QUALIDADE DE VIDA

Cesariana x Parto Normal - Parte 2

cesaria1Em prol do parto normal - Especialistas de todo o país explicam por que vale a pena apostar no desfecho natural da gravidez. No início de maio, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal. O motivo? “A cesárea virou um bem de consumo”, acredita Lena Perez, diretora-adjunta do departamento de ações estratégicas do ministério. Só para ter uma idéia, o Brasil é o segundo colocado no ranking da cesariana, atrás apenas do Chile. Em 2006, por exemplo, a cirurgia contabilizou 45% dos partos no país – um número bem distante do índice de 15% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na rede privada, esse número fica ainda mais longe do ideal: 80% das crianças nascem de cesariana.Segundo o governo, o problema não está apenas nessa porcentagem galopante. “Queremos conscientizar as mulheres para que a cirurgia não seja eletiva”, afirma Lena.

Em outras palavras, o objetivo é que as futuras mães não agendem o parto assim que ficam sabendo da gravidez – algo que acontece com freqüência e por motivos nem sempre urgentes. “Algumas escolhem uma determinada data porque vai ser mais fácil reunir a família”, conta o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo.

“Outras querem que o filho comemore o aniversário no mesmo dia do pai.” E o pior é que os próprios médicos acabam incentivando a cesárea: seja por falta de disponibilidade, seja pelo fato de a maioria deles estar mais acostumada a fazer a cirurgia. No fim das contas, mulheres em plenas condições de dar à luz naturalmente se submetem à cesárea sem a menor necessidade. O Bebe.com.br conversou com especialistas de todo o país, que apontaram as principais razões para você considerar com carinho a possibilidade de ter um parto normal.

Dúvidas

Diante da dúvida entre parto normal ou cesariana, as opiniões de dividem sobre qual das duas técnicas é mais apropriada. Na hora da decisão um fator indispensável é que a mulher esteja bem instruída.

O parto normal ou vaginal possui vantagens sobre a cesariana por ser semelhante com o parto natural. É o tipo de parto que proporciona menor risco de complicações para a mãe, a recuperação é muito mais rápida, o risco de infecções é menor, os pontos caem sozinhos, não há cicatriz aparente e há uma maior ligação entre mãe e bebê, uma vez que o bebê pode ser amamentado na sala de parto.

O corpo da mulher é preparado fisiologicamente e anatomicamente para o parto normal. Através das contrações o feto é expulso. As contrações ocorrem em intervalos de cinco minutos e duram entre 60 e 90 segundos. O médico avalia se o colo do útero está totalmente dilatado.

No instante do nascimento, a cabeça do feto chega ao canal vaginal pressionando o períneo. Após o nascimento é liberada também uma grande quantidade de líquido amniótico. A placenta é expulsa em até meia hora depois do parto.

A desvantagem do parto normal é a dor no períneo.

Muitas vezes quando se pensa em parto normal, esse é associado a fortes dores, porém atualmente existem técnicas para aliviá-las. Em casos de dores intensas, é aplicada uma anestesia peridural, que faz com que as mulheres relaxem mais, facilitando a dilatação o que conseqüentemente aumenta a chance de um parto normal.

A anestesia é um procedimento que tem aumentado o número de partos normais no Hospital Universitário, da USP, hospital público de São Paulo.

Parto normal aumenta sensibilidade da mãe ao choro do bebê, diz estudo
Pesquisa foi feita medindo ativação de áreas 'maternais' do cérebro.
Trabalho tem implicações para entender e até prever depressão pós-parto.


Uma pesquisa publicada na revista científica "The Journal of Child Psychology" sugere que pode haver um elo mais poderoso entre mãe que tiveram filhos por parto normal e seus bebês do que aquele que existe entre mães e seus filhos nascidos por cesariana. Segundo os pesquisadores, a primeira categoria de mães é mais sensível ao choro de seu próprio filho, a julgar pelo padrão de ativação cerebral materno, medido com a ajuda de ressonância magnética de duas a quatro semanas depois do parto.
 
Para ser mais exato, a resposta aumentada das mães de parto normal aparece em regiões do cérebro ligadas à regulação de emoções, motivação e comportamentos habituais. A conclusão faz algum sentido diante do aparente elo que existe entre o parto por cesariana e um risco aumentado de depressão pós-parto, verificado em mulheres, e também do cuidado diminuído com a cria presente em animais cujos filhotes não nascem por via vaginal. 

Os conhecimentos atuais sobre o parto normal também indicam que ele ajuda a desenvolver os circuitos cerebrais ligados ao apego pelos recém-nascidos. Exemplo disso é a liberação periódica de oxitocina, o famoso "hormônio da confiança" (ou "hormônio do apego") durante o nascimento natural.
Menos ativas
"Queríamos saber quais áreas do cérebro ficariam menos ativas em mães que têm seus filhos por cesariana", diz James Swain, pesquisador do Centro de Estudos da Infância da Universidade Yale (EUA). "Nossos resultados apóiam a teoria de que variações nas condições de nascimento que alteram as experiências neurohormonais do parto podem diminuir a sensibilidade do cérebro materno humano no começo da fase pós-parto."

Outro detalhe importante: as mesmas áreas ligadas ao esforço do nascimento também influenciam o estado emocional da mãe. "Conforme mais e mais mães optam por ter filhos mais velhas, tendo, portanto, mais chances de passar por uma cesariana, esses resultados vão se tornando importantes. Podem, por exemplo, ajudar a identificar precocemente o risco de depressão pós-parto e atacar o problema", afirma Swain.

Preferência

2008 - Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, cerca de 70% das mulheres dizem que preferem parto normal no início da gravidez. Só que, no final da gestação, cerca de 80% das mulheres que têm planos de saúde optam pela cesariana. Entre as gestantes do Sistema Único de Saúde (SUS), o número de cesarianas é de 26%.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também fez pesquisa parecida e concluiu que cerca de dois terços das mulheres com plano de saúde dizem querer parto normal no início da gravidez. Só que, na hora do parto, mudam de idéia e apenas um terço realmente faz parto natural ou normal. Segundo a gerente assistencial da ANS, Martha Oliveira explica que alguma coisa acontece durante a gravidez, o que acaba convencendo as mulheres que a cesariana é melhor.

