com as perninhas e bracinhos, tentando levantar a cabeça, etc... quando seus músculos estiverem suficientemente fortes, ele conseguirá ficar sentado com bastante firmeza.


O controle dos músculos: nesta fase, além de conseguir ficar sentado, o bebê consegue também segurar objetos. Parece uma tarefa banal, mas é algo extremamente difícil para um bebê desta idade, pois envolve o desenvolvimento da capacidade de coordenação mão-olho. Mais uma vez, seu bebê fará inúmeras tentativas, passando boa parte do tempo experimentando um modo de conseguir segurar um brinquedinho, por exemplo. Cada sucesso obtido não será esquecido, e uma vez entendido como é o "jogo", todas as ocasiões serão boas para praticá-lo. Assim, você verá seu bebê muito aplicado em segurar com toda a força os bichinhos do móbile de seu berço, ou os brinquedinhos de borracha do banho, ou tentando pegar a colher cheia de comida, normalmente com resultados desastrosos.

Dos seis meses a um ano

Uma Energia Extraordinária - No segundo semestre de vida, ele se transformará em um bebê muito interessado no mundo externo, capaz de manifestar suas alegrias com sorrisos e gritinhos, e sempre com uma grande vontade de se movimentar. É especialmente está última e nova habilidade que de agora em diante será aperfeiçoada.


Hora de engatinhar: muitos bebês iniciam a engatinhar no mesmo período em que conseguem ficar sentados, outros algum tempo depois. Porém quase todos os bebês, entre o 7° e 8° mês demonstram vontade de engatinhar, mas somente próximo ao 9° mês é que conseguem com sucesso. Também neste caso, é uma tarefa que requer várias tentativas, às vezes frustradas: pode acontecer que o bebê ao fixar um brinquedo que esteja fora de seu alcance faça um grande esforço para alcançá-lo, indo porém para trás ao invés de para frente. Isso porque ele ainda não tem o controle eficaz dos membros inferiores, e ainda não lhe é claro como funciona o mecanismo das direções. É uma fase que dura pouco: tentando e tentando novamente, ele acaba aprendendo a seguir para frente. Assim que ele começar a se sentir mais seguro dos próprios movimentos, seguirá sua mãe pela casa como uma sombra, isso porque não gosta de se sentir sozinho (você já entendeu isso há alguns meses...) e também porque é uma grande satisfação demonstrar o quanto é capaz.


Incansáveis ginastas: olhando seu filho que se movimenta continuamente, você se perguntará: "mas... os bebês não se cansam nunca???"  Na realidade, eles têm uma energia extraordinária, e isso é muito positivo, pois é só através de suas inúmeras tentativas que conseguirão descobrir o modo certo de fazer as coisas. Movimentando-se horas a fio, tentando engatinhar, tentando manter o equilíbrio, etc... é que ele aprende a coordenar os movimentos, fazendo assim um exercício fundamental para poder em breve começar a andar. Se você observá-lo com atenção nas primeiras semanas em que aprende a engatinhar, verá que braços e pernas não estão em sintonia, e ele levará algum tempo para conseguir avançar, ao mesmo tempo, braço e perna de um lado e depois do outro.


A hora dos tombos: assim que ele aprender a engatinhar, ninguém mais o segura... a partir do 8° ou 9° mês, ele tentará ficar em pé, apoiando-se em alguma coisa. Isso irá requerer muito tempo, paciência e infinitos tombos. Faça com que suas primeiras tentativas sejam feitas em uma superfície macia para evitar que ele se machuque, sem objetos perigosos nas proximidades, e fique sempre por perto...


