CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Relâmpago Globular

globo2Por Reno Martins, 28 Jul 2010 - Relâmpagos globulares, ou raios-bola (ball lightning), são esferas luminosas que aparecem geralmente durante tempestades, possuem comportamento imprevisto e desafiam o Conhecimento Estabelecido há muitos anos. Até as últimas décadas do século XX, eles eram considerados uma ilusão de ótica, fraude, ou erros de interpretação das testemunhas.1 O crescente número de relatos, contudo, mobilizou considerável volume de recursos e pessoas dispostas a tratá-lo com seriedade. Como é natural, a dificuldade em obter explicações consistentes dentro do paradigma mantém viva a resistência em admitir sua efetividade, de modo que a realidade concreta de ...

muitos dos eventos continua sendo motivo de questionamento na comunidade científica. Curiosamente, apesar dos relâmpagos globulares estarem longe de ser um consenso no debate científico, eles são amplamente invocados pelos céticos para explicar o avistamento de Discos Voadores e outras ocorrências anômalas de forma, para alguns, supostamente indiscutível.2 Sendo assim, é essencial entendermos o que pode ser um relâmpago globular e o que se sabe hoje sobre o assunto, para avaliarmos até onde vai seu poder explicavo.

OCORRÊNCIAS

Evidências de que relâmpagos globulares são fenômenos reais ocorrem há muito tempo. Em 1753, o professor Georg Richmann, de São Petersburgo, criou um aparelho com uma pipa voadora, semelhante ao desenvolvido por Benjamin Franklin. Enquanto fazia uma experiência, durante uma tempestade, uma esfera brilhante desceu pela corda, o atingiu e o matou. O cientista ficou com uma marca vermelha na testa, seus sapatos esguiçaram e sua roupa chamuscou. O aparelho foi danificado, a ombreira da sala dividida e a porta arrancada das dobradiças.3 Talvez devido ao incidente, recomendar às crianças que não empinem pipas durante tempestades é hábito que temos até os dias de hoje.

Em 1809, um jornal inglês relatou que, também durante uma tempestade, três esferas de fogo atacaram o navio HMS Warren Hastings. A tripulação viu uma delas descer, matando um homem no convés e queimando o mastro principal. Um tripulante saiu para recuperar o corpo caído e foi atingido por uma outra, que bateu nas suas costas e deixou-o com queimaduras leves. Um terceiro homem foi morto por uma outra esfera. A tripulação relatou um cheiro persistente e repugnante de enxofre após o ocorrido.4

O Czar Nicolau II, último imperador da Rússia, contou para as filhas que, quando criança, viu uma esfera de luz durante uma tempestade, em companhia de seu avô, o Czar Alexandre II. Durante uma forte tempestade, após um enorme trovão, uma esfera de luz entrou pela porta, girou pelo chão, voou para um lustre e em seguida saiu da pequena igreja onde eles se encontravam.5

Em 1865, em seu famoso Um Guia para O Conhecimento Científico das Coisas Familiares, o Dr. Ebenezer Cobham Brewer comentou sobre relâmpagos globulares, citando características muito semelhantes as de relatos mais recentes.6

P. Que outra forma um relâmpago pode assumir?

R. Às vezes o relâmpago é globular, que é a sua forma mais perigosa.

P. O que são aquelas bolas de fogo que as vezes caem para a terra durante uma tempestade?

R. Massas de gás explosivo formadas no ar: elas geralmente se movem mais lentamente que os relâmpagos.

P. Por que as bolas de fogo são tão perigosas?

R. Porque, quando eles caem, explodem como um canhão; e ocasionam muitas incoveniências.

P. Será que estas bolas de fogo podem correr sobre o solo?

R. Sim; às vezes elas correm por distâncias consideráveis ao longo do chão e explodem em uma massa.

Em outras ocasiões, elas se dividem em várias esferas menores, cada qual explodindo de maneira semelhante.

P. Quais incovenientes essas bolas de fogo produzem?

R. Eles incendeiam casas e celeiros; e matam todos os animais e seres humanos que aparacem em seu curso.

As compilações modernas são numerosas, tendo início com BRAND (1923),7 seguindo com RODEWALD (1954),8 DEWAN (1964),9 SILBERG (1965),10 MCNALLY (1966),11 RAYLE (1967),12 entre muitos outros. Consideraremos como amostra, para referência nesse artigo, os casos relacionados em ABRAHAMSON; BYCHKOV & BYCHKOV (2002),13 exceto quando expressamente afirmarmos em contrário.