São vários os fatores que levam as mulheres a mudarem de idéia. Como por exemplo, o medo do parto normal: de que ele é dolorido e traumático, e que a cesariana é mais segura e chique.

Muitas coisas contribuem para esse tipo de pensamento, por exemplo: quando um parto é mostrado na televisão é que na cesariana a mulher está cercada por médicos e aparelhos de última geração, estando ela calma, tranqüila e sem dor. Mas, no parto normal a mulher aparece descabelada e sentindo muita dor.

O que acontece também, de acordo com a Martha Oliveira, a grande diferença entre as mulheres que têm plano de saúde e as que são assistidas pelo SUS na hora do parto normal, pode estar no acompanhamento. No sistema de saúde público, o parto é feito pelo médico plantonista, que tem tempo disponível para acompanhá-la.
Uma das grandes questões apontadas pela gerente da ANS, é a formação dos médicos, voltada para o incentivo à cesariana visto ser menos trabalhosa e demorada que um parto normal. De acordo com ela, a mudança de idéia entre as gestantes, que acabam preferindo à cesariana, também está associada a isso.

O parto normal é bem demorado, obrigando o médico a deixar o consultório uma tarde inteira, desmarcar outras cesáreas. Uma das soluções apontadas para resolver isso seria, por exemplo, convencer o médico a colocar uma equipe de enfermeiros acompanhando a paciente e ele só chegaria para fazer realmente o parto.

Bom este assunto tem muito pano pra mang e você não pode deixar de participar… envie para nós suas dúvidas e comentários…

Medos e Mitos no Parto Normal
 
Muito provavelmente não existe assunto mais envolto em medos, tabus e mitos do que o tema “parto”.  Quem está ou já esteve grávida um dia sabe bem o que é ouvir da manicura, da vizinha ou de conhecidos próximos, histórias tenebrosas sobre bebês que morrem na barriga, dos bebês que ficam com paralisia cerebral por causa do parto, do líquido que seca, do cordão em volta do pescoço que sufoca o bebê e por aí vai.

A mensagem por detrás das linhas é o de que as mulheres de hoje são mesmo incapazes de parir seus filhos em segurança e que passar pelo parto normal é algo extremamente perigoso e antiquado. De fato, se fosse mesmo assim, nossos antepassados seriam todos paraplégicos, teriam cabeças tortas ou a espécie humana teria simplesmente se extinguido.

Pensando em proteger nossos ouvidos e nosso coração de tamanho “ataque” e fortalecer escolhas conscientes, vamos desvendar aqui alguns mitos que cercam o parto normal, tendo como norte as evidências científicas e algum conhecimento sobre fisiologia do parto.

Falta de dilatação – “Meu útero não dilatou e teve que ser cesárea.”

Tecnicamente falta de dilatação não existe. Existem tempos diferentes para cada mulher dilatar. É muito comum ver mulheres chegando cedo demais no hospital, ainda em pródromos ou em um falso trabalho de parto.  Pode acontecer sim uma evolução difícil da dilatação, ou uma dilatação que estaciona em alguns cm e não vai para frente. Provavelmente alguma “interferência” do ponto de vista emocional ou até mesmo do ambiente externo (excesso de luzes e pessoas observando, ar condicionado forte, clima tenso) pode estar interferindo negativamente e caberia à assistência eliminar tais estímulos e ajudar a mulher a enfrentar seus medos e ir em frente.

Cordão umbilical enrolado – “O cordão estava em volta do pescoço do bebê, se fosse parto normal ele iria se enforcar e morreria.”

Pra começo de conversa mais de 30% dos bebes nascem com circular de cordão e nascem de parto normal muito bem, obrigado. O cordão umbilical é bem comprido e é preenchido de uma gelatina elástica e todo torcido, preparado justamente para não interromper o fluxo de sangue se for dobrado ou enrolado. O bebê recebe oxigênio através do sangue que passa pelo cordão umbilical e não respira pelos pulmões justificando que iria sufocar, enforcado no cordão.  Pode acontecer alguns casos raros (bem raros mesmo) de haver um cordão umbilical curto demais, o que impediria a saída do bebê do útero se estivesse com circular. Isto seria detectado durante o trabalho de parto (pela escuta dos batimentos cardíacos do feto) e aí sim uma cesárea seria necessária e bem vinda.

Medo da dor - Muitas mulheres dizem que não conseguiriam passar por um parto normal por serem muito sensíveis à dor.

Na verdade não sabemos como é a dor do parto antes de passar por ela. Não sabemos como iremos reagir. A dor do parto é sábia, vem em ondas dando um intervalo de descanso entre uma onda e outra, nos permitindo recuperar as forças. A dor faz com que o organismo libere diversos hormônios fundamentais para este período, que irão interferir até mesmo na amamentação. Um destes hormônios é a endorfina, que é um analgésico natural. Nos sentimos como atletas no final de um grande jogo. Mesmo com dor, mesmo com contusões, seguimos adiante em busca da vitória e do grande prêmio que é ter o bebê nos braços no final da partida. O processo da dor permite que nos descubramos cada vez mais fortes e capazes. Quantas mulheres não se surpreendem com a força que têm depois de um parto! E esta força nos garante muita confiança para cuidar de um recém-nascido. Vale a pena tentar e conhecer de perto as diversas técnicas de alivio de dor e desconforto como o uso da água, posições, massagens e até mesmo a anestesia na fase final do parto.