A emoção dos primeiros passos: não existe um tempo definido para um bebê começar a andar, normalmente acontece próximo de seu primeiro aniversário... cada bebê tem seu próprio ritmo e etapas pessoais de desenvolvimento, por isso não se preocupe se seu filho não tentar caminhar na mesma época que outros bebês da mesma idade, e nem tente forçá-lo (pode acontecer que ele não esteja ainda pronto e provavelmente cairá com mais frequência, provocando ainda maior prudência em suas tentativas). Os primeiros passos de um bebê representam uma grande satisfação às vezes acompanhada de uma certa frustração: as quedas serão frequentes, e pode acontecer que seu bebê fique com raiva toda vez que perder o equilíbrio e se ver de novo no chão. Esta fase é breve, e logo ele estará pronto para a conquista do mundo com seus próprios pézinhos... cena imortalizada em todos os filmes de família, onde ele consegue sozinho, tremulante, alcançar orgulhoso os braços abertos de seus pais que o esperam do outro lado da sala.


Andador: eis a grande questão! - Até alguns anos atrás, o andador era considerado um válido instrumento para deixar que seu filho andasse pela casa sem correr riscos. Hoje, porém, os especialistas são contrários a um uso precoce do andador alegando que ele interfere com as tentativas que ele deve iniciar a fazer para aprender a caminhar, e que se o bebê for muito pequeno provavelmente usará a ponta dos pés para se locomover, o que mais adiante pode trazer alguns problemas. Muitas mães optam assim mesmo pelo andador, para dar mais liberdade a seus bebês de explorarem a casa, mas é importante lembrar que é aconselhável usá-lo somente a partir do 10°  mês, e sempre na presença de um adulto.


Uma Personalidade Bem Precisa

Todas as fases do crescimento, como já dissemos várias vezes, seguem percursos e tempos diferentes para cada bebê. É uma característica evidente em todas as suas manifestações, desde a procura pelo alimento até as primeiras tentativas de caminhar. Os bebês podem ser divididos, genericamente, em duas grandes categorias: os reflexivos e os instintivos.


Reflexivo ou Instintivo? Ao primeiro grupo pertencem os bebês tranquilos, aqueles que preferem os brinquedos macios, se deixam vestir com tranquilidade, vão dormir sem muita manha, mas principalmente gostam de observar com atenção tudo o que está ao seu redor. Estes bebês são calmos e sossegados por uma característica inata e própria de sua personalidade. Normalmente, desenvolvem com mais rapidez os movimentos de precisão das mãos e também conseguem manipular brinquedos mais difíceis exatamente porque preferem passar seu tempo em atividades deste tipo. Ao segundo grupo pertencem os bebês vivazes, aqueles que nunca estão parados, que dormem pouco, e que mesmo que comam bastante são normalmente magrinhos, pois o seu movimento contínuo faz com que gastem muita energia. Estes bebês super ativos normalmente manifestam um instinto mais aguçado: por exemplo, na fase do engatinhar ou quando iniciam a andar, não se deixam desencorajar pelas quedas, na hora das refeições tentam sempre agarrar a colher para comer por conta própria; o mundo externo o fascina, quer tocar e segurar tudo o que vê.


Aprende a imaginar: próximo do primeiro aniversário, a mente do seu bebê fará extraordinários progressos... ele iniciará a imitar seus sons e seus gestos, começará a entender pelo tom de sua voz e pela sua expressão se fez algo de bom ou de errado, reconhece os rostos das pessoas que já viu (e se lhe são simpáticas as gratificará com um lindo sorriso de alegria), recorda e repete os seus pequenos sucessos como montar uma torre com os cubos ou acender a TV com o controle remoto. Mas o que mais ele desenvolve neste período é a capacidade de "imaginar". Nesta idade, o bebê consegue prever o que acontecerá logo a seguir... por exemplo, ele aprende (finalmente!!!) que se você sair da sala, logo logo vai voltar, e portanto ele pode ficar esperando tranquilamente o seu regresso. Ou se você esconder um objeto, ele vai procurá-lo aonde é seu lugar costumeiro, porque imagina que lá esteja. Ou ainda, se você lançar uma bola em sua direção, ele vai lançá-la de volta imaginando que depois ela voltará para ele novamente. Com 1 ano, a realidade de seu filho se enriqueceu, não é mais composta somente por eventos do momento, mas também por aqueles que ele se lembra e por aqueles que ele imagina que acontecerão. Assim que ele der seus primeiros passos, ele parte para a descoberta do mundo.

