27/08/2021 - Brasília, 27 de agosto de 2021 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a tributação de bebidas açucaradas como uma das medidas de maior custo-benefício para a saúde, capaz de reverter o crescimento da obesidade e das doenças relacionadas a esta condição. Nas Américas, 64% dos homens e 61% das mulheres estão com sobrepeso ou obesidade - as taxas mais altas do mundo. Um estudo divulgado pela OPAS em maio deste ano revelou que os impostos podem reduzir significativamente o consumo de bebidas açucaradas. Um aumento de 25% no preço desses produtos resultante de impostos ...
mais altos provavelmente levaria a uma redução de 34% em seu consumo. Além disso, tributar esses produtos tem se mostrado particularmente estratégico neste momento de pandemia, pois a obesidade e as comorbidades são fatores de risco para a forma grave da COVID-19. Os impostos sobre bebidas açucaradas estão cada vez mais sendo adotados por governos em todo o mundo e foram implementados em mais de 73 países. Nas Américas, 21 Estados Membros da OPAS aplicam impostos especiais de consumo em nível nacional a bebidas açucaradas, enquanto sete jurisdições nos Estados Unidos aplicam impostos locais a esses produtos.
Tributo saudável no Brasil
Uma das medidas da OPAS e da OMS para estimular a adoção dessa prática exitosa é o apoio à campanha "Tributo Saudável. Bom para a economia. Melhor ainda para a saúde", promovida pela ACT e Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável. O objetivo é chamar a atenção do Poder Legislativo para que a Reforma Tributária no Brasil contemple a tributação eficiente de produtos que causam danos à saúde da população e sobrecarregam o Sistema Único de Saúde (SUS), como é o caso das bebidas adoçadas. Para isso, a campanha angaria assinaturas para uma petição que será endereçada ao Poder Executivo e aos parlamentares brasileiros. É possível assiná-la aqui: https://tributosaudavel.org.br/.
No caso do Brasil, além de reduzir os gastos com tratamento de obesidade e doenças relacionadas, que podem chegar a 34 bilhões de dólares por ano, esses impostos de saúde têm potencial para salvar vidas, gerando receitas estáveis e previsíveis no curto a médio prazo e permitindo ampliar o investimento em ações de promoção da saúde e fortalecimento do sistema de saúde. A adoção desta medida também contribuirá para que o Brasil alcance a meta de reduzir o consumo regular de refrigerantes e sucos artificiais em pelo menos 30% na população adulta, conforme os compromissos assumidos no âmbito da Década de Ação pela Nutrição (2016-2025).
Casos exitosos nas Américas
No Chile, o consumo domiciliar de bebidas açucaradas caiu mais de 20% (23,7%) após a adoção de imposto de 5% sobre o preço final desses produtos. No México, o imposto sobre o preço final foi de 10% e, dois anos depois, as vendas de bebidas açucaradas reduziram praticamente na mesma proporção: em 9,7%. Além disso, houve aumento da venda de água, o emprego no setor se manteve estável e o consumo entre as pessoas de menor renda e as que bebiam esses produtos em maior volume reduziu expressivamente. Como resultado, houve menos casos de diabetes tipo 2, menos infartos e mais recursos para investir no setor de saúde dos países.
O perigo das bebidas açucaradas
30/07/2019 - Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o segundo que mais acomete mulheres no Brasil. Foram estimados 59.700 novos casos para 2019, 51 para cada 100 mil mulheres. Embora a luta contra o câncer de mama tenha ganhado cada vez mais destaque no Brasil, cabe a cada mulher estar atenta às causas não genéticas que podem levar ao câncer, como colesterol alto e até obesidade. Uma nova ameaça à saúde foi comprovada neste mês: bebidas açucaradas.
Uma pesquisa recentemente publicada na revista científica inglesa The BMJ mostrou que meio copo de bebidas açucaradas por dia pode aumentar o risco do câncer de mama em 22%. Os dados são alarmantes! O estudo foi guiado por cientistas do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatística da Sorbonne Paris Cité, com o objetivo de encontrar a relação entre o consumo de bebidas açucaradas, artificial ou naturalmente, e o câncer. As bebidas incluíam refrigerantes, xaropes, sucos de frutas, suco 100% fruta sem adição de açúcar, bebidas açucaradas à base de leite, bebidas esportivas e bebidas energéticas.
Por nove anos foram avaliados 101.257 adultos franceses com média de 42 anos de idade, com questionários on-line de 24 horas, numa dieta com mais de três mil tipos de alimentos e bebidas. No fim do estudo, 2.193 pessoas haviam desenvolvido câncer pela primeira vez. Quase 700 pessoas devolveram câncer de mama, 291 câncer de próstata e 166 câncer colorretal. Em outras palavras, o risco de câncer em geral aumentou 18%, e o risco de câncer de mama aumentou 22%. Esse resultado se deu pela ingestão diária de 100 mililitros (meio copo americano) de bebidas açucaradas.
O resultado do estudo ecoa os dados publicados pelo Global Burden of Disease Study (GDB) em 2017, programa de pesquisa global que avalia riscos de mortalidade. De acordo com o GBD, a ingestão de bebidas açucaradas foi a segunda maior causa de mortes atribuíveis entre 1990 e 2016, logo após o consumo de carne vermelha. Há mais de cem anos, a escritora norte-americana Ellen White ressaltou no livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar que “o livre uso de açúcar em qualquer forma tende a obstruir o organismo, e não raro é causa de doença”. Essas palavras têm sido comprovadas repetidas vezes ao longo do tempo.
Fonte: https://www.paho.org/
http://www.revistavidaesaude.com.br/