Os casos nesse trabalho são divididos em duas seções. A primeira, com observações coletadas por correspondência, possui 20 (vinte) casos, identificados com as letras do intervalo a-t. A segunda, com observações coletadas pelo Russian Ball Lightning Committee, possui 21 (vinte e um) casos, identificados com as letras do intervalo a-u. Como notação para um caso específico, usaremos o número da seção seguido da letra do caso. Logo, 1b siginifica o caso b da seção 1; 2q, o caso q da seção 2, e assim por diante.

CARACTERÍSTICAS

Nas observações relatadas, os relâmpagos globulares constumam apresentar uma série de características relativamente constantes. Seguem as principais, que têm sido repetidamente apontadas:14

1. Emissão luminoza, às vezes com aparência nublada;

2. Forma quase esférica e tamanho constante;

3. Geralmente com cor ou cores imutáveis;

4. Alcance de altas velocidades, com mudanças rápidas de aceleração;

5. Relatos ocasionais mas regulares de cheiro forte;

6. Som e interferência de rádio em alguns relatos;

7. Superfície aparentemente fria (quando tocada suavemente);

8. Apresentam forte tensão superficial;

9. Flutuabilidade frequentemente quase neutra;

10. Associação com tempestades;

11. Muitas vezes apresenta movimentos quase horizontais, mas ocasionalmente irregulares;

12. Tendência a evitar e ser guiado por objetos sólidos;

13. Tendência a girar;

14. Tendência a se projetar dentro de edificações;

15. As vezes meios peculiares de entrada e saída;

16. Existência prolongada, mesmo dentro de aeronave;

17. Apresentam estabilidade na asa de aeronaves;

18. Alcance de estimado nível de energia;

19. Alcance de estimada temperatura interna;

20. Várias modos de formação;

21. Dois modos distintos para se extinguir: explosivo e silencioso;

22. Depósitos detectáveis em algumas casos de extinção silenciosa;

23. Imprevisibilidade geral de comportamento.

Essas características do fenômeno podem ser reunidas em conjuntos, o que facilita delinear o horizente de eventos que o identificam.15

1. Ocorrência

A maioria das observações de relâmpagos globulares são feitas durante tempestades. A maioria, mas não todos, aparece quase simultaneamente com uma descarga elétrica de uma nuvem para o solo. Esses relâmpagos globulares aparecem a poucos metros do chão. Às vezes, relâmpagos globulares são relatados aparencendo perto do solo, na ausência de descarga elétrica. Relâmpagos globulares também foram vistos aparecendo no ar, muito acima do solo, ou caindo de uma nuvem para o chão.

2. Aparência

Relâmpagos globulares são geralmente esféricas, embora outras formas tenham sido relatadas, com diâmetro usual entre 0,1 e 0,2 metro, variando de 0,01 a 1,00 metro. Relâmpagos globulares apresentam várias cores, sendo as mais comuns o vermelho, laranja e amarelo. Eles geralmente não são excepcionalmente brilhantes, mas podem ser visto claramente à luz do dia. Normalmente mantêm brilho e tamanho relativamente constantes enquanto duram, apesar de relâmpagos globulares que alterem brilho e tamanho não serem incomuns.

3. Duração

Relâmpagos globulares geralmente têm uma vida útil de menos de 5 (cinco) segundos. Uma pequena fração dos relatórios indicam uma duração de mais de um minuto.

4. Movimento

Relâmpagos globulares geralmente se movem na horizontal, a uma velocidade de poucos metros por segundo. Eles também podem permanecer imóvel no ar ou podem descer de uma nuvem para o solo. Eles não costumam subir, como seria o caso se fossem bolas de ar quente. Muitos relatos descrevem relâmpagos globulares que parecem girar ou rodar equanto se movem. Ás vezes, eles são relatados saltando objetos sólidos, tipicamente no solo.

5. Calor, som e odor

Raramente os observadores de relâmpagos globulares relatam a sensação de calor. No entanto, existem relatos de relâmpagos globulares que queimando celeiros e derretendo fios. Um relato em MCNALLY (1966) descreveu um relâmpago globular que atingiu um tanque de água e emitiu um som, como um pedaço de ferro em brasa na água. Às vezes, os relâmpagos globulares são descritos emitindo um assobio. Muitos observadores relatam um odor característico que o acompanha. O odor é geralmente descrito como intenso e repugnante, parecendo ozônio, enxofre queimado ou óxido nítrico.