De um a dois anos
A Conquista de sua Autonomia - Nesta idade, tudo o deixa curioso, e é muito forte o desejo de tocar, levar à boca, conhecer os objetos que encontra por perto. Em casa, não está nunca parado, sempre procurando novos armários para explorar, pequenos objetos para saborear, interruptores ou botões para apertar. Fora de casa, nos parques ou shopping-centers, tudo é super interessante. Porém, este incansável desejo de explorar os ambientes o expõe a inúmeros perigos. É necessário controlar a cada segundo o que ele está fazendo, e tirar de seu alcance qualquer coisa que possa se tornar perigosa. Isso não significa limitar suas ações, pois a fase das descobertas é importantíssima para ele, pois permite que ele registre em sua memória detalhes sempre novos e fascinantes... é só necessário estar sempre atenta.

A explosão dos sentidos: nesta idade, seu bebê descobre novas sensações e sensibilidades, e seus sentidos estão bastante aperfeiçoados. Consegue perceber o que é duro ou mole, as superfícies lisas ou rugosas, reconhece as músicas ou sons que já tenha escutado. Até seu paladar está mais aguçado, e quando ele não gostar de um alimento será inútil tentar fazer com que o coma. O bebê consegue seguir imagens em movimento e perceber as diferenças entre os tons das cores, e quando passa na frente de um espelho reconhece a própria imagem refletida.


Aperfeiçoamento: no segundo ano de vida, o bebê não tem um crescimento tão rápido como no primeiro (em média, ao completar 24 meses, há um aumento de peso de 2 quilos e um aumento na altura de 12 centímetros a mais) porém se aperfeiçoam outras habilidades. A partir dos 15 meses, se desenvolvem os movimentos de precisão, aqueles que consentem realizar tarefas como segurar um pequeno objeto, abrir uma caixa, colocar um cubo dentro do outro. Os movimentos mais abrangentes também são aperfeiçoados, como caminhar com mais desenvoltura, subir em uma poltrona, jogar uma bola. Quando o bebê consegue caminhar e ao mesmo tempo segurar um objeto nas mãos, isso significa que ele já é capaz de coordenar os movimentos, mantendo o equilíbrio e dosando a força muscular necessária.

 
A hora da independência: próximo dos 16 meses, o bebê atinge a completa consciência de si próprio. Antes dependia completamente dos pais, agora já começa a fazer muitas coisas por conta própria: caminhar, usar a colher, pegar os objetos. O desejo de ser autônomo se desenvolve junto com as primeiras conquistas, e o faz afirmar a sua independência até o ponto de protestar porque quer se vestir ou comer sozinho. No limite do possível tente encorajar este desejo de independência, mesmo que ele não consiga colocar as meias ou que espalhe comida por toda a mesa, pois para ele são ocasiões em que ele pode se experimentar e aprender através dos erros. Não seja muito severa, pois ainda não é tempo de disciplina. Os insucessos e as broncas só conseguirão entristecê-lo, além do que ele ainda não é capaz de entender o que pode ou não fazer.

A idade do "não": a necessidade de autonomia faz com que ele frequentemente diga "não"... é a fase da contestação. É um período no qual os caprichos são frequentes: um dia quer porque quer se vestir sozinho demorando meia hora só para colocar um sapato, no outro dia não quer que você o ajude a comer. É preciso acompanhar este desejo de se afirmar, mesmo se não é fácil conciliar o ritmo de uma criança com os horários dos adultos. Nesta fase, paciência e encorajamento são mais eficazes que disciplina ou severidade.


