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Mares Traiçoeiros e Mistérios Profundos: A Saga Assombrada do Farol de Tillamook Rock

farolmadito12020 - Os habitantes nativos da região consideravam a pequena ilha, onde o farol seria construído, como um local amaldiçoado. Há relatos de que a tribo local evitava se aproximar da ilha a todo custo, visto como um grande tabu pisar em sua praia pedregosa. Recentemente, um artigo foi publicado no blog Noite Sinistra abordando o misterioso desaparecimento no farol das ilhas Flannan em 1900, possivelmente inspirando o filme "O Farol" do diretor Robert Eggers (acesse AQUI para relembrar).

Contrariando a crença popular, sou não apenas um entusiasta de cemitérios e sepulturas antigas, mas também um grande apreciador de faróis. Essas construções imponentes despertam em mim uma fascinação única, embora eu raramente as associe a elementos sobrenaturais. Após tomar conhecimento do filme de Robert Eggers, iniciei uma pesquisa sobre faróis e encontrei, no excelente site Mundo Tentacular (recomendo fortemente a visita a esse incrível site), o artigo que compartilho com vocês a seguir.

A história de Tillamook Rock

Será uma aura estranha que torna o local desconfortável? Poderia ser uma presença invisível, mas perfeitamente perceptível? Ou talvez uma sombra, fria e imaterial, pairando e criando uma sensação inquietante? Não há como afirmar com certeza, mas é um fato que alguns lugares no mundo carregam algo repugnante, aterrorizante e incompreensível consigo. Certos locais parecem destinados a serem eternamente conhecidos como malditos, e um desses lugares encontra-se nos mares agitados da costa noroeste dos Estados Unidos.

A narrativa começa com uma ilha conhecida como Tillamook Rock, um pedaço solitário de basalto emergindo a cerca de uma milha da costa norte do Oregon em meio a um mar tempestuoso. Ela se destaca desafiadoramente nas águas turbulentas e nas muitas tempestades que assolam a região, batendo com força nas rochas da praia. Sua silhueta recortada assemelha-se a um espectro que emerge na neblina cinzenta, proporcionando um ambiente propício para inúmeras lendas. Os nativos locais consideravam a ilhota como um lugar amaldiçoado, habitado por demônios e espíritos malignos de várias espécies. Diz-se que a tribo local evitava se aproximar da ilha a todo custo, enxergando como um tabu significativo pisar em sua praia pedregosa. Segundo os xamãs, cavernas profundas na ilha abrigavam criaturas não-humanas que se alimentavam da carne dos homens ou os escravizavam. Relatos sobre esses túneis vastos e inexplorados propagaram lendas sobre horrores indescritíveis que persistem até hoje.

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Se espíritos já habitaram a ilha ou não, isso não importa. O local conhecido como Cabeça de Tillamook era, sem dúvida, perigoso desde o início, representando uma ameaça às embarcações que navegavam por aquelas águas tumultuadas. Em 1878, o governo dos Estados Unidos concluiu que o perigo que a área representava para os barcos era considerável demais e exigia medidas urgentes. Para resolver a questão, era necessário construir um farol naquela faixa rochosa. Planos foram elaborados para esse projeto ambicioso.

No entanto, Tillamook Rock, que permanecera por séculos no mar gélido e espumante, e era temida tanto pelos nativos quanto pelos colonizadores, não se mostraria tão fácil de ser controlada. O mapeamento da rocha começou em 1879, e desde o início, surgiram dificuldades. O primeiro homem a chegar, um engenheiro chamado John Trewavas, foi tragicamente arrastado pelo mar por uma onda assim que colocou os pés na praia. Seu corpo foi levado pela água e nunca foi recuperado.

A maioria dos homens designados para trabalhar na construção do farol interpretou isso como um presságio negativo, já que haviam ouvido rumores das lendas dos nativos sobre aquele local amaldiçoado, deixando todos apreensivos. Apesar disso, os planos para erguer o farol avançaram, e em 1880, a construção teve início. Muitos trabalhadores, vindos de lugares distantes e muitos deles não falando inglês, foram contratados para a empreitada sem conhecer as histórias perturbadoras sobre o local.

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Quase imediatamente, contratempos ocorreram, indicando que o trabalho seria desafiador, como se uma força invisível estivesse incomodada com a presença dos forasteiros. Logo após trazer o equipamento e construir um abrigo na praia, uma tempestade violenta atingiu a ilha. Grande parte do material foi perdido, e uma equipe de resgate teve que ser enviada às pressas para trazer os homens de volta. A segunda tentativa ocorreu alguns meses depois, em uma época em que as condições climáticas normalmente eram menos preocupantes. No entanto, outra tempestade impediu os homens de deixar a ilha, deixando-os sem comida ou suprimentos por quase duas semanas. Durante sua estadia, foram atacados por leões-marinhos, enfrentando quase congelamento e definhamento.