6. Atração por objetos e recintos

Muitos relâmpagos globulares são vistos sendo atraídos por objetos metálicos, como cercas de arame e linhas telefônicas. Quando em contato com objetos, eles geralmente se movem ao longo dos mesmos. Algumas, ou todas, essas observações, podem se referir a algum tipo de fogo de Santelmo. Relâmpagos globulares frequentemente entram nas casas através de calhas ou chaminés. Às vezes, eles são relatados penetrando nas casas através dos vidros das janelas. Eles também são relatados dentro de edificações, nos fios de telefone. Relâmpagos globulares também podem sobreviver dentro de estruturas metálicas, como o interior de um avião (UMAN, 1968).16

7. Extinção

Relâmpagos globulares se extinguem de dois modos distintos, de forma silenciosa ou explosiva. A extinção explosiva ocorre rapidamente e é acompanhada por um ruído alto. A extinção silenciosa pode ocorrer rapidamente ou de maneira lenta. Depois da extinção, às vezes, é relatada que uma neblina ou resíduo permanece. Ocasionalmente, um relâmpago globular é observado dividindo-se em dois ou mais relâmpagos globulares menores.

8. Tipos

Pode haver mais de um tipo de relâmpago globular. Por exemplo, os relâmpagos globulares que se prendem a condutores podem ser diferentes daqueles que têm flutuação livre, e os relâmpagos globulares que aparece perto solo podem ser diferentes daqueles que ficam no alto da atmosfera ou que caem das nuvens.

Na amostra, 88% dos casos ocorreram antes, durante ou depois de chuva ou tempestade (excessões são 1a, 2b, 2l, 2m e 2r). Desses, dois ocorrem em situações em que se emula artifialmente o ambiente de uma tempestade elétrica (1m e 1r). Todos os casos relatam um corpo luminoso, sendo que em 95% é descrita a forma esférica (2e relata forma de pera, e 1q não oferece dados suficientes). Dos que ofercem informação sobre o diâmetro do corpo (todos, exceto 1c, 1f, 1k, 1s, 1t, 2d e 2g), 44% relatam até 20 centímetros; 79% até 30 centímetros e 94% até um metro. As excessões, com mais de um metro, são 1o e 1q.

Dos casos que ofercem informação sobre a duração do fenômeno, 30% afirmam até 5 segundos; 65% até 20 segundos; e 78% até um minuto. Apenas cinco casos declaram duração superior a um minuto: 1q, 1r, 2b, 2m e 2q. Conforme GRIWR’EVI; GRIWR’EVA e SHIRYAEVA (1991),17 mais de 74% das observação de relâmpagos globulares ocorrem em ruas urbanizadas ou dentro de edificações.

Há casos significativamente mais intrigantes, onde os relâmpagos globulares atravessam janelas fechadas sem danificá-las ou deixam um buraco perfeitamente circular no lugar onde passaram.18

Qualquer tentativa de classificação envolvendo relâmpagos globulares é temerária, uma vez que muitos casos são tão destoantes do contexto geral (como 1q) que fica patente a possibilidade de serem um fenômeno a parte. Nesse aspecto, o estudo dos relâmpagos globulares é bastante embrionário, detendo-se apenas à listagem de casos, bem ao estilo de Charles Fort. Com base no comportamento de movimentação, estabelecemos uma classificação dos casos naqueles que correm e naqueles que caem. Essa classificação preliminar permitiu identificar outras características comuns a esses dois grupos.

Tipo 1 – Relâmpagos globulares que apresentam movimentação ativa, com significativos deslocamentos horizontais. Costumam aparecer sozinhos ou em pequeno número. Sofrem influência do meio, seguindo ou colidindo com materiais sólidos.19

Tipo 2 – Relâmpagos globulares que caem em direção ao solo, às vezes quicando, como balões de festa ou bolhas de sabão liberados em ambiente fechado. Tendem a se subdividir e podem aparecer am grandes grupos. Costumam explodir mais do que desaparecer.20

A grande diversidade é um dos maiores obstáculos para obter explicações consistentes para o fenômeno. Um estudo classificatório mais profundo parece essencial para desenvolver tipologias mais detalhadas que auxiliem nas análises. Para isso, será preciso se debruçar em cada caso particular, avaliando sua consistência e validade, coisa que faremos como para outros fenômenos ufológicos e fortianos.

HIPÓTESES

Apesar das peculiaridades, alguns casos onde os relâmpagos globulares interagem exclusivamente com condutores, como 1s, podem ser uma variação do fogo-de-santelmo. Entretanto, é bem mais difícil explicar outros casos, considerando as reações físicas e químicas necessárias para sua formação.

Relâmpagos globulares são muito grandes, muito uniformes, muito dinâmicos e duram demais. Gerar uma reação estável, maior que um punho fechado, capaz de manter uma forma regular mesmo em condições atmosféricas adversas, com alto nível energético,21 comportamento dinâmico, durante longos segundos é um desafio para a ciência contemporânea.

Ambientes distintos de formação, como a alta atmosfera e regiões próximas ao solo, podem implicar na existência de reações físico-químicas com diferentes características capazes de gerar resultados semelhantes, o que apenas aumenta o constragimento quanto ao fenômeno. Resumiremos e comentaremos, a seguir, algumas das teorias explicativas com maior repercussão.