Os rituais da boa noite: a hora de ir dormir normalmente coincide com a hora dos caprichos. No segundo ano de vida, o bebê aprendeu a dizer não, faz contínuas batalhas de poder com os pais para afirmar sua própria vontade, e naturalmente quando chega o momento de ir dormir, contesta. Aí, não resta que ser criativo e inventar artimanhas para tornar mais agradável a hora de dormir: lençois e pijaminhas com estampas divertidas, fábulas e estorinhas, músicas de nana-neném, seu bichinho preferido ou até mesmo invente uma brincadeira para fazer somente no seu bercinho que o faça associar uma hora de grande prazer. Para um bebê, a hora de dormir é algo angustiante, pois não entende que as pessoas dormem e depois acordam, não sabe que com a luz da manhã encontrará novamente a mamãe e o papai, e todos os seus brinquedos. É por isso que ele tem necessidade de dormir abraçado ao seu ursinho, que o conforta e o acompanha durante a noite (é chamado de objeto de transição), e pode ser útil também durante o dia, para superar um momento difícil. 


A Descoberta das Palavras - Já há algum tempo, seu bebê se exercita com os sons, aprendeu algumas palavras como mamãe, consegue pronunciar o nome de algumas coisas de seu interesse. Mas a partir do 20° mês, ele inicia uma nova etapa de aprendizado: consegue formar as primeiras frases simples. A aquisição de uma linguagem é um jogo divertido para o bebê, e para encorajá-lo fale bastante com ele, diga o nome dos objetos que usa, das partes do corpo quando você tocá-lo. A capacidade de memorizar e aprender em um bebê desta idade é enorme, e muitos conseguem aprender inclusive algumas palavras numa língua estrangeira. Nesta fase é importante falar com ele corretamente, evitando modificar as palavras num linguajar infantil, para ajudá-lo a pronunciar de forma correta as novas palavras aprendidas. A medida que os meses passam, a linguagem de seu filho será cada vez mais complexa e articulada, e ao completar 2 anos, muitos são capazes de falar frases de senso completo e de se fazer entender perfeitamente bem. Nesta fase inicia outro período difícil para os pais, pois começa a fase dos "porquês"... ele constantemente irá questionar "o que é", "quem é", "porque é", e este é o seu modo de obter a atenção da mãe e de descobrir o significado das coisas.

O Sentido Social: quando os bebês começam a falar e a andar, normalmente ele se torna mais sociável. Naturalmente, também neste caso dependemos do caráter de seu filho: existem crianças mais reservadas que não apreciam a companhia de estranhos e outras mais extroversas que se mostram mais disponíveis a fazer novas amizades. A primeira impressão que eles fazem deles mesmos é muito importante, juntamente com a relação que tem com a mamãe, o papai e os outros adultos de seu meio familiar. Os bebês que têem a sensação de serem amados e aceitos, geralmente crescem mais serenos, confiantes e disponíveis para com o mundo externo.


As boas maneiras: no segundo aniversário, os bebês conquistaram grande parte de suas capacidades sociais... sabem chamar a atenção de um adulto quando precisam, sabem expressar seus próprios desejos com gestos e palavras. Mas principalmente conseguem compreender o que os adultos querem dele e também consegue se adaptar a isto. A boa educação é uma premissa fundamental para se viver em sociedade, mas também é um conceito abstrato e ainda incompreensível para seu bebê. É necessário desde a primeira infância, educar seu flho a ter um comportamento respeitoso com as outras pessoas. Não só ensinar e educar seu filho com as boas maneiras, mas é importante lembrar que os bebês são grandes imitadores. Fale com ele como um adulto e ele se sentirá levado a sério, e fará de tudo para imitar você e seguir o modo como você se comporta.


A disciplina: os bebês precisam de liberdade para aprender e crescer de forma sadia. Porém, mais cedo ou mais tarde, é necessário impor certos limites para seu próprio bem. Através das limitações de sua liberdade e algumas proibições, pode-se evitar que se machuquem seriamente. Além do que, as crianças necessitam uma certa limitação, uma certa disciplina, um freio em suas atitudes, pois ela com isso sente que você se importa com o que ela faz, como e porque ela faz, e isso contribue para que ela cresça mais ciente de sua posição na sociedade e também mais segura e confiante.