Cesárea é um procedimento indolor – “Tenho muito medo da dor do parto, então já marquei a data da cesárea.”
Eis um grande mito. O corte da cesárea geralmente dói de forma contínua por algumas semanas ou até meses depois do parto.  Bem quando precisamos estar inteiras para cuidar do bebê. Vale a pena lembrar que uma cesárea é uma cirurgia de grande porte, corta sete camadas de tecido, incluindo o músculo abdominal. No momento da cirurgia, estamos anestesiadas, mas geralmente sentindo todo o processo de abrir e mexer com o bebê e com o útero, sensação que pode ser bastante aflitiva para muitas mulheres.

Bacia estreita ou bebê grande demais.

A idéia aqui é que a cabeça do bebê seria maior do que a bacia da mãe e não poderia passar pelo canal de parto. Esta desproporção pode até acontecer, mas em alguns casos raros. O fato é que é tecnicamente impossível saber se o bebê não vai passar antes que o trabalho de parto tenha começado e a dilatação esteja completa. Ou seja, só é possível diagnosticar um caso real de desproporção entre cabeça do bebê e pelve da mãe, no final do trabalho de parto. E, mesmo que se encaminhe para a cesárea, mãe e bebê tiveram muitos ganhos, do ponto de vista hormonal e psíquico, por terem passado pelo trabalho de parto.

Parto demorado – A idéia aqui é que se um parto for muito demorado o bebê estaria correndo sério risco de vida.
Na verdade não existe um padrão de tempo pré-determinado para o parto acontecer. Cada mulher tem um tempo próprio para parir. Um parto pode demorar 1 hora como pode demorar 3 dias.

O que interessa é avaliar adequadamente se os sinais vitais do bebê e da mãe estão bem, o que se faz pela escuta dos batimentos fetais e da pressão e vitalidade da mãe. Enquanto estes sinais estiverem num padrão tranqüilizador, então o parto está no tempo certo.

Parto normal “estraga” a mulher – A idéia aqui é de que a passagem do bebê pela vagina alargaria o canal de parto, deixando a mulher “alargada” e  interferindo negativamente no prazer sexual do casal.

Eis um grande mito. O canal por onde passa o bebê é como um diafragma , a vagina e o períneo (musculatura que envolve a entrada da vagina e ânus) são grandes e fortes músculos e sendo assim, tem a capacidade de relaxar e contrair, voltando ao tamanho normal ou muito próximo ao normal depois do parto.  A vivência do parto e a percepção de que é possivel utilizar esta musculatura pode melhorar e muito a vivência sexual da mulher e de seu parceiro. A melhor forma de prevenção da frouxidão da vagina ou da bexiga é através de exercícios que podem ser feitos com o períneo.  Evitar o parto normal ou submeter-se a episiotomia - corte cirúrgico feito na vulva e vagina para acelerar o parto – para evitar de ficar “ alargada” é um grande mito cultural hoje impregnado em nossa sociedade e que vem sendo lentamente revisto pela literatura científica.

Mais mitos e medos ainda povoam a idéia de parto na nossa cultura atual. Falar sobre todos daria certamente um extenso livro. Mas vale aqui lembrar que o gênero humano teve mais de 2 milhões de anos para aperfeiçoar a fisiologia da gestação e do parto. Se herdamos defeitos, herdamos também soluções adaptativas. Talvez jogar luz do conhecimento sobre mitos e medos culturais da nossa atualidade seja um caminho necessário para os dias atuais.

Eleonora de Moraes

Psicóloga, doula (acompanhante de parto) e educadora perinatal

Coordenadora do Despertar do Parto

O retorno ao parto normal

Eduardo Gama - primeira cesariana em que mãe e filho sobreviveram só foi realizada em 1794, nos Estados Unidos. Na década de 40, a cesariana tornou-se uma cirurgia utilizada com sucesso em partos de alto risco. Atualmente ela é tão comum que médicos e organizações de saúde estão preocupados com a substituição do parto normal pela operação cirúrgica.

Nos Estados Unidos, 25% dos partos são realizados por cesariana. Segundo Ashley Hill, médico do departamento de obstetrícia e ginecologia do Florida Hospital, a chance da mãe morrer durante uma cesariana é de 20 para cada 100 mil. "Embora este não seja um número especialmente alto, é bem superior ao do parto normal", afirma. No Japão, a porcentagem de cesarianas é de 8% do total de partos, e no Reino Unido, 10%. Por que a diferença entre os países é tão grande? Segundo pesquisa realizada pela Universidade Brown, nos Estados Unidos, os médicos e gestantes optam pela operação porque o parto normal pode demorar mais.

No Brasil, um levantamento feito em 1997 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) revelou que 36% dos bebês nasciam por cesariana. O elevado índice de cirurgias preocupou o Ministério da Saúde, que tem realizado, por meio do SUS, a campanha "Parto Normal é Natural". Essa ação está incentivando médicos e gestantes a ver o parto normal como primeira opção para os nascimentos. O Ministério da Saúde, limitou em 35 os partos cirúrgicos reembolsados pelo Governo. Caso a maternidade supere esse número terá de arcar com as despesas. Para incentivar o parto normal, o Governo passou a reembolsar os analgésicos utilizados e o valor pago nesse procedimento. Em um ano, o número de cesariana caiu 4,1%.

Com a campanha em andamento, já é possível verificar alguns resultados. Na região norte de Minas Gerais, a Maternidade Caldas Barbosa iniciou um programa de qualidade em assistência à gestante. Com a implementação da iniciativa, a porcentagem de cesarianas caiu de 41% para 25% em 3 anos. Esse índice, apesar de alto, é considerado aceitável, pois a Maternidade Caldas Barbosa presta assistência à mulheres que apresentam gravidez de alto risco.

A cesariana só se torna um bom procedimento quando há riscos para mãe ou filho. Em relação ao parto normal, apresenta de 7 a 20 vezes mais chance de infeções e complicações para a mãe. Em cirurgias marcadas com antecedência, a chance da mãe ter alguma hemorragia é 8 vezes maior, pois o útero não segue o curso natural dos acontecimentos.

