Você já parou para pensar que, enquanto escova os dentes com um creme dental fluoretado, pode estar ingerindo uma substância que gera debates calorosos em todo o mundo? Pois é, o flúor – esse íon que a gente conhece como "o mocinho da prevenção de cáries" – tem dado o que falar há décadas. E não estamos falando só de ciência pura e dura; aqui entra política, economia e até questões éticas. Vamos mergulhar nesse tema fascinante?
O Caso Contra o Flúor: Cientistas Pedem Revisão
Em setembro de 2003, mais de 300 cientistas, químicos, técnicos e ambientalistas de 37 países assinaram uma petição pedindo uma revisão séria sobre os benefícios e malefícios da fluoretação da água encanada. O ponto-chave? A ingestão diária de flúor pode ser prejudicial, especialmente porque basta ultrapassar 1 ppm (parte por milhão) para começar a causar problemas nos dentes – sim, aquele mesmo agente que promete protegê-los.
Mas calma, a história não para por aí. Muitas pesquisas realizadas desde então têm ligado o flúor a doenças modernas, inclusive potencializando sintomas em pessoas com autismo. Isso quer dizer que ele causa autismo? Não exatamente. Mas estudos mostram que o flúor pode piorar as condições de quem já tem o transtorno.
Até Que Ponto Podemos Aceitar Intervenções Massivas?
Aqui começa uma reflexão importante: será justo que autoridades decidam, sem o nosso consentimento direto, adicionar uma substância química à água que todos bebemos? Porque isso não é só sobre saúde bucal, né? É sobre controle, escolha e transparência.
E sabe qual é o ponto mais complicado dessa história? A retirada do flúor das águas esbarra em questões econômicas e políticas. Ele é um subproduto da indústria do alumínio, e simplesmente descartá-lo na natureza seria desastroso. Então, ao invés de repensar essa prática, muitos governos preferiram mantê-la, argumentando que doses mínimas ajudariam a prevenir cáries. Parece lógico, certo? Mas será que foi tão bem pensado assim?
Países Que Dizem “Não” ao Flúor
Alguns países já deram um passo atrás nessa história. Desde 2003 (e alguns antes disso), lugares como Canadá, Áustria, Finlândia, Bélgica, Noruega, França e Cuba retiraram o flúor da água e começaram a adicioná-lo ao sal de cozinha. A lógica? Como consumimos menos sal do que água, o risco de ingestão excessiva diminui. Interessante, não é?
E aqui vai um dado curioso: mesmo sem fluoretação nas águas, esses países continuaram reduzindo os índices de cárie. Como? Apostando em educação alimentar , higiene bucal e uso tópico do flúor – ou seja, aplicando diretamente nos dentes em vez de engolir. Na Suécia, por exemplo, onde não há fluoretação, a cárie foi praticamente erradicada graças à conscientização da população. Ah, isso faz todo sentido!
Segue abaixo a resposta de alguns países sobre a não fluoretação de seus suprimentos de água potável:
Alemanha – Interrompido
“Geralmente, na Alemanha a fluoretação da água potável é proibida. A relevante lei Alemã permite exceções para fluoretação. A argumentação do Ministério Federal da Saúde contra uma geral permissão de fluoretação da água potável é a natural problemática da medicação compulsória“. (Gerda Hankel-Khan, Embaixada da República Federal da Alemanha, 16/Setembro/1999).
Áustria – Proibido
“O fluoreto tóxico nunca foi adicionado no suprimento de água Pública na Áustria.“ (M.Eisenhut, Chefe do Dept. de Água, Osterreichische Yereinigung fur das Gas-und Wasserfach Schubertring 14, A-1015 Wien, Austria, 17/Fevereiro/2000).
Bélgica – Proibido
“Este tratamento da água nunca foi usado na Bélgica e nunca será (esperamos) no futuro. A razão principal para isto é a posição fundamental do setor de água potável que isto não é uma tarefa para levar tratamento medicinal às pessoas. Isto é de única responsabilidade dos serviços de saúde.“ (Chr.Legros, Directeur, Belgaqua, bruxeles, Bélgica, 28/Fevereiro/2000).
China – Interrompido
”A fluoretação da água potável não é permitido na China, em conformidade com as normas de Padrão da Água Potável Pública da China. (Gao Xishui, Deputy Director General, Department of International Cooperation, Ministry of Health, China, 1/March, 2000).