É ainda muito cedo para que ele entenda porque você o proíbe de correr no meio da rua, ou de levar tudo o que encontra à boca. Prever as consequências de suas ações é ainda muito difícil, porém depois do 20° mês ele consegue entender uma ordem e obedecê-la. Se você disser um não decidido enquanto ele faz algo perigoso, por exemplo, quase sempre ele lhe dará atenção. As punições severas, os castigos exemplares, ou as ameaças terrificantes, são atitudes erradas com crianças tão pequenas, pois só conseguem provocar medo e terror e favorecer um comportamento de rebelião. Na prática, é como se o bebê entendesse que o único relacionamento possível é o da força: e então ele logo se adaptará a isso respondendo com os mesmos instrumentos. Lembre-se que as ameaças e punições somente avisam ao bebê que ele agiu de um modo errado, mas não ensinam nada que o faça entender como deveria ter agido. Deixam somente as marcas do poder dos pais e de sua própria frustração, mas não o fazem jamais sentir-se "capaz de ser bom".
Turbine seu bebê
Gerando estímulos no momento certo você pode fazer a inteligência do seu filho decolar. Os especialistas podem até discordar sobre os diversos caminhos que se oferecem para o desenvolvimento da inteligência na infância. Mas numa coisa todos concordam: da gestação até aproximadamente os seis anos, a mente está no seu melhor momento para assimilar novas informações, sem os bloqueios que mais tarde tornarão o aprendizado mais difícil.

"Os pais não precisam comprar discos adaptados para bebês", diz Luiz Celso Vilanova, neurologista da Universidade Federal de São Paulo. "Os CDs que os pais têm e curtem vão estimular o bebê do mesmo jeito."

O recado é claro: bom senso nunca é demais, ninguém precisa ficar obcecado pelo desenvolvimento mental de seu filho a ponto de leva-lo a uma mostra de cinema iraniano ou obriga-lo a ouvir as óperas completas de Wagner. Tampouco os pais, por outro lado, devem subestimar a capacidade dos bebês. Aqui estão algumas das dicas dos especialistas para turbinar a inteligência do seu rebento no momento certo.

Durante a gravidez

Não há porque se sentir ridículo falando com alguém que está dentro de uma barriga. O bebê ouve a partir do quinto mês de gravidez e conversar faz com que ele se acostume à voz do pai e da mãe. Se você contar histórias simples e repetidas, depois do nascimento ele pode até ficar mais calmo quando as ouvir novamente.

0 a 3 meses

Quando o bebê chorar, fale para mostrar que está por perto antes de atende-lo. A rotina para comer ou dormir dá segurança e o ajuda a ter noção de ordem. Cante e converse com o rosto perto dele. Massageá-lo desenvolve o tato e a capacidade afetiva. Use brinquedos como móbile e dê objetos de cores vibrantes para ele pegar, como mordedores e chocalhos.

3 a 6 meses

Ele já segue os objetos com o olhar. Brincadeiras do tipo "esconde-achou" ajudam-no a controlas os sentimentos de tristeza pela perda e de alegria por reencontrar o objeto. Os pais devem conversar com ele com bastante freqüência.

6 a 12 meses

É o momento em que a área de linguagem está no seu momento chave. A partir do sexto mês, o bebê mostra firmeza para sentar e os pais devem estimula-lo a engatinhar, devem ajuda-lo também a reconhecer sons, odores e sensações táteis. A partir dos 8 meses, já é possível se comunicar com ele por meio de gestos.

12 a 18 meses

Como essa é a fase em que o bebê começa a andar e a pronunciar as primeiras palavras, os pais devem estimula-lo a usar a linguagem e desenvolver sua coordenação motora fina. É também a hora em que a sua capacidade lógica para raciocinar e prever acontecimentos está bem avançada, já é capaz de entender noções de matemática como quantidade e volume.
18 a 36 meses

Os pais podem utilizar cartolinas para familiarizar a criança com as palavras e com os números. Aos dois anos, ela já tem firmeza para rabiscar com um lápis grosso, além de poder brincar com alguns jogos.
3 a 6 anos

Aos três anos, a criança é capaz de entender notas musicais e deve brincar com instrumentos simples, como uma flauta. É bom momento para que ela comece a se familiarizar com uma língua estrangeira.

Fonte: Revista Superinteressante - março de 2001, págs. 72/73.