Por que a cirurgia é tão usada por médicos? O motivo mais alegado é o tempo de espera até o nascimento do bebê. O parto normal pode durar até 10 horas, enquanto a cesariana leva em média 40 minutos. Entre os médicos, a cesariana é chamada "Parto-Guarujá", já que permite a "previsão" do nascimento do bebê, principalmente às quintas-feiras. Outro fator é a falta de informação das gestantes, que acham a cesariana um processo indolor. Entretanto, a recuperação é mais lenta que no caso do parto normal.

O Amparo Maternal, hospital de São Paulo que atende gestantes sem condições financeiras, realiza certa de 35 partos por dia. O diretor, Emílio Ferranda, diz que não se pode desprezar o parto cirúrgico quando há risco para a mãe. "Mas aqui esperamos para analisar qual é a melhor solução para cada caso, porque nós não trabalhamos com pressa". O Governo Federal acaba de indicar o Amparo Maternal como centro de formação de mão-de-obra especializada para o parto normal.
Parto Normal e Cesariana
Parto normal ou cesariana são duas técnicas bastante discutidas, sobre qual a mais adequada, quais são os riscos, resultando em divisão de opiniões.

Ao contrário do que se pensa, o parto normal não é visto somente como sinônimo de dores fortes, pois hoje existem muitas técnicas para aliviá-la com o auxílio da anestesia.

O parto normal possui maiores vantagens sobre a cesariana, ele oferece recuperação mais rápida, menor chance de infecções ou hematomas, os pontos caem sozinhos, a mulher não sofre dores do corte e não há cicatriz evidente.

Quando há um acompanhamento adequado durante a gestação, o parto normal é uma escolha melhor para a mãe e o bebê e menos incisiva, pois a cesariana é uma cirurgia que pode aumentar as chances de adquirir uma infecção. Sendo recomendada somente em casos que a mãe ou o bebê apresentam risco.

pnormal1A anatomia das mulheres é preparada para o parto normal, o feto é expulso por meio de contrações, durante as quais o médico avalia a dilatação do colo do útero. A interação entre a mãe e a criança é maior neste tipo de parto, já que o recém-nascido pode amamentar na sala de parto e tem uma respiração melhor. A desvantagem do parto normal é a dor no períneo. O trabalho de parto pode durar mais de dez dias, por isto tolerância e paciência são importantes para esperar o momento ideal do bebê nascer. Um mito que permeia a cabeça de muitas mulheres em relação ao parto normal está relacionado com a falta de prazer sexual, o que não é verdade, pois este tipo de parto não proporciona prejuízo a vida da mulher após dar a luz.


Parto Normal X Cesariana


Dr. José Bento - Semanas atrás, uma revista de repercução nacional publicou um artigo sobre as cesarianas que me deixou estarrecido.

 

Mostrou os avanços cirúrgicos e anestésicos de uma cesariana convocando as mulheres a não se sentirem culpadas por escolherem essa via de parto e justificando as indicações por parte dos médicos para atender a sua clientela.

Vejam como um artigo pode destruir o esforço das campanhas realizadas pelo Ministério da Saúde, pela Associação Paulista de Medicina e por vários meios de comunicação que tentaram orientar pacientes, médicos e trabalhadores da área de saúde no sentido de mostrar que o parto normal é a melhor opção tanto para o bebê como para sua mãe.

Vários trabalhos científicos mostram que a cesariana mata 5 vezes mais que o parto normal. O risco de infecção é 11 vezes maior além de deixar maior quantidade de sequelas cirúrgicas se for comparado com o parto normal. E o risco de prematuridade? De hemorragias? De lesões intestinais e na bexiga? Disso o artigo não fala.

A cesariana é um ato cirúrgico de médio porte que é fantástica quando bem indicada mas que pode se transformar num pesadelo quando praticada aleatoriamente como muitos assim o querem.

A evolução de um parto é uma arte que deve ser aprendida e não apedrejada. A cesariana é uma conduta com indicações precisas e não uma solução "cômoda" para a equipe médica ou para a família.

Como Planejar sua Gestação - Uma boa preparação para receber o bebê deve começar 6 meses antes de engravidar, evitando assim complicações com o feto e com a própria mãe. Quem está acima do peso deve pensar em entrar em forma bem antes da chegada da cegonha. Mulheres obesas tem maior chance de desenvolver hipertensão arterial e diabetes na gravidez, além de ter maiores dificuldades no parto. Algumas vacinas já podem ser dadas às futuras mães antes da gestação como a contra rubéola, contra hepatite B e contra o tétano. Cigarros devem ser postos de lado. Parto prematuro, retardo de crescimento intrautero, bebês com problemas respiratórios são algumas alterações associadas ao fumo. O ideal é que a mulher pare de fumar antes de engravidar, ainda mais sabendo que o cigarro pode afetar até sua fertilidade. Quanto antes tomar essa decisão melhor para sua saúde e a de seu filho. E aqui vai uma boa dica: a mulher que planeja engravidar não pode esquecer dos prazos de carência exigidos pelos planos de saúde. Faça um bom plano para sua assistência na gestação e ao parto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) adverte: a cesariana pode fazer mal à saúde. Um aviso como esse, inexistente é claro, bem poderia ser afixado nos consultórios médicos e maternidades.  A operação cirúrgica que deve seu nome, segundo a lenda, ao nascimento de um dos imperadores romanos Júlio César, vem dominando o mundo, exatamente como costumavam fazer esses antigos e poderosos senhores. O aumento do número de cesarianas é um fato mundial e se deve sobretudo ao avanço tecnológico, facilitador de um diagnóstico tão acurado das condições da criança no útero que, em alguns casos (em centros mais avançados), é possível até mesmo curar certas doenças fetais.

