HISTÓRIA E CULTURA

12 coisas que você não sabia sobre a ocupação nazista em Paris

parinaz topoHistórias da segunda guerra não faltam. Existe uma infinidade de filmes, documentários e livros sobre o tema. Neste artigo, abordamos o período em que Paris esteve sob a aocupação nazista e preparamos 12 acontecimentos que entraram para a história da humanidade. Em sua próxima visita à cidade, tente imaginar algumas das cenas aqui retratadas e entenda melhor tudo o que ocorreu na França neste período tão sombrio de nossa história. 

 

 

1 – Erro na estratégia militar facilitou a invasão da França pelos alemães

A Segunda Guerra começou oficialmente em setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia. A expansão nazista foi bem rápida e em junho de 1940, já havia chegado à França. A Segunda Guerra foi um dos maiores vexames militares da história francesa. Em princípio, o governo francês, na tentativa de deter o avanço alemão, colocou seus soldados na fronteira com a Alemanha, na chamada “linha Maginot”. Contudo, essa estratégia revelou-se totalmente errada, já que os nazistas atacaram a França pela Bélgica, que havia sido conquistada recentemente, chegando quase sem nenhuma dificuldade a Paris em 14 de junho de 1940. No dia 22, a França assinou a rendição.

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2 – Uma nova capital para a França

O acordo firmado pelos alemães e o então presidente francês François Lebrun dividiu a França em duas: a zona ocupada pelos nazistas e a zona não ocupada (zona livre), conforme mostra o mapa acima, governada pelos franceses e com a capital na cidade de Vichy, ao sul, acordo esse que serviria aos interesses dos alemães. Nos termos do acordo, o exército francês deveria ser dissolvido. Além disso, a França deveria arcar com o custo da invasão alemã.

3 – Rendição da França e a vingança de Hitler

Hitler exige que a total rendição francesa se inicie em Compiegne, ao norte da floresta de Paris, o mesmo local da rendição dos alemães na Primeira Guerra Mundial. Hitler inclusive manda trazer à Paris o mesmo vagão de trem (foto acima) onde os alemães assinaram sua rendição 22 anos antes. Hitler pretendia, desta forma, humilhar os franceses e vingar a derrota alemã.

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4 – Trânsito de automóveis civis totalmente proibido

Carros particulares, Taxis e Ônibus foram proibidos de circular pela cidade, sendo permitido somente o trânsito de veículos militares ou com autorização especial dos nazistas.

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5 – Férias em Paris era presente de Hitler a seus oficiais

O Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista Joseph Goebbels (que segundo o testamento de Hitler, deveria ser o seu sucessor) queria passar a ideia de que a “Cidade-Luz” nunca perdera o seu brilho, por isso o turismo em Paris era estimulado para dar a impressão de que Paris sob o dominio alemão não perdera seu charme e encanto. Hitler costumava presentear seus oficiais com férias em Paris. Inclusive foi criado um programa chamado “Paris Para Todos, Uma vez”.

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6 – Obras do Louvre longe dos nazistas

Em 1938, quando Hitler invadiu a Áustria e parte da Tchecoslováquia, autoridades francesas, prevendo o pior, iniciaram a operação de transferência das obras de arte do Museu do Louvre para castelos fora de Paris, longe do alvo dos alemães. Usando empresas de transporte, milhares de obras de arte, embaladas em caixas de madeira seguiram, sem nenhuma escolta ou segurança, para o Vale do Loire. Um total de 5.446 caixas foram transferidas em mais de 200 viagens.

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No dia seguinte da declaração de guerra da França à Alemanha, 3 de setembro de 1939, o Louvre já estava vazio. Nas fotos acima vemos os corredores do Louvre totalmente vazios e a retirada da Vitória de Samotracia, uma das obras-primas do museu. Em 1945, depois da libertação de Paris, as obras foram restauradas e finalmente devolvidas ao museu.