AApesar dos significativos desafios enfrentados, uma terceira tentativa foi realizada durante o verão, e embora tenha sido bem-sucedida em estabelecer uma base para iniciar os trabalhos, estes se revelaram extraordinariamente arriscados. Fortes ventos e chuvas inesperadas dificultavam consideravelmente o desembarque do material destinado à construção. Para alcançar o local designado, os trabalhadores precisavam escalar uma seção escorregadia de pedra nua e úmida, carregando nas costas sacos de cimento, tijolos e ferramentas. Inúmeros acidentes e ferimentos ocorreram durante esse processo.

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O projeto, inicialmente planejado para ser concluído em seis meses, experimentou um considerável atraso, totalizando surpreendentes 575 dias até a conclusão do modesto farol. Próximo à data de inauguração, quando a lâmpada estava sendo transportada para equipar o farol, ocorreu um último e grave incidente. A embarcação designada para atracar na rocha, um vapor chamado Lupatia, colidiu com uma rocha numa noite de denso nevoeiro. Dezesseis homens perderam a vida, sendo o único sobrevivente do naufrágio o cão que servia como mascote na embarcação.

Apesar de todos os contratempos, o farol, apelidado de "Terrível Tilly", foi oficialmente inaugurado em 21 de janeiro de 1881. Dadas as condições desoladas e o completo isolamento da rocha, foi decidido destacar uma equipe de quatro faroleiros, em vez de dois, para monitorar o funcionamento do farol. Estes deveriam ser substituídos a cada 42 dias de serviço, recebendo uma folga em terra de 21 dias para visitar a família e descansar da árdua tarefa. Apesar das condições desafiadoras e do bônus salarial oferecido, o trabalho era descrito como verdadeiramente angustiante.

As condições meteorológicas extremas, incluindo o frio congelante, ventos poderosos e longos períodos de furacões com ondas gigantes, aliados à constante umidade, contribuíam para criar as piores condições psicológicas imagináveis. Os guardiões reclamavam incessantemente do ruído contínuo da buzina de nevoeiro a cada 20 segundos. Nada prosperava na rocha; nem mesmo as plantas resistiam à constante exposição ao borrifo de água salgada, cujo odor impregnava o ambiente dia e noite. O cenário era predominantemente cinza e sombrio, com raras aparições do sol, que apenas traziam colônias de leões marinhos à praia.

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Até mesmo as gaivotas atacavam os homens, voando baixo e mergulhando para bicá-los. Residir em Tillamook Rock era, nas palavras dos habitantes, equivalente a cumprir uma sentença de prisão. Uma semana parecia um mês, e 40 dias eram como um ano de tormento. Consequentemente, o trabalho tornou-se indesejado, e era comum que os faroleiros designados fossem indivíduos que haviam recebido alguma sanção disciplinar, sendo conhecidos como arruaceiros. Era mais uma punição do que uma escolha voluntária. A "Terrível Tilly" logo ganhou o apelido adicional de "Moedor de Homens", devido à sua capacidade de gradualmente quebrar o corpo e o espírito de seus ocupantes.

Além das adversidades no trabalho, havia as aterradoras lendas locais. Os faroleiros que retornavam daquele lugar desolado frequentemente compartilhavam histórias sobrenaturais. Relatos simples incluíam o som de passos nas escadas do farol, vozes estranhas sussurrando ou gemendo e gritos durante a noite. Também se mencionava portas batendo e objetos desaparecendo, apenas para reaparecerem posteriormente em locais inusitados. Algumas narrativas mais peculiares eram provenientes de James A. Gibbs, um membro da Guarda Costeira que serviu por um ano no Farol de Tillamook Rock. Em sua primeira noite de serviço, ele afirmou ter avistado formas espectrais na luz do farol, como se estivessem intrigadas com sua luminosidade. Gibbs também relatou experiências como passos e uma inexplicável paralisia que afetou ele e seus colegas durante uma tempestade intensa.

Numa sequência de eventos muito peculiar, ele descreveu uma vez a sensação de uma presença fantasmagórica compartilhando o alojamento dos faroleiros. Essa sombra fez a temperatura no aposento despencar a um nível insuportável, quase congelando o grupo até os ossos. Em outro incidente inexplicável, os homens afirmaram ter visto claramente o espectro de um navio, possivelmente o Lupatia, navegando sobre as águas revoltas numa noite de tempestade. O navio atravessou as pedras e desapareceu entre as ondas furiosas, como se nunca tivesse existido.