Nanobaterias

Segundo a fascinante teoria do físico ucraniano Oleg Meshcheryakov, os relâmpagos globulares seriam formados por uma nuvem de milhares de partículas com diâmetro de 5 a 100 nanômetros (aerosol). Cada partícula conteria um redutor, um oxidante e um eletrólito, formados a partir de substâncias comuns no ambiente, criando nanobaterias que entrariam em curto-circuito.

A energia térmica produzida pela interação das nanobaterias causaria sua repulsão mútua, enquanto a atração magnética entre elas, resultante da oxidação eletroquímica, impederia que elas se afastassem. No equílibrio das forças térmicas e magnéticas do conjunto, teríamos esferas.22

globo3

A nanobaterias seriam naturalmente originadas através de uma variação da reação química da combustão, por exemplo, do carbono (C + O2 = CO2). Essa reação poderia ocorrer em fazes envolvendo íons positivos (cátions) e negativos (ânios). A presença desses íons disponibilizaria as cargas elétricas necessárias para formação das baterias.23

O2 + 2CO2 + 4e- = 2CO32- (reação catódica)

C + 2CO32- = 3CO2 + 4e- (reação anódica)

De modo semelhante, além do carbono, muitas outras substâncias poderiam servir de combustível para as nanobateria, como silício, ferro, cobre, hidretos, sulfetos e outros.24 As reações de oxidação e redução dessas partículas poderiam gerar correntes de milhares e mesmo milhões de amperes, explicando o nível energético dos relâmpagos globulares. Apesar de sua aparente consistência teórica, a hipótese de Meshcheryakov ainda carece de experimentos que a confirmem.

Silício Vapozirado

Desenvolvida pelos químicos John Abrahamson e James Dinniss, da Universidade de Canterbury, em Christchurch, Nova Zelândia, essa hipótese sugere que os relâmpagos globulares seriam formados pela reação química do silício com o oxigênio do ar. Quando um raio atinge a superfície da terra, ocorreria a produção de Silício (Si) pela redução da Sílica (SiO2 – dióxido de silício), componente abundante na crosta terrestre. O silício evaporaria e entraria em combustão com o oxigênio atmoférico, formando esferas luminosas.25 Abrahamson e Dinniss tentaram realizar experimentos para testar a teoria, mas sem sucesso.26

Pesquisadores brasileiros, contudo, conseguiram obter resultados melhores. Gerson Paiva e Antonio Carlos Pavão, do Departamentos de Química Fundamental da UFPE; Eronides Felisberto da Silva Jr, do Departamento de Física da UFPE; e Odim Mendes Jr, do INPE, elaboraram um experimento com base na teoria dos neozelandeses. Conforme Pavão, o insucesso dos mesmos provavelmente ocorreu porque eles usaram sílica e não conseguiram produzir silício com as descargas elétricas aplicadas. Na experiência brasileira foram aplicadas descargas elétricas de 23 volts e 140 ampéres sobre pastilhas de silício puro.27

globo4

A experiência da equipe de Antonio Carlos Pavão, apesar de relativamente simples, é capaz de emular pelo menos dez das características observadas nos testemunhos envolvendo relâmpagos globulares, conforme a tabela a seguir.28

globo5

Conforme comprova o estudo, a hipótese do silício vaporizado é um esforço legítimo para explicar os relâmpagos globulares, mas suas limitações são evidentes. Os corpos criados são demasiadamente pesados e externamente quentes, não reagem a objetos metálicos, e necessitam de silício, o que inviabiliza as ocorrências em alta atmosfera.

Apesar do sucesso da experiência, ela é incapaz de explicar satisfatoriamente um único caso do fenômeno, e ainda deve continuar dessa maneira até que o problema da conversão natural da sílica em silício seja solucionado.

Miniburaco negro

Essa teoria foi elaborada pelo astrofísico Mario Rabinowitz, em tem por base a radiação Hawking.30 A radiação Hawking seria uma radiação térmica que teoricamente poderia ser emitida por buracos negros devido a efeitos quânticos.31 Como ela permite aos buracos negros perderem massa, supõe-se que aqueles que percam mais matéria do que ganhem por outros meios venham a encolher e desaparecer. Aí estariam os relâmpagos globulares.

A hipótese foi contruída, basicamente, em virtude do registro de um suposto relâmpago globular por Michael Fitzgerald, em 6 de agosto de 1868, na Irlanda. O avistamento durou 20 minutos e deixou um buraco de seis metros quadrados, uma trincheira de 90 metros de comprimento, uma outra vala de 25 metros de comprimento, e uma pequena caverna no solo. Pace VanDevender, físico do Sandia National Laboratories, em Albuquerque, Novo México, e sua equipe descobriram depressões coerente com o relatório de Fitzgerