VERDADES INCONVENIENTES

Echelon, a rede de espionagem global-Parte1

eche2 topoPor Carlos Azambuja, 25/07/2013 - Emulando o Grande Irmão, criado por George Orwell no livro 1984, os EUA possuem uma rede de espionagem de comunicações mundial operada juntamente com a Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O sistema, denominado Echelon, foi criado em 1948, durante a Guerra Fria, e vem sendo continuamente aperfeiçoado. O que se sabe sobre o Echelon é o resultado do esforço de jornalistas e investigadores em todo o mundo que trabalharam durante décadas buscando dados ...

sobre os programas mais secretos do governo dos EUA. Um dos resultados dessa investigação é o livro do .jornalista neo-zeolandês Nicky Hager, Secret Power: New Zealand’s Role in the International Spy Network, cujo conteúdo é um relato pormenorizado sobre o tema. Em 5 de setembro de 2001 o Parlamento Europeu aprovou uma Resolução denunciando essa rede global de espionagem e recomendando a seus cidadãos que codificassem suas comunicações. Essa denúncia, evidentemente, caiu no vazio, pois apenas seis dias depois foi realizado o ataque da Al-Qaeda contra as torres gêmeas, em Nova York, e todos os países da União Européia se uniram aos EUA na guerra contra o terrorismo promovida pelo presidente Bush. E, para lutar contra o terror, o Echelon é uma arma imprescindível.

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Ao final da II Guerra Mundial – mais precisamente em 1948 -, os EUA e a Inglaterra firmaram um Tratado que ficou conhecido como o Pacto UKUSA (United Kingdom-United States of América). Posteriormente uniram-se a esse pacto o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia. A constituição do UKUSA apenas deu continuidade ao total acordo de cooperação entre EUA e Inglaterra em matéria de espionagem que durante a II Guerra os levou a compartilhar os êxitos alcançados com a decodificação dos códigos nazistas e japoneses. Na verdade, o projeto Echelon foi plenamente desenvolvido na década de 70, quando foram lançados os primeiros satélites comerciais destinados a comunicações civis.

O Echelon, através de estações de interceptação posicionadas por todo o mundo, capta todo o tráfego de comunicações via satélite, microondas, celulares e por fibras óticas. Essa informação captada é processada através dos computadores da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, que inclui sofisticados programas de reconhecimento de voz e reconhecimento de caráter ótico, através dos quais é efetuada a pesquisa de palavras ou frases em código, pelo sistema conhecido como Dicionário Echelon, que levam os computadores a assinalarem as mensagens a serem gravadas e transcritas para uma futura análise.

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A NSA, com sede no Fort George Meade, localizado nas proximidades de Washington, é a maior empregadora global de matemáticos que compõem as melhores equipes de criadores e decifradores de códigos jamais reunidas. O trabalho dessas equipes é decifrar os códigos de comunicações internas e estrangeiras, enviando as mensagens decodificadas a uma também enorme equipe de hábeis lingüistas para serem analisadas em cerca de cem idiomas. Sabe-se, todavia, que o Echelon, após a Guerra Fria, passou a ser utilizado para objetivos outros além de sua missão original, como as espionagens política e industrial em alcance mundial.

Esses objetivos outros foram definidos após o desmantelamento do socialismo na ex-União Soviética e na Europa do Leste, com a procura, pelos órgãos de Inteligência dos EUA e seus parceiros no Echelon, de uma nova justificativa que protegesse suas atividades, mantivesse sua importância e os seus avultados orçamentos. A solução encontrada foi incluir como objetivos outros as preocupações econômicas, comerciais e empresariais. Nesse sentido, foi criado dentro do Departamento de Comércio dos EUA o Gabinete de Ligação de Informações, que canaliza para as grandes empresas norte-americanas os materiais interceptados. Na maioria dos casos, os beneficiários desse esforço de espionagem comercial são as próprias empresas que ajudaram a NSA a desenvolver os sistemas que compõem a rede Echelon e que, muitas vezes, são a fonte de vultosas contribuições em dinheiro aos dois principais partidos políticos dos EUA. Poder-se-ia dizer ser essa uma relação incestuosa. Entre essas empresas são apontadas a Lockheed, a Boeing, a Loral, a TWR e a Raytheon.