Se antes o feto já se sentia protegido e à vontade em seu elemento, o ventre materno, hoje ele está ainda mais cercado de cuidados, e quase se pode dizer que sua saúde estará garantida ao nascer. Mas essas técnicas inovadoras não justificam, por elas mesmas, o excessivo número de cesarianas no Brasil.

A afirmação é do médico especialista em ginecologia e obstetrícia Dr. Pedro Paulo R. Monteleone, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRM): "As novas técnicas levam a um aumento das cesarianas de 10 a 20 por cento, em geral, mas há regiões no Brasil em que esse índice atinge 80 por cento dos partos, um absurdo", reprova o professor aposentado da Escola Paulista de Medicina. A análise dos dados revela: em média, realizam-se 558 mil cirurgias desnecessárias por ano, que acarretam um desperdício de 84,3 milhões para o SUS (Sistema Único de Saúde) e a ocupação de mais de 1.600 leitos hospitalares por dia.
O "trauma" do parto normal

As razões para esse aumento desproporcional no número de partos cirúrgicos são históricas, e a imprensa teve seu papel nisso. A partir do final da década de 60, a introdução da ultra-sonografia tornou a cesariana mais segura para a mãe e a criança. Além disso, as mudanças de comportamento incentivadas pela Revolução Sexual e o Movimento Feminista geraram mulheres mais ativas e exigentes.

Era comum lermos, em grandes reportagens de jornais e revistas, declarações em que as mães testemunhavam a favor da cesariana, dizendo que seu filho nasceria numa data que lhe seria conveniente, não haveria correrias, a criança nasceria sem o "trauma" do parto normal, etc. A essa visão algo distorcida dos fatos veio aliar-se a conveniência dos médicos: um trabalho de parto normal pode tomar de 4 a 8 horas (e às vezes mais) do tempo deles, enquanto numa cesariana, em condições normais, tudo se resolve em pouco mais de uma hora.
Assim, como diz a expressão popular, uniu-se o útil ao agradável, e foram criadas as condições para que a cesariana sem indicação precisa, predominasse.

Insegurança desgaste

Todos sabemos das más condições da saúde no Brasil. Volta e meia assistimos nos telejornais a reportagens que mostram o péssimo atendimento dispensado à população. No que se refere à assistência obstétrica, essa situação reflete principalmente duas coisas: as deficiências na formação dos médicos (por sua vez, conseqüência direta do descaso votado há décadas à educação) e a má remuneração desses profissionais. Isto resultou, por um lado, em médicos inseguros quanto aos procedimentos mais simples do parto normal e, por outro, desgastados por serem forçados a ter diversas atividades, alguns trabalham em três ou mais locais, a fim de garantirem sua subsistência.
 
Em resumo, mais lenha para a fogueira da opção pela cesariana: mais rápida, e em termos, mais segura. "Quando as coisas não vão bem num parto normal, a família chega e diz: "Se tivesse sido feita cesariana...", explica Monteleone. "Agora, se acontece alguma coisa com a criança nascida de cesariana, a família já não culpa tanto o médico, e diz: "O médico fez de tudo, até cesárea...", completa, revelando que mais esse elemento de pressão sobre o médico tende apenas a tornar o parto cirúrgico ainda mais comum do que já é.
Quando fazer a cesariana

Em que pesem as técnicas avançadas - a nova anestesia para o parto normal, que atenua as dores das contrações, para citar uma delas - a verdade é que, na assistência obstétrica, a maior novidade continua sendo o ultra-som, cada vez mais sofisticado. Graças a ele e a um acompanhamento médico adequado, a mulher que entra em trabalho de parto precisará apenas de uma equipe de saúde bem preparada para assisti-la. Tudo isto possibilitará a correta indicação de se fazer ou não o parto cirúrgico, ou seja, a cesariana não deve ser decidida antes do trabalho de parto, a não ser que se verifiquem qualquer das seguintes...
Indicações precisas:

 A posição da criança não é adequada (ao invés de ela estar de cabeça para baixo, está sentada).
 Não houve boa dilatação do colo do útero.

 A criança é muito grande.

 A bacia da mãe é muito pequena, não dá passagem para a criança.

 Durante o trabalho de parto, surge o sofrimento fetal (demora que pode causar falta de oxigenação), quando esperar o desenrolar do trabalho de parto pode ser prejudicial à saúde do bebê.

 Descolamento prematuro da placenta (que ocasiona hemorragias e falta de oxigenação).


 Encurtamento do cordão umbilical.

 Mãe de primeiro filho idosa.

 Eclâmpsia ou pré-eclâmpsia (acesso convulsivo da parturiente).

 Insuficiência placentária.

 Sensibilização do feto pelo fator Rh.

O pré-natal

Embora durante o pré-natal não se tenha, na grande maioria dos casos, a indicação de que o parto será ou não normal, em algumas situações é possível saber de antemão o que será mais conveniente. Dessas situações, as mais comuns são quando a mãe sofre de pressão alta ou é diabética, condições em que a cesariana será obrigatória. Fora destas e das antes descritas, no entanto, o correto é esperar o início do trabalho de parto e aguardar sua evolução. Se tudo correr bem, não há motivo para realizar a cesariana.

Transformar gratuitamente (isto é, sem indicações precisas) um ato fisiológico, o parto normal, em ato operatório, parto cirúrgico, traz muitas desvantagens para a mulher. Entre elas, destacamos a possibilidade da chamada infecção puerperal ou pós-parto, 30 a 40 vezes maior numa cesariana que no parto normal. O quadro comparativo desta página revela outros detalhes.

Esclarecer para conscientizar

O Brasil é o campeão mundial em parto cesariano. Enquanto, em países mais desenvolvidos (Estados Unidos, Canadá, etc.), o aumento desses índices é visto com grande preocupação, aqui, pouco ou quase nada se faz para reverter esse estado de coisas. Embora já tenha incluído o pagamento da anestesia para o parto normal na tabela de assistência ao parto do SUS, o Ministério da Saúde tomou outra atitude que é, no mínimo, discutível do ponto de vista de se encontrar uma solução para o problema: se um hospital ultrapassar os 40% de cesarianas na quantidade de partos, o que exceder esse índice não será reembolsado pelo SUS. "Acho que essas atitudes não dão resultado", pondera Monteleone.