Além das histórias de fantasmas, havia também relatos compartilhados pelos nativos sobre cavernas habitadas por monstros marinhos e outras criaturas das profundezas. Por vezes, um som macabro, semelhante mas ao mesmo tempo diferente do canto das baleias, ecoava pela rocha deserta - um lamento longo e melancólico que instigava medo e desespero naqueles que o ouviam.

Diversos indivíduos mencionaram avistar criaturas com escamas movendo-se desajeitadamente entre as pedras, enquanto as ondas quebravam ruidosamente na praia. Qualquer que fosse essa presença, ela observava com interesse, como se aguardasse um momento de desatenção por parte dos homens. Não surpreendentemente, todos permaneciam constantemente alerta, e inesperadamente, os gritos de alguém quebravam o silêncio para apontar na direção de algo que emergia entre as ondas, apenas para desaparecer logo em seguida. Entre as espumas do mar, figuras indistintas surgiam e mergulhavam nas águas geladas, deixando para trás apenas o movimento de uma nadadeira. Os supersticiosos mencionavam serpentes marinhas, sereias, tritões e dragões com corpo de tartaruga e rosto de cavalo. Diante dos olhares arregalados dos faroleiros, a variada fauna das lendas marítimas se desdobrava, multiplicando as histórias.

Uma narrativa particularmente peculiar relata que um faroleiro chamado Digby explorava avidamente as misteriosas cavernas que, segundo os locais, se estendiam até o interior da rocha. Rumores sobre um tesouro oculto nessas grutas alagadas o motivaram a empreender essa busca. Em certo dia, enquanto caminhava sozinho pelos arredores, como era seu hábito, Digby desapareceu sem deixar vestígios. Seus colegas o procuraram por toda parte, concluindo que talvez tivesse sofrido algum acidente na praia. Dias depois, quando a esperança de encontrá-lo havia diminuído, ele ressurgiu, batendo à porta do farol e assustando a todos. Estava pálido, molhado e visivelmente apavorado. Ao levarem Digby para um local seguro, constataram que ele não estava ferido, mas sofria de hipotermia.

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Digby oscilava entre a consciência e a semi-consciência, proferindo devaneios aterrorizantes de tempos em tempos. Os homens que o acompanhavam ouviam, atônitos, relatos sobre "túneis alagados" e "criaturas habitando a escuridão". Embora tivesse encontrado a saída do labirinto, a experiência de passar dias na escuridão impenetrável havia afetado sua sanidade. Quando uma nova equipe chegou para substituir os homens, levaram Digby a bordo, mas ele nunca se recuperou. Terminou seus dias em uma instituição que acolhia almas perdidas, homens que haviam vislumbrado algo inexplicável.

Pelo menos dois suicídios são relatados no farol. O primeiro envolveu um marinheiro que afirmou ter avistado uma serpente marinha e cortou os pulsos devido à lembrança aterradora que persistia em sua mente. O segundo se lançou no coração de uma tempestade, declarando que queria ser levado de uma vez, pois não suportava mais um dia naquela rocha infernal. Histórias assombrosas continuaram permeando toda a ocupação de Tillamook Rock. Após décadas de serviço, o farol tornou-se obsoleto, substituído por outro, maior e mais potente, cuja luz alcançava maior distância, construído na costa. A última equipe a ocupar o complexo deixou o local em novembro de 1957.

Incidentes estranhos persistiram e foram relatados por embarcações que navegavam nas proximidades do insalubre rochedo. Fenômenos inexplicáveis, como aparições fantasmas e luzes brilhando no topo da construção desativada, tornaram-se comuns. Eventuais avistamentos de serpentes marinhas e outros fenômenos menos convencionais também ocorreram. Em uma nota peculiar na já sombria história de Terrível Tilly, nos anos 1980, a rocha foi convertida em um columbário, um depósito de urnas contendo cinzas cremadas. Por alguns anos, o edifício foi conhecido como "Eternidade no Mar" antes de fechar em 1999. Supostamente, as urnas ainda permanecem lá e provavelmente ficarão para sempre.

Em tempos mais recentes, Tillamook Rock tornou-se um santuário de pássaros, integrado ao Refúgio de Vida Selvagem do Oregon e listado como um local de importância histórica devido ao seu passado. A entrada de visitantes na ilha não é permitida. Iniciamos esta narrativa discutindo o que confere a um lugar seu caráter assustador e o que leva uma localidade a ser considerada maldita. Talvez existam lugares destinados a permanecerem isolados, repelindo a presença humana como se fossem organismos vivos que buscam tranquilidade. Se há um exemplo de um local determinado a permanecer solitário, sem dúvida, é o Farol de Tillamook Rock.

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