7 – E a festa continuou…

Depois da tomada de Paris pelos alemães, todos os cinemas foram fechados. No dia 25 de junho, depois da assinatura do armistício, sessenta cinemas reabriram suas portas em Paris, dos quais quatro ficaram reservados às tropas alemãs (Soldaten Kino): Rex, Marignan, Empire e a sala do Palais de Chaillot. A partir de julho, foram reabrindo outros cinemas. Apesar do clima tenso, os cinemas, bares e cabarés viviam cheios durante a ocupação, porém os filmes americanos e ingleses foram banidos, assim como o jazz, pois, de acordo com um jornal que colaborava com a ocupação, tinham um sabor “negro-judeu”. Durante a exibição dos filmes de propaganda do poder instalado ou do jornal cinematográfico alemão – que era exibido em versão francesa com o título de “Actualités Mondiales” – os espectadores vaiavam e a projeção continuava com a sala semi-iluminada (foto acima), a fim de que a polícia municipal pudesse identificar melhor os manifestantes. Nas salas de espera, os exibidores colocavam cartazes pedindo ao público que não vaiasse, porque o cinema poderia ser fechado caso isso ocorresse.

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8 – Édith Piaf cantando para prisioneiros franceses

Durante os 52 meses em que Paris esteve ocupada, alguns cantores como Maurice Chevalier e Édith Piaf realizaram turnês musicais nos campos de prisioneiros de guerra franceses, com cachês pagos pelos nazistas, fornecendo propaganda do “bom tratamento” dado a eles pelos alemães.

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9 – Picasso na Paris ocupada

Pablo Picasso optou por permanecer em Paris durante a ocupação, vendendo discretamente seus quadros, porém recusou-se (temendo represálias) a assinar uma petição pela liberdade de um amigo, o poeta Max Jacob, preso pela Gestapo (polícia secreta alemã) — documento que até mesmo colaboracionistas assinaram. Jacob morreu no terrível campo de concentração de Drancy.

10 – Coco Channel espiã de Hitler?

Documentos encontrados recentemente nos arquivos do Ministério de Defesa da França e das polícias secretas francesa e alemã mostram que uma das mais prestigiadas figuras da moda em todo o mundo, Coco Chanel foi a agente F–7124 da Abwehr, a agência de inteligência de Hitler, durante a ocupação nazista da França, de 1940 a 1944. “Wesminster” era o seu código. A revelação é do documentário A sombra da dúvida, apresentado pelo historiador Franck Ferrand e veiculado no canal France 3.

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Chanel e o amante alemão Hans Gunther von Dincklage: encontros na Paris ocupada pelas tropas nazistas.

Segundo Ferrand, Coco Chanel, “uma antisemita, homofóbica e alpinista social” ao voltar a Paris, em 1940, hospedou-se no Hotel Ritz, na Place Vendôme, quartel general das forças nazistas e tornou-se amante do barão Hans Gunther von Dincklage, um agregado militar da embaixada alemã que tinha um alto posto na Gestapo. Sua atuação não se limitou a apontar judeus no mundo da moda. Ela também cumpriu diversas missões de espionagem. Em 1943 seus chefes ordenaram que ela convencesse Winston Churchill, a quem conhecia pessoalmente por ser amigo de seu ex-amante, o Duque de Westminster, a assinar um cessar-fogo com a Alemanha. Churchill nunca a recebeu. Chanel foi viver na Suíça após a libertação de Paris.

11 – O General alemão que salvou Paris da destruição total

Quando os aliados invadiram a Normandia no chamado “Dia D” e as tropas aliadas chegavam perto de Paris, Hitler deu a ordem para deixar Paris arrasada por explosões de dinamite nas pontes e grandes edificios e bombas incendiárias nos bairros centrais. O General alemão Dietrich von Choltitz (foto acima), um amante das artes e consciente do que Paris representa para o mundo, interrompeu as comunicações com o alto comando alemão e negou-se a deixar tudo em ruínas. Desta forma as pontes históricas, o Louvre, e tantas outras edificações se salvaram intactas.

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12 – Os Filhos da Ocupação

Após o fim da guerra, estatísticas apontavam pelo menos 200.000 “filhos da ocupação”, que eram crianças nascidas dos relacionamentos de mulheres francesas com oficiais alemães neste período. Estas mulheres foram reconhecidas como “nacionalmente indignas” e sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas tinham a cabeça raspada. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa. Muitas, não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.

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Na foto principal deste post, podemos ver Adolf Hitler em Paris, com a Torre Eiffel ao fundo, um dia depois da rendição formal da França, em 23 de junho de 1940. À sua esquerda está Albert Speer, Ministro Alemão de Armamentos e arquiteto-chefe de Hitler, e à direita, Arno Breker, professor de artes visuais em Berlim e escultor favorito de Hitler. Um cinegrafista desconhecido visto no primeiro plano, registra a cena que entraria para a história.

Fonte: https://www.parissempreparis.com.br