"Se os problemas fossem resolvidos somente pela legislação, teríamos uma saúde de Primeiro Mundo", acredita o médico. Ainda segundo ele, a melhoria da assistência obstétrica no Brasil não é uma questão de implementação de alta tecnologia: "A assistência ao parto é simples, e a introdução dessa tecnologia vem fazendo com que os médicos se esqueçam disso", observa. Há cerca de dois anos, o CRM realizou no Estado de São Paulo, com o apoio do Conselho Federal de Medicina, da Secretaria de Saúde do Estado, do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e de algumas secretarias municipais, a campanha "Natural é o Parto Normal".

Através da realização de simpósios com a participação de profissionais da área de saúde e das respectivas comunidades em que foi apresentada, essa campanha visou esclarecer a população em geral quanto à importância de se realizar o parto cirúrgico somente quando se verificarem as indicações precisas apresentadas nesta reportagem. "Levamos isto para mais de 50 cidades e, em alguns lugares, já podemos notar os resultados. Mas é lógico que não se vai reverter uma situação que levou quatro décadas para se estabelecer num simples passe de mágica", analisa o presidente do CRM.
 
"Procurar outra opinião"

Para todas as mães, o conselho do Dr. Monteleone, baseado em seus 34 anos de experiência em ginecologia e obstetrícia, é categórico: "A gestante deve, durante o pré-natal, conversar sobre a dinâmica do parto com o médico, procurando desfazer dúvidas. Se o médico indicar a cesárea e ela não ficar muito convencida disso, ela deve procurar outra opinião", recomenda. "Toda mulher deve procurar ter um parto normal ou pelo menos entrar em trabalho de parto e tentar; se não for possível, a operação cesariana não é um insucesso, é a resolução do problema.

O que não é aconselhável é fazer uma cesariana sem que haja necessidade", arremata. Para além de todas as discussões a respeito, o fundamental é que a mamãe e o bebê desfrutem de toda as informações e infra-estrutura necessárias para que possam, uma continuar e o outro nascer saudável. Somente assim "parto" deixará de ser sinônimo de coisa difícil e passará a ser visto como deve ser: um fato normal da vida.

Saiba as diferenças entre o parto normal e a cesariana

E agora? A difícil escolha entre o parto normal e a cesariana.

momento do parto é um dos mais delicados para a mãe e o bebê, mas os avanços tecnológicos e o acompanhamento médico durante a gestação permitem à mulher opções diferentes, de partos confortáveis e seguros.

As imagens ou cenas antigas que retratam o momento do parto mostram, na maioria das vezes, a mulher sofrendo, entre contrações e dores, até ter nos braços seu bebezinho chorando. Hoje em dia, principalmente nos grandes centros do país, essa cena pode ser completamente transformada e, de acordo com a saúde da mulher, é possível que ela escolha como quer viver essa experiência. “Os avanços, tanto para os partos normais como para as cesarianas, são muitos nos dias atuais”, afirma Adriana B. Campaner, ginecologista e obstetra da Santa Casa de São Paulo.

De acordo com a médica, o desenvolvimento de cada caso e as condições gerais da mãe e do bebê são fundamentais para a escolha do parto. “Existem situações em que a cesariana é necessária, como nos casos de descolamento prematuro de placenta ou de placenta prévia – quando a mesma está localizada na frente do colo do útero. A cirurgia também é indicada quando a gestante apresenta problemas de dilatação, tem hipertensão arterial, já passou por duas ou mais cesarianas – quando há risco de rompimento do útero –, entre outros”, explica ela.

A ginecologista ressalta que a gestante precisa conhecer as diferenças entre esses dois tipos de parto. Ela deve estar informada e orientada por um médico para escolher a melhor maneira de dar à luz. “O parto normal apresenta recuperação muito mais rápida, mas a mulher corre o risco de ter flacidez na musculatura do períneo. Já a cesárea, possibilita que a família programe a hora da chegada do bebê, mas há o risco de infecção cirúrgica, por exemplo.” A médica aponta um dado interessante: em hospitais públicos, 30 a 40% dos partos são cesarianas; em maternidades particulares, esse número sobe para 80% dos casos.

“A maioria das mães com poder aquisitivo mais alto querem programar a data de nascimento do bebê e driblar a dores do parto normal”, afirma Adriana.

O parto normal é reconhecido por médicos como o mais natural e menos invasivo, pois acontece na hora exata em que mãe e filho estão preparados e, atualmente, as inconvenientes dores podem ser amenizadas por meio de anestesia. “Hoje, aplica-se uma anestesia especial que não impede as contrações. Além disso, os obstetras costumam fazer a episiotomia – corte na lateral da vagina, que amplia a passagem do bebê”, diz a médica. Vale lembrar, que um trabalho de parto normal pode demorar até 12 horas para ser finalizado.

A médica percebe que ocorre um resgate dos partos mais naturais, mas alerta para que as mulheres não deixem de se preocupar com a estrutura que as cerca. “Muitas mães optam por partos naturais, de cócoras, dentro d’água ou até mesmo em casas de parto. Essas alternativas são benéficas, desde que haja permissão médica e atendimento adequado para qualquer emergência”.

Entre as vantagens da cirurgia cesariana, está o controle maior de todo o processo de parto, o que permite intervenções médicas mais rápidas. O incômodo está no pós-parto, já que o período de recuperação e cicatrização pode durar de uma semana a dez dias. A anestesia usada ultimamente
retarda as dores pós-operatórias por até dois dias.

