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Álcool e o Câncer

alcan12015 - O consumo de bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de um câncer? Para prevenir o câncer, não é recomendado ingerir grandes quantidades de álcool, mas, qual é o limite considerado seguro? Quantas doses de cerveja ou uísque entrariam nesse limite? Especialistas recomendam não passar de 1 drinque diário para mulheres e 2 para os homens. O consumo, além disso, já deve ser considerado excessivo e pode aumentar o risco de várias doenças. A maioria das pessoas sabe que o uso excessivo de álcool pode causar problemas à saúde. Mas muitas pessoas não sabem que o uso de álcool pode aumentar o risco de câncer.

Tipos de Câncer relacionados ao Álcool

O álcool é uma causa conhecida de:

Câncer de boca e orofaringe.
Câncer de faringe.
Câncer de laringe.
Câncer de esôfago.
Câncer de fígado.
Câncer colorretal.
Câncer de mama.

O álcool também pode aumentar o risco de câncer do pâncreas.

O risco é diretamente proporcional com a quantidade de álcool consumido:

Câncer de Boca e Orofaringe, Cordas Vocais e Esôfago - Claramente o consumo de álcool aumenta o risco desses tipos de câncer. Beber e fumar concomitantemente aumenta o risco desses tipos de câncer muito mais do que os efeitos de apenas beber ou fumar isolados.

Câncer de Fígado - O uso prolongado de álcool tem sido associado a um risco aumentado de câncer de fígado. O uso excessivo e regular de álcool pode danificar o órgão, levando à inflamação. Isto, por sua vez, pode aumentar o risco de câncer do fígado.

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Câncer Colorretal - O consumo de álcool tem sido associado a um maior risco de câncer colorretal. A evidência para essa ligação é geralmente mais forte nos homens do que nas mulheres, embora alguns estudos tenham detectado uma ligação similar para ambos os sexos.

Câncer de Mama - Mesmo o consumo de poucos drinques por semana está associado a um risco aumentado de câncer de mama em mulheres. Este risco pode ser especialmente alto em mulheres com deficiência de ácido fólico (uma vitamina do complexo B) na alimentação. O álcool pode afetar os níveis de estrogênio, o que pode explicar parte do aumento desse risco. Beber menos álcool pode ser uma forma importante para muitas mulheres a reduzirem o risco de câncer de mama.

Tipo de Bebida

O etanol é o tipo de álcool encontrado em bebidas alcoólicas, sejam elas cervejas, vinhos, licores ou bebidas destiladas. Essas bebidas contêm diferentes percentuais de etanol, mas, em geral, um drinque padrão de qualquer tipo equivalente a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de licor contém aproximadamente a mesma quantidade de etanol. Certamente, bebidas mais fortes podem conter mais etanol.

Em geral, a quantidade de álcool consumido ao longo do tempo, e não o tipo de bebida alcoólica parece ser o fator mais importante no aumento do risco do câncer. A maioria das evidências sugere que o etanol é o responsável pelo aumento do risco.

De que forma o Álcool aumenta o Risco de Câncer?

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A forma exata de como o álcool aumenta o risco de câncer não é totalmente conhecida. Na verdade, podem existir várias maneiras diferentes que levam ao aumento do risco, e isto pode depender do tipo de câncer:

Danos em Tecidos do Corpo - O álcool pode atuar como um irritante, especialmente na boca e na garganta. As células danificadas podem tentar se reparar, o que pode levar a alterações do DNA das células, o que pode eventualmente terminar no desenvolvimento de um câncer. No cólon e reto, as bactérias podem converter álcool em grandes quantidades de acetaldeído, uma substância química que pode causar câncer em animais de laboratório. O álcool e seus derivados podem também danificar o fígado, levando a inflamação, reparação e cicatrização. Ao tentar se reparar, as células do fígado podem adquirir erros em seu DNA.

Efeitos sobre Outros Produtos Químicos Prejudiciais - O álcool pode atuar como um solvente, ajudando outros produtos químicos nocivos, como aqueles encontrados no fumo do tabaco, a penetrarem nas células que revestem o trato digestivo superior mais facilmente. Isso pode ajudar a explicar por que a combinação de fumo e bebida é muito mais susceptível de causar câncer de boca ou garganta do que apenas fumar ou beber. Em outros casos, o álcool pode diminuir a capacidade do organismo reparar o dano causado por estas substâncias químicas nocivas.