Dinamarca – Proibido
“nós somos gratos em informar-lhes que segundo o Ministério Dinamarquês de Ambiente e Energia, fluoretos tóxicos nunca foram adicionados no suprimento de água pública. Consequentemente, nenhuma cidade dinamarquesa jamais foi fluoretada.“ (Klaus Werner, Embaixada Real Dinamarquesa, Washington DC 22/Dezembro/1999).
Finlândia – Interrompido
“Nós não favorecemos ou recomendamos a fluoretação da água potável. Existem meios muito melhores de proporcionar a fluoretação que nossos dentes necessitam.“ (Paavo Poteri, Vice Director de Administração, água de Helsique, Finlandia, 7/Fevereiro/2000).
França – Rejeitado
“Quimicas do fluoreto não são incluídas na lista ( dos tratamentos químicos da água potável). Isto é devido à ética assim como as considerações médicas“. (Loius Sanchez, Direteur de la Protection de l’environment, 25 de Agosto de 2000).
Holanda – Interrompido
“Do final dos anos 60 até o inicio dos anos 70 a água potável em vários lugares da Holanda foi fluoretada para prevenir cáries. Entretanto, em seu julgamento de 22 Junho de 1973 no caso nº 10683 a Suprema Corte determinou que não havia uma base legal para a fluoretação. Após aquele julgamento, uma emenda ao acto do suprimento da água foi preparado para proporcionar uma base legal para a fluoretação. Durante o processo tornou-se claro que não havia apoio parlamentar suficiente para este emendamento e a proposta foi retirada.“ (Wilfred Reinhold, Conselheiro Legal, Directoria de Água Potável, Holanda, 15/Janeiro/2000).
Hungria – Interrompido
”A fluoretação foi interrompida por razões técnicas nos anos 60."
Irlanda do Norte – Interrompido
“O suprimento d’agua da Irlanda do Norte foi fluoretado em 2 pequenas localidades por cerca 30 anos até o ano passado. A fluoretação cessou nestas localidades por razões operacionais. Desta vez não existem planos para começar a fluoretação dos suprimentos d’agua na Irlanda do Norte.“ (C.J, Grimes, Departamento para Desenvolvimento Regional, Belfast, 6/Novembro/2000).
Japão – Proibido
”No Japão decidimos que não há necessidade de fluoretação geral da água potável porque: 1) o impacto da fluoretação sobre a saúde humana varia muito para cada indivíduo e a fluoretação geral pode causar problemas de saúde em pessoas vulneráveis, 2) tabletes de flúoreto podem ser consumidos voluntariamente. (Toru Nagayama, Environment Agency, Government of Japan, 8/March/2000).
Luxemburgo – Proibido
“O fluoreto nunca foi adicionado ao suprimento de água pública em Luxemburgo. Em nosso parecer, a água potável não é o meio conveniente para o tratamento medicinal e as pessoas que necessitam de uma adição de fluoreto podem decidir elas mesmas em usar os meios mais apropriados, como a ingestão de tabletes de fluoreto, para cobrir suas necessidades (diárias).“ (Jean-Marie RIES, Head, Departamento de Água, Administration De L’environment, 3/Maio/2000).
Noruega – Proibido
“na Noruega nós tivemos uma conversa bastante intensa sobre este argumento a 20 anos atrás, e a conclusão foi que a água potável não deve ser fluoretada.“ (Truls Krogh & Toril Hofshagen, Folkehelsa Statens Institutt for Folkeheise (Instituto Nacional de Saúde Pública) Oslo, Noruega, 1/Março/2000).
República Tcheca – Interrompido
“desde 1993, a água potável não foi tratada com o fluoreto nos suprimentos de água pública por toda República Tcheca. Embora a fluoretação da água potável não foi realmente eliminada e não é sob consideração porque esta forma de suplementação é considerada:
Anti-economica (somente 0,54% da água conveniente para beber é usada como tal; o restante e usado para a higiene etc. Além do mais, um crescente número de consumidores (particularmente crianças) estão usando água engarrafada para beber (água subterrânea usualmente com fluor).
