HISTÓRIA E CULTURA

Efeitos Catastróficos: A Insólita era dos remédio radioativo

radiochar topoMania pseudocientífica do início do século 20, prometendo energia, rejuvenescimento e até mesmo a cura do câncer, deixou sequelas ainda hoje sentidas. A radiação foi descoberta em 1895, por Wilhelm Röntgen. Já no ano seguinte, médicos começaram a fazer experimentos com raios X. Como ninguém ainda sabia dos perigos dessas ondas, charlatões passaram a produzir remédios usando a força misteriosa, prometendo energia, rejuvenescimento e até mesmo a cura do câncer. Ainda mais bizarro: falsificadores - charlatões do charlatanismo - diziam ter radiação no seus remédios, quando não havia. Preocupada com essas fraudes, em 1916 a Associação Médica Americana estabeleceu uma dose mínima de radiação ...

para os chamados jarros revigorantes, que "potencializavam" a água. Hoje a gente sabe, quem foi enganado e não recebeu radiação se saiu melhor que quem comprou o produto legítimo. Isso porque a radiação bagunça o DNA das células e causa mutações ou simplesmente as mata, com efeitos catastróficos. Em 1932, o industrial Eben Byers morreu de tumores múltiplos, que o desfiguraram, após tomar 1.400 garrafas de uma tal emulsão Radithor, recomendada por seu médico. O Wall Street Journal noticiou assim sua morte: "A água de rádio funcionou bem até sua mandíbula cair".

Byers foi a vítima mais extrema da loucura. Não se sabe quantos milhares ou milhões podem ter morrido de forma mais discreta. O escândalo acabou com a era do remédio radioativo, mas há lugares pagando o preço até hoje. Na França, a Agência Nacional de Gestão de Dejetos Radioativos identificou 130 pontos contaminados por remédios ou cosméticos do início do século, 20 deles em Paris, causados principalmente pelos cosméticos da linha Tho-Radia.

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Charlatanismo radioativo

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Charlatanismo radioativo é uma modalidade de charlatanismo que promove indevidamente a radioatividade como terapia para o tratamento ou cura de doenças. Ao contrário da radioterapia, que é o uso cientificamente correto da radiação para a destruição de células (geralmente células cancerígenas), o charlatanismo envolvendo substâncias radioativas pseudocientificamente promove a radiação como energia saudável e cicatrizante para células e tecidos. Seu auge de popularidade se deu durante o início do século XX, após a descoberta em 1896 do decaimento radioativo. A prática declinou amplamente, mas ainda é praticada ativamente por alguns.

Exemplos notáveis

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Radithor, uma solução de sais de rádio, que foi comercializada por seu desenvolvedor William J.A. Bailey como possuidora de propriedades curativas. O industrial Eben Byers morreu em 1932 de ingeri-la em grandes quantidades ao longo de 1927-1930.

Muitas marcas de pasta de dente recebiam substâncias radioativas que alegadamente tornariam os dentes mais brancos, como a pasta de dente radioativa Doramad.

Banho e águas balneares foram anunciados positivamente como sendo "altamente radioativos" e como tendo "valor curativo"; p. ex.; em um relatório do suplemento do jornal neozelandês Thames Star, em 1912.

Potes Revigator, que adicionavam radônio à água potável.

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Casas de areia de urânio, onde os pacientes se sentavam em bancos em uma sala redonda com piso composto de areia levemente radioativa (geralmente areia de praia com minerais triturados como a carnotita). Elas foram populares nos estados americanos de Utah, Novo México e Colorado durante a década de 1950.

Deitar-se em uma caixa estreita com areias que supostamente continham minério de urânio, foi promovido como tratamento para artrite, bursite e reumatismo em 1956.

 

O homem que bebeu suco radioativo até que seus ossos se desintegrassem e sua mandíbula caísse

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17/02/2021 - Em 1896, o físico Henri Becquerel descobriu as propriedades radioativas do urânio. Em seguida, o casal de físicos Marie e Pierre Curie descobriram que outros elementos químicos como o polônio, o tório e o rádio também emitem radiação. Segundo o IFLS, não tardou até que as pessoas, empolgadas com a descoberta, começassem a criar produtos como a pasta de dente radioativa. Em 1927, o playboy esportista Eben Byersm caiu da cama de um trem e machucou o braço, o que teria prejudicado o seu desempenho nos esportes e no sexo. Para aliviar a dor, um médico receitou a ele uma bebida chamada ‘Radithor’ (possivelmente porque seu inventor oferecia dinheiro aos médicos por cada bebida prescrita).

Por coincidência ou placebo, a dor de Byers desapareceu e ele a atribuiu a cura milagrosa ao Radithor, que era essencialmente rádio diluído em água. A partir de então, ele se convenceu dos benefícios da bebida e passou a enviar caixas do produto a colegas de trabalho e namoradas.

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O playboy deu Radithor até mesmo aos seus cavalos. Ele próprio afirmou ter bebido 1.400 frascos de 15 ml da bebida (que era cara). Após alguns anos, ele começou a perder peso, ter dores de cabeça e muitos de seus dentes começaram a cair: «Toda a mandíbula superior de Byers, exceto dois dentes da frente, e a maior parte da mandíbula inferior foi removida. Todo o tecido ósseo remanescente de seu corpo estava se desintegrando e buracos estavam se formando em seu crânio.» – Declarou o seu advogado, na ocasião.

Ele só soube que seu caso era terminal algumas semanas antes de morrer, aos 51 anos, quando apenas seis de seus dentes de cima ainda permaneciam em seu corpo. Após a sua morte, muitos outros médicos testemunharam sobre os efeitos nocivos da radiação, dando adeus à indústria do charlatanismo radioativo. Para minimizar os riscos à saúde de outras pessoas, ele teve que ser enterrado em um caixão de chumbo. O inventor da Radithor, entretanto, insistiu que sua bebida era segura até morrer de câncer de bexiga, em 1949. Quando os pesquisadores médicos exumaram seu cadáver 20 anos depois, descobriram que suas entranhas foram devastadas pela radiação e que seus restos mortais ainda estavam quentes.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
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