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Ou seja, a verdade é que o projeto Echelon, utilizado para conter e eventualmente derrotar o Império Soviético durante a Guerra Fria é agora virtualmente dirigido contra todos os cidadãos do mundo, violando indiscriminadamente a soberania de Estados e a privacidade dos cidadãos. Segundo se sabe, a espinha dorsal da rede Echelon são as estações de escuta e recepção maciças direcionadas para os satélites Intelsat e Inmarsat, responsáveis pela quase totalidade das comunicações via telefone e fax, no interior dos países, entre países e continentes. Os vinte satélites Intelsat transportam essencialmente tráfego civil mas, adicionalmente, comunicações diplomáticas e governamentais de interesse particular para a UKUSA.

Diversas e stações de rádio-escuta operadas pelo UKUSA estão espalhadas por todo o mundo, localizadas em bases militares em território estrangeiro e em remotas estações de escuta. As maiores estações de rádio-escuta da rede encontram-se em Tangimoana/Nova Zelândia, Bamaga/Austrália, Menwith/Inglaterra e no atol de Diego Garcia, no oceano Índico, operadas pela NSA. Segundo o levantamento efetuado por jornalistas e investigadores, dentro da Europa todas as comunicações via fax, telefone e e-mails são rotineiramente interceptadas pela estação de Menwith e enviadas, via satélite, para Fort Mead, para análise.

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Uma outra rede de busca paralela de alta freqüência intercepta sinais de comunicações com o objetivo único de localizar a posição de navios, submarinos e aviões em todo o mundo, desempenhando um papel fundamental na monitorização dos movimentos de possíveis alvos móveis. O poder do Echelon reside em sua capacidade de decifrar, filtrar, examinar e codificar todas as mensagens interceptadas em categorias seletivas para uma análise mais pormenorizada dos agentes dos serviços de Inteligência das diversas agências UKUSA.

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O Echelon utiliza poderosos programas de pesquisa através de palavras e frases-chave, analisando minuciosamente os textos das mensagens com base em complexos critérios algorítmicos. Programas de reconhecimento de vozes convertem conversas em textos para uma análise mais aprofundada. Um sistema extremamente avançado, o VOICECAST, pode visar o padrão de voz de um indivíduo para que todos os telefonemas que essa pessoa efetue sejam transcritos para futura análise. Ou seja, o mundo está virtualmente “grampeado”.

Processando milhões de mensagens por hora, o sistema Echelon funciona vinte e quatro horas por dia. É importante assinalar, todavia, que poucas mensagens e telefonemas são transcritos e registrados. A grande maioria é excluída após ser lida e ouvida pelo sistema. Apenas as mensagens que contiverem as frases ou palavras-chave alvo são armazenadas para análise posterior. Cada estação da UKUSA mantém uma lista de frases e palavras-chave (essa lista é denominada Dicionário). Um gestor do Dicionário de cada agência é responsável por acrescentar, apagar ou alterar os critérios de frases ou palavras-chave para seus dicionários em cada uma das estações. O Echelon é um produto da Guerra Fria, todavia, a atual luta global contra o terrorismo parece ter dado a essa estrutura, aos olhos de muitos, a justificativa necessária para desenvolver uma capacidade ainda maior para espionar os aliados, os inimigos e os cidadãos em todo o mundo, violando a soberania dos países e a privacidade das pessoas.

Além dessa rede de espionagem global, existe também um programa de rastreamento financeiro como parte dos esforços da luta global contra o terrorismo. Seria o Echelon Financeiro. Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o Departamento do Tesouro dos EUA teria passado a rastrear possíveis financiamentos terroristas através de um programa denominado Sociedade Internacional para as Telecomunicações Financeiras e Interbancarias (SWIFT), que proporciona acesso aos registros de todas as multimilionárias transferências diárias internacionais de divisas entre oito mil bancos, casas de câmbio, bolsas de valores e outras instituições. Segundo John Snow, que foi Secretário do Tesouro até 30 de maio de 2006, o programa persegue cuidadosamente as transações financeiras de supostos terroristas estrangeiros “e é parte de um esforço para localizar as redes terroristas e deter os terroristas em todo o mundo”.

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Nota:
No entanto, recentemente – segundo o artigo O Pior dos Maiores, de Olavo de Carvalho, publicado pelo JB de 29 de junho de 2006 – “o The New York Times” – jornal que, ao que parece, se especializou no vazamento de operações de Inteligência – “deu todo o serviço sobre uma operação ultra-secreta que vinha conseguindo penetrar as transações bancárias da Al-Qaeda, colocando vidas e dólares dos terroristas a salvo do malvado governo americano”.

Carlos Azambuja é historiador.

A Austrália Confirma Oficialmente


Entre os países que fazem parte do Echelon está a Austrália. O que impressiona é a cara de pau com que os organismos de investigação ilegais contam o que fazem. No final de maio, Martin Brady, diretor do Australia's Defense Signals Directorate (ou Diretoria Australiana de Defesa de Sinais), DSD, confirmou oficialmente que o DSD permite a espionagem de cidadãos e empresas australianas. Ele também afirmou - pela primeira vez - que a Austrália é signatária da aliança secreta UK-USA, que mantém a cooperação entre as organizações de escuta clandestina de sinais dos Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e Nova Zelândia.

As instalações australianas estão localizadas em Geraldton, WA, e Pine Gap, no Território Nordeste. O governo Australiano confirmou, oficialmente, que as comunicações vindas de todos os telefones, faxes, dados (incluindo toda a internet), ondas de rádio e televisão... e muito mais... são rotineiramente escaneadas com o objetivo de encontrar "palavras do dicionário" que os levem até terroristas, ou traficantes... O próprio diretor do sistema australiano disse que até os padrões vocais já estão sendo usados na pirataria de informações - informação inédita até algumas semanas atrás.

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Todos os relatórios citavam as "palavras". Nenhum ainda falava em "padrões vocais". Novamente outra confirmação: ele disse que grande parte de todas as informações seguem diretamente para a NSA nos Estados Unidos, sem passar pela base australiana antes. E não voltam. Já Bill Blick, Inspetor Geral do Serviço de Segurança e Inteligência Australiano (Inspector-General of Intelligence and Security) afirmou que não acredita que os americanos usem as informações exclusivas para ganhar vantagens ilícitas para as empresas americanas. Ele também deve acreditar em Papai Noel.

Brasil


No Brasil, tivemos ocorrências ufológicas que evidenciaram a onipresença dos órgãos norte-americanos de espionagem. Em janeiro de 1996, por exemplo, a cidade mineira de Varginha foi “invadida” por especialistas estrangeiros vindos, segundo algumas fontes, dos Estados Unidos. Foram atraídos à cidade em virtude das informações de que um OVNI teria se acidentado e dois de seus tripulantes resgatados. O que mais impressionou foi a rapidez com que chegaram ao local, pois o Caso Varginha estava apenas em seu início, e ainda não era de conhecimento público, passando a ser quando a Imprensa nacional noticiou o incidente. Como poderiam tais estrangeiros saber do caso? Segundo fomos informados, o Sigint e o Echelon monitoravam e ainda monitoram os movimentos militares brasileiros em tempo integral, catalogando tudo aquilo que seja detectado na atmosfera, incluindo os veículos aéreos não identificados captados pelo país — OVNIs ( Para saber sobre a ação de "Ovnis" e "Ets"- demônios disfarçados - Clique aqui )

O interesse pelo Brasil, inclusive, tem constantemente se intensificado. Há alguns anos, por exemplo, o governo brasileiro decidiu empenhar-se totalmente em construir uma rede de controle eletrônico em toda a Amazônia. Para sua construção, que custaria bilhões de dólares, duas empresas estavam concorrendo em licitação: a francesa Thomsom CSF e a norte-americana Raytheon. Foi então que o governo dos EUA descobriu e vazou — pretensamente de forma acidental — a informação de que a Thomsom estava subornando pessoas expressivas da equipe de seleção, provando isso com gravações telefônicas entre essas pessoas e a empresa francesa. O próprio Departamento de Comércio dos Estados Unidos pressionou o governo brasileiro e apresentou as gravações. Com base nelas, obtidas por meio do Echelon, a Thomsom foi desclassificada e a Raytheon ganhou a licitação para a execução do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Como? Os telefones de todas as pessoas envolvidas estavam grampeados.

Curiosamente, a Raytheon é uma das empresas mais importantes para a operação das bases de captação de sinais e rastreamento... do próprio Echelon! Todas as bases da NSA são mantidas por ela. Em outras palavras, ter o Projeto Sivam sendo construído pela Raytheon, é como se governo brasileiro contratasse o lobo para tomar conta das ovelhas. E importante lembrarmos ainda que o Sivam é composto de vários sub-sistemas restritos, que estão sendo instalados pela Raytheon, aos quais os técnicos brasileiros não têm acesso. Nada impede que a NSA, portanto, esteja colocando através do Echelon os transmissores de dados diretamente em nossas próprias estações de captação, em Território brasileiro.

E tudo indica que esteja efetivamente fazendo isso ou produzindo sistemas de envio de dados para os processadores de rede do sistema Echelon. Desse modo, tudo o que nós, brasileiros, descobrirmos na Amazônia será também de conhecimento da Agência Nacional de Segurança dos EUA, a temida NSA.

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Estes são casos conhecidos, mas há vários outros menos famosos. Um deles envolve o espião aposentado e vice-diretor da NSA no Canadá, Mike Frost, que confessou que o braço da entidade naquele país — o Centro de Segurança das Comunicações do Canadá (CSE) — investigou ilegalmente as comunicações de dois secretários de Margareth Thatcher e o telefone celular da esposa do primeiro ministro canadense, Pierre Trudeau, por requisição direta da própria ex-primeira ministra da Inglaterra. Tudo foi feito sem qualquer necessidade de se instalar aparelhos especiais, já que as escutas foram implementadas utilizando-se os sistemas em uso nas dependências ocupadas por aquelas autoridades [Há informações de que o Echelon possa captar conversas em salas onde o telefone esteja até mesmo no gancho].

Ramonet: Serviços de espionagem já controlam a internet

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07/07/2013 - Ignacio Ramonet*: ‘Somos todos vigiados’

Snowden, Manning e Assange são defensores da liberdade de expressão, lutam em favor da democracia e dos interesses de todos os cidadãos do planeta. Hoje são assediados e perseguidos pelo “Grande Irmão” norte-americano. Por que os três heróis do nosso tempo assumiram correr semelhante riscos, que podem custar a sua própria vida?

Por Ignacio Ramonet, na Carta Maior

Nós já temíamos [1].

Tanto a literatura (1984, de George Orwell), como o cinema (Minority Report, de Steven Spielberg) haviam avisado: com o progresso da tecnologia da comunicação, todos acabaríamos por ser vigiados. Presumimos que essa violação de nossa privacidade seria exercida por um Estado neototalitário.

Aí nos equivocamos. Porque as revelações inéditas do ex-agente Edward Snowden sobre a vigilância orwelliana acusam diretamente os Estados Unidos, país considerado como “pátria da liberdade”. Aparentemente, desde a promulgação, em 2001, da lei Patriot Act [2], isso ficou no passado.

O próprio presidente Barack Obama acaba de admitir: “Não se pode ter 100% de segurança e 100% de privacidade”. Bem-vindos, portanto à era do “Grande Irmão”…

O que revelou Snowden? Este antigo assistente técnico da CIA, de 29 anos, que trabalhava para uma empresa privada – a Booz Allen Hamilton [3] – subcontratada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, sua sigla em inglês), revelou aos jornais The Guardian e Washington Post a existência de programas secretos que tornam o governo dos Estados Unidos capaz de vigiar a comunicação de milhões de cidadãos.

Um primeiro programa entrou em operação em 2006. Consiste em espiar todas as chamadas telefônicas feitas pela companhia Verizon, dentro dos Estados Unidos, e as que se fazem de lá para o exterior.

Outro programa, chamado PRISM, foi posto em marcha em 2008. Coleta todos os dados enviados pela internet (e-mails, fotos, vídeos, chats, redes sociais, cartões de crédito), por (em princípio…) estrangeiros que moram fora do território norte-americano.

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Ambos os programas foram aprovados em segredo pelo Congresso norte-americano, que teria sido, segundo Barack Obama, “constantemente informado” sobre o seu desenvolvimento.

Sobre a dimensão da incrível violação dos nossos direitos civis e das nossas comunicações, a imprensa deu detalhes escabrosos. Em 5 de junho, por exemplo, o Guardian publicou a ordem emitida pela Tribunal de Supervisão de Inteligência Externa que exigia à companhia telefônica Verizon entregar à NSA os registos de milhões de chamada dos seus clientes.

O mandado não autoriza, aparentemente, saber o conteúdo das comunicações, nem os titulares dos números de telefone, mas permite o controle da duração e o destino dessas chamadas.

PARTE 2