Para amenizar o inconveniente, existe também uma nova técnica cirúrgica conhecida por Cesárea Minimamente Invasiva. O novo procedimento foi criado em Israel e tem intuito de diminuir o trauma ocorrido com a abertura de sete camadas de tecido abdominal para a saída do bebê. Desta forma, o médico consegue realizar o parto com aberturas menores, o que facilita a recuperação da mulher. Segundo o pediatra homeopata, Antonio Miguel Zarvos, o bebê terá vida tranquila e saudável, independentemente do tipo parto, se o procedimento for bem feito. Caso a mulher possa escolher o tipo de parto, o médico prefere o normal, pois acredita ser o mais apropriado para a mulher e a criança. “A cesariana é indicada em casos de necessidade médica. Se a mãe estiver com boa saúde e acompanhada pelo médico, o parto normal é sempre indicado.” Zarvos defende o método como o mais correto, já que, como o próprio nome diz, é natural. A mulher é preparada fisicamente e psicologicamente para aquele momento. No caso do bebê, o ato de ser expelido de forma natural proporciona uma massagem nos órgãos internos, que serve para limpeza dos mesmos.

A escolha entre cesariana e parto normal pode ser complicada, mas os médicos garantem que o mais importante nesse momento é haver interação e confiança entre a gestante e o médico. “O diálogo aberto é a atitude mais apropriada para ambos, já que o médico precisa conhecer completamente o estado da gestante, e esta precisa confiar na indicação do profissional ou ser orientada para realizar a melhor escolha”, conclui o pediatra.

Parto: vaginal ou cesariana

Ana Maria Moratelli da Silva Rico

Psicóloga clínica

Sabe-se, atualmente, que mediante uma série de sinais complexos, mãe e criança realizam um compromisso que coloca um fim à duração da gravidez. Neste contexto, os tipos de parto são vivenciados de maneira diversa por cada mulher, pois têm relação com sua história de vida, tipo de personalidade, momento da gravidez e história do casal.

Há mulheres que se sentem seguras para optar pelo parto vaginal espontâneo, com o mínimo de anestesia, cooperando ativamente no processo do nascimento de seu bebê. Geralmente, são gestantes que participaram de treinamento da respiração e relaxamento para controlar as contrações uterinas, em cursos psicoprofiláticos.
Se o parto transcorre sem complicações, a mulher vivencia uma das experiências mais profundas e plenas de sua vida e o vínculo com o bebê se consolida mais facilmente, além de que o nascimento é sentido como uma transição natural da criança, dentro do útero para os braços maternos. Mas, se ao contrário, for vivenciado como doloroso e traumático, a mãe pode se ressentir pelo fato do filho tê-la feito sofrer tanto, o que pode gerar emoções de hostilidade e rejeição em relação a ele.

Durante as contrações uterinas, o bebê encontra-se adormecido, portanto não sente dor. Ele só desperta no momento das contrações finais quando se prenuncia sua expulsão. Estas contrações realizam uma espécie de massagem cutânea na criança e que levam ao amadurecimento final do aparelho respiratório, necessário para o funcionamento na vida aérea, bem como um melhor desempenho de funções como percepção, capacidade de reagir a estímulos ambientais e maior vivacidade, pois eleva o nível de excitabilidade neural, facilitando o desenvolvimento motor e a capacidade de orientação espacial.

Para facilitar a saída do bebê e evitar lacerações e roturas do assoalho pélvico, o obstetra efetua a episiotomia, que é um corte de aproximadamente 4 cm feito no períneo, com anestesia local ou peridural. Emocionalmente, a episiotomia pode ser percebida com grande desconforto nos primeiros dias do pós-parto e, por algum tempo, pode gerar temor de abrir os pontos, quando do reinício das relações sexuais, mesmo que a cicatrização já esteja completa.

Com o parto vaginal, a criança é colocada sobre o ventre materno, estabelecendo um continuamento entre a vida intra-uterina e aérea, pois o bebê, escutando o batimento cardíaco e a voz materna, como também, sentindo seu cheiro e calor, reconhece e mantém os referenciais adquiridos na vida pré-natal. Isto o reassegura e acalma.
Quando a dor se aproxima, as parturientes apresentam maior ou menor capacidade para controlá-la,, pois a história de cada uma entra em jogo. Assim, enquanto que uma se surpreende e esgota todos os seus recursos, a outra enfrentará sem maiores dificuldades. Mas, para grande parte das mulheres, a dor ainda simboliza o parto. Desta forma, quando por algum motivo médico têm que fazer cesariana, sentem-se frustradas, menos mães, por não terem passado por essa experiência ancestral, que é a de sentir as dores do parto normal.

O modo como a parturiente suporta a dor, aceita ou não sofrer tem um sentido que pode ser cultural ou por questões relacionadas a conflitos com sua própria mãe. O importante é que ela saiba que pode recorrer à anestesia peridural durante o trabalho do parto, se a dor lhe parecer insuportável.

Um fator de grande interesse é em relação à duração do trabalho de parto. Enquanto algumas mulheres dão à luz em pouquíssimas horas, outras levam muito mais tempo, sentindo contrações muito dolorosas. Esta lentidão em dar à luz, poderia ser compreendida como a presença de desejos ambivalentes tanto na parturiente quanto no feto. Assim, a futura mamãe poderia estar sentindo uma profunda angústia ante a decisão de manter o filho dentro de seu útero ou de colocá-lo no mundo, renunciando a tê-lo só para si.

No feto também há algo que poderia ser relacionado como o desejo de permanecer na segurança e proteção do útero materno ou ter que enfrentar o mundo desconhecido e, portanto, temido. Trata-se de uma decisão de vida ou de morte. Muitas vezes há necessidade da intervenção médica, para que o nascimento ocorra, principalmente se é constatada a existência de sofrimento fetal.