Diminuição dos Níveis do Ácido Fólico e Outros Nutrientes - O ácido fólico é uma vitamina que as células do corpo necessitam para se manterem saudáveis. O consumo de álcool pode diminuir a capacidade do organismo em absorver o ácido fólico dos alimentos. Este problema pode ser agravado em alcóolatras, que muitas vezes não adquirem quantidades suficientes de nutrientes, como o ácido fólico na sua dieta. Níveis baixos de ácido fólico podem desempenhar um papel importante no risco do câncer de mama e de câncer colorretal.

Efeitos sobre o Estrogênio ou Outros Hormônios - O álcool pode aumentar os níveis de estrogênio no organismo, um hormônio importante no crescimento e desenvolvimento do tecido mamário. Isto pode ter um efeito sobre o risco de uma mulher desenvolver câncer da mama.

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Efeitos no Peso Corporal - Muito álcool pode adicionar calorias extras na dieta, o que pode contribuir para o ganho de peso. Estar acima do peso é um fator conhecido por aumentar os riscos para vários tipos de câncer.

Outros Efeitos do Consumo de Álcool

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A maioria das pessoas conhece os potenciais efeitos do consumo de álcool a curto prazo, tais como efeitos sobre o humor, concentração, coordenação e discernimento. O álcool pode também ter efeitos a longo prazo sobre a saúde. Estes efeitos podem variar muito de pessoa para pessoa.

Para alguns indivíduos, o álcool é um vício. Beber pode tornar-se pesado ao longo do tempo, levando a graves problemas de saúde e sociais. Alcóolatras que param de beber abruptamente podem ter sintomas de abstinência, como tremores corporais, alterações mentais e convulsões. Em alguns casos isso pode ser fatal. Isso não significa que os alcóolatras não devem parar de beber. Isso significa que eles devem conversar com seu médico para encontrar uma forma segura para parar de beber. Os principais efeitos do uso abusivo de álcool no fígado podem incluir a inflamação (hepatite) e cicatrizes (cirrose) a longo prazo, o que pode levar à insuficiência hepática. O uso excessivo de álcool também pode danificar outros órgãos, como pâncreas e cérebro, além de aumentar a pressão sanguínea.

O uso de álcool em excesso em mulheres grávidas pode afetar o feto, podendo levar a defeitos de nascença ou outros problemas. Por outro lado, o uso de álcool em baixa a moderada quantidade foi associado a um baixo risco de doença cardíaca. O consumo baixo a moderado é geralmente definido como 1 ou 2 drinques por dia para homem ou uma drinque por dia para uma mulher. O benefício potencial de redução do risco de doença cardíaca tem de ser avaliado contra os outros possíveis riscos à saúde. É importante também saber que o risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral, na verdade, aumenta com o consumo de álcool.

Recomendações

O limite recomendado de consumo de álcool é de até dois drinques por dia para homens e um drinque por dia para as mulheres. O limite recomendado é menor para mulheres em função de seu tamanho corporal e porque seus organismos decompõem o álcool mais lentamente. Estes limites diários não significa dizer que se pode beber maiores quantidades em menos dias da semana, pois isso acarretaria problemas à saúde e sociais.

Embora o uso de álcool esteja associado a vários tipos de câncer e outros riscos de saúde, isto é complicado pelo fato de que a ingestão baixa a moderada de álcool tem sido associada com um menor risco de doença cardíaca. Ainda assim, a redução do risco de doença cardíaca não é uma razão convincente para os adultos que atualmente não bebam álcool comecem a beber. Existem muitas maneiras de reduzir o risco de doença cardíaca, incluindo evitar fumar, manter uma dieta baixa em gorduras saturadas e trans, manter um peso saudável, ser fisicamente ativo e controlar a pressão arterial e o colesterol.

Alguns grupos de pessoas não devem beber bebidas alcoólicas:

Crianças e adolescentes.
Pessoas que não têm limites para beber ou que têm uma história familiar de alcoolismo.
Mulheres grávidas ou prestes a engravidar.
Pessoas que vão dirigir.
Pessoas que estão trabalhando com máquinas.
Pessoas que necessitam de atenção, habilidade ou coordenação em suas atividades.
Pessoas que tomam medicações controladas que podem sofrer interferência com o álcool.

Uso de Álcool durante e após o Tratamento do Câncer

Como já mencionado, muitos estudos têm encontrado uma ligação entre o consumo de álcool e o risco de desenvolver certos tipos de câncer. Mas, ainda não está claro se o uso de álcool após o tratamento pode aumentar o risco da recidiva. Em teoria, é possível que o uso de álcool possa aumentar o risco de recidiva, por exemplo, sua ingestão pode aumentar os níveis de estrogênio no organismo, o que pode aumentar o risco de recidiva do câncer de mama. Mas ainda não existem evidências para comprovar estas teorias.

Em pacientes que já foram diagnosticadas com câncer, o consumo de álcool podem afetar o risco de desenvolver um novo câncer.

Existem alguns casos em que o álcool deve claramente ser evitado durante o tratamento do câncer. Por exemplo, o álcool, mesmo que em quantidades muito pequenas, pode irritar feridas na boca causadas por alguns tipos de tratamentos, podendo até mesmo piorar essas lesões. Também pode interagir com alguns medicamentos utilizados no tratamento, aumentando o risco de efeitos colaterais. Entretanto, para pacientes que já terminaram o tratamento, os efeitos do álcool sobre o risco de uma recidiva devem ser discutidos com seu médico. Fatores que podem ser importantes incluem o tipo de câncer, o risco de recidiva, o tipo de tratamento realizado, estado geral de saúde, outros riscos possíveis e os benefícios de beber.

 

Álcool danifica DNA, e provoca tumores e câncer

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05/01/2018 - Má notícia para quem quer aplacar o calor deste verão tomando uma cerveja bem gelada: uma pesquisa da Universidade de Cambrigde comprovou a relação entre o consumo de álcool e o surgimento de tumores. A partir de testes com cobaias, os cientistas mostraram que a ingestão de álcool danifica o DNA das células-tronco, o que eleva o risco de câncer. O estudo foi publicado no periódico científico Nature nesta semana e teve apoio financeiro do instituto Cancer Research, da Inglaterra.

A ideia de que o álcool pode causar câncer não é nova. De fato, ninguém acorda depois de uma bebedeira achando que fez um grande serviço à própria saúde. Pesquisas anteriores, principalmente estudos populacionais que associavam a prevalência de câncer ao consumo alcoólico, já sugeriam que existe uma relação entre a bebida e o surgimento da doença em mais de dez partes do corpo, inclusive os mais comuns no Brasil como intestino e mama.

A novidade é que agora os cientistas conseguiram analisar como um derivado do álcool, o etanal ou acetaldeído, interfere permanentemente no DNA de células-tronco no metabolismo de ratos ao dar altas doses de álcool a cobaias. Os pesquisadores perceberam que essa quebra estimula os cromossomos a se emparelharem aleatoriamente, mudando para sempre as sequências de DNA nas células. O grande perigo de ter células tronco “defeituosas” é que elas conseguem se multiplicar e se alastrar para diversos tecidos do corpo com mais facilidade – um prato cheio para o surgimento de tumores. O etanal é produzido quando o nosso corpo está reagindo ao álcool. E você até consegue senti-lo em ação depois de alguns bons drinks (ou nem tão bons): ele é o responsável por desencadear o mal-estar da ressaca.

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Prova real

Os cientistas também prestaram atenção em corpo se defende do álcool. Uma enzima chamada aldeído desidrogenase (ALDH) é capaz de catalisar, quebrar o subproduto maléfico do álcool. Eles testaram os efeitos nos ratinhos bêbados com e sem ALDH e perceberam que os que não tinham a enzima tiveram seu DNA afetado até quatro vezes mais. A outra má notícia que vem junto com a prova real é que milhões de pessoas ao redor do mundo não possuem essa enzima “anti-ressaca”.

“É importante lembrar que a liberação do álcool e os reparos no DNA não são perfeitos e o que o álcool ainda pode causar câncer de vários outros jeitos, mesmo em pessoas com esses mecanismos de defesa em ordem”, disse o líder do estudo, Ketan Patel. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) elenca o consumo de bebidas alcoólicas como um dos principais fatores de risco para a doença. O número de mortes por câncer no Brasil aumentou 31% nos últimos 15 anos. De acordo com informações da OMS, a doença matou 223,4 mil pessoas no país em 2015. Câncer é a segunda causa de mortes por aqui, atrás apenas de doenças cardiovasculares. No mundo, a estimativa é 8,8 milhões de vítimas por ano – o equivalente a população da cidade de Nova York ou de toda a Áustria.

Fonte: http://www.oncoguia.org.br
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