Anti-ecológica (carregamento ambiental por substancias desconhecidas)
Anti-ético (“medicação forçada“)
Toxicologicamente e fisiologicamente discutível (a fluoretação representa uma forma desguarnecida de suplementação que negligencia o real consumo individual e a real necessidade de consumo e pode levar a um excessivo risco para a saúde em certos grupos da população; e a formação de compostos do flúor na água em formas não biologicamente activas. (Dr. B. Havlik, Ministerstvo Zdravotnictvi Ceske Republiky, October 14, 1999).
Suécia – Interrompido
“a fluoretação da água potável na Suécia não é permitida… Nova documentação científica ou mudanças na situação da saúde dental que poderiam alterar as conclusões da Comissão não foram mostradas.“ (Gunnar Guzikowski, Inspetor Chefe Governamental, Livsmedels Verket –Administração Nacional dos Alimentos Divisão de Água Potável, Suecia, 28/Fevereiro/2000).
O Impacto no Nosso Corpo: Mais do Que Dentinhos Brancos
Quando você ingere flúor, ele não fica só nos seus dentes. Sabe aquela sensação de "ser absorvido rapidinho"? Pois é, ele é capturado pela mucosa do estômago e intestino delgado. Metade dele sai pelos rins, mas a outra metade? Essa se aloja junto ao cálcio dos ossos e tecidos conjuntivos. Com o tempo, isso pode causar deformações, doenças e até osteoporose.
Estudos indicam que basta ingerir apenas 2 mg de flúor por dia durante 40 anos para que esses danos apareçam. Parece pouco, né? Mas lembre-se: o flúor é cumulativo, igual ao chumbo. Quanto mais velhos ficamos, maior a concentração dele nos nossos ossos. Resultado? Riscos crescentes de rachaduras e fragilidade óssea.
Brasil: Um Caso Especial
No Brasil, a adição de flúor à água começou em 1953, virou lei federal em 1974 e continua sendo defendida por muitos odontologistas. Para eles, a fluorose leve (aquelas manchinhas brancas nos dentes) é um preço baixo a pagar pela redução drástica das cáries. Segundo dados oficiais, a fluoretação reduziu os índices de cárie entre 20% e 60%. Uau, impressionante!
Mas espere... nem todos concordam. Críticos apontam que o método ignora outros fatores cruciais, como boa higiene e alimentação. Pedro Cordeiro, odontologista em Florianópolis, defende que escovar os dentes corretamente três vezes ao dia e ter uma dieta equilibrada são suficientes para evitar cáries. Ele também alerta sobre o uso de cremes dentais fluoretados em crianças pequenas, já que elas podem engolir acidentalmente o produto, aumentando o risco de fluorose.
Quando Menos é Mais: Medidas Seguras
Para evitar problemas, recomenda-se que a quantidade de flúor na água potável seja limitada a 0,6 ppm . Acima disso, especialmente em crianças menores de sete anos, a fluorose pode se tornar mais grave, causando manchas marrons ou até perda de dentes permanentes. E olha só: casos extremos já aconteceram no Brasil, como em Cocalzinho (SC), onde uma fonte natural com 1000 ppm de flúor devastou a dentição das crianças locais.
Flúor e Nazismo: Uma Ligação Inusitada
Agora prepare-se para um fato inusitado: as primeiras pesquisas sobre o flúor foram feitas em campos de concentração nazistas. O objetivo? Acalmar prisioneiros, induzindo-os a um estado de apatia. Hoje, o flúor ainda está presente em diversos medicamentos psiquiátricos, como Diazepam e Valium. Coincidência? Talvez. Mas essa conexão histórica certamente adiciona uma camada intrigante ao debate.
Reflexões Finais: Saúde Pública ou Direito Individual?
Seja qual for o seu lado nessa discussão, uma coisa é certa: o flúor é um tema complexo que vai muito além de dentes bonitos. Enquanto uns defendem sua eficácia na redução de cáries, outros questionam os possíveis danos à saúde geral e os aspectos éticos de impor uma intervenção química à população.
O que você acha? Será que chegou a hora de repensar essa prática? Ou devemos continuar apostando no flúor como aliado indispensável da saúde bucal? Independentemente da resposta, uma coisa é clara: informação é poder. Quanto mais soubermos, melhor conseguiremos tomar decisões conscientes sobre o que colocamos no corpo.