Alguns obstetras optam por induzir o parto por razões várias. Enquanto que para muitas mulheres é percebido como uma grande violência, para outras, esperar mais tempo é uma violência maior. De qualquer maneira e apesar de ser realizado em condições fisiológicas ideais, o parto induzido é experienciado de forma menos gratificante que o parto espontâneo, pois pelo fato de ser um desencadeamento artificial, demanda mais tempo e sofrimento da parturiente, sem contar que é uma violência para o bebê, pois será retirado do útero antes do tempo. Mas algumas vezes este procedimento é necessário, principalmente se já passou do prazo previsto para o nascimento e o bebê corre o risco de entrar em sofrimento.

O parto sob peridural é uma técnica mais recente e a mais utilizada pelos obstetras, pois anestesia apenas a metade inferior do corpo da mulher. Desta feita, a parturiente pode experienciar um parto sem dor, mantendo-se consciente, participativa e, principalmente, presenciar o nascimento do filho.

Muitas mulheres, entretanto, reclamam da sensação de estranheza por sentir apenas a parte superior do corpo, impedindo-as de movimentar as pernas e de caminhar. Pode surgir, também, o temor de ficar paralítica, uma vez que a agulha é introduzida na espinha.

A desvantagem da peridural e da raquidiana é dificultar a realização da força de expulsão, o que pode ser necessário o uso do fórceps. Isto não ocorre com a anestesia local, realizada na área perineal, mas traz a desvantagem de não aliviar a percepção das contrações finais do trabalho do parto e da expulsão.

Em alguns casos, faz-se necessária a anestesia geral e que leva a parturiente à perda da consciência e, conseqüentemente, ao contato com o bebê logo após a saída do útero e que não lhe permite escutar suas primeiras manifestações na vida aérea.

O maior problema causado por esta anestesia é que o remédio atravessa a barreira placentária produzindo graus variados de depressão fetal. Também se verificou que é mais freqüente a sensação de indiferença materna diante do filho, após a retomada da consciência.

Finalmente temos o parto cesáreo, cuja vivência também é percebida diferentemente entre as parturientes.
Na obstetrícia moderna, a cesariana é indicada e necessária, principalmente se há possibilidade de complicações para mãe e ou para a criança. De qualquer forma, para o feto, a cesariana sempre representa uma forma de violência contra si mesmo. Se realizada sob anestesia geral, há uma quebra intrapsíquica entre a mãe e a criança, o que dificulta o fortalecimento do vínculo entre elas. Quando é possível aplicar a anestesia peridural, que suprime a dor mas conserva a consciência, a mãe pode acolher o bebê no seu primeiro contato com o mundo externo, o que facilita a consolidação da relação vincular.

Há mulheres que insistem na cesárea programada, por temerem que o parto normal deixe a vagina larga ou frouxa prejudicando sua sexualidade. Na verdade, a vagina é suficientemente elástica para dar passagem ao bebê, sem alterar suas dimensões de modo permanente, como também com a episiotomia não ocorre a rotura do períneo.
O impacto de um parto desencadeado de maneira espontânea, sem controle, é outro temor que motiva a atitude materna à extrema passividade que é propiciada pela cesariana, em que o bebê é retirado dela sem sua participação. Essa atitude diante do parto vaginal, principalmente em relação às dores, tem paralelo com a dificuldade de assumir a função maternal de não dar conta do trabalho do parto, como se ainda fosse uma criancinha que precisasse ser poupada.

Para o bebê, a cesárea programada, num momento em que não houve o início do trabalho do parto e quando nada o havia preparado para uma rápida transição para a vida aérea, é percebida como tendo sido arrancado violentamente de seu meio sem que ele e sua mãe tivessem manifestado um sinal biológico ou desejo.

Há de se repensar a cesariana, a pedido ou necessidade, no sentido de humanizar o nascimento do bebê por esta via, para que lhe seja menos traumático e violento, bem como não prejudicar o vínculo que une os pais e ele. Assim, a mãe deve permanecer em comunicação interna com seu filho, dando-lhe sustentação e compreensão do que irá ocorrer. A grande dificuldade é que, neste momento, a mãe também está com muito medo da anestesia, da cirurgia, e o que consegue transmitir para o bebê é um intenso desgaste emocional, o que o fragiliza ainda mais. Em geral, os bebês de cesárea nascem hipotérmicos e tensos.

Para amenizar o sofrimento e o sentimento profundo de ameaça contra sua vida, o bebê deveria ser colocado imediatamente em contato com a mãe, ao sair do útero, para que pudesse manter os referenciais maternos tão conhecidos e amados. Quando isso não for possível, seria ideal o pai acompanhar a equipe nos cuidados de seu filho, falando com ele, uma vez que reconhece sua voz e se reassegura.

Concluindo, se houvesse uma preparação psicológica da gestante, principalmente no terceiro trimestre quando a aproximação do parto é real, a futura mamãe poderia vivenciar e participar mais ativamente deste processo tão emocionalmente intenso, quanto é o nascimento de seu filho, assim como, possibilitar uma tomada de decisão em relação ao tipo de parto com maior consciência e compreensão do que é mais adequado para si e para seu bebê.

Fonte: Blog Parto Humanizado
           
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cesariana
            http://boasaude.uol.com.br/lib/
            http://www.brasilescola.com/biologia/cesariana.htm
            http://www.amigasdoparto.org.br/
            http://familia.sapo.pt/gravidez/parto/
            BBC Brasil
           
http://www.copacabanarunners.net/cesariana.html
            http://guiadobebe.uol.com.br/parto/parto_normal.htm
            http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?319
            http://www.bebe.com.br/gravidez/
            http://www.brasilescola.com/biologia/parto-normal.htm
            Portal G1
           
http://blog.cancaonova.com/minhafamilia/2008/11/18/parto-normal/
            http://www.despertardoparto.com.br/
          INTERPRENSA - ANO IV - Número 36
           
http://www.alunosonline.com.br/biologia/parto-normal/
            http://www.sitemedico.com.br/sm/materias/index.php?mat=756
            http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=1
            http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=375
            http://guiadobebe.uol.com.br/psicgestante/parto_vaginal_ou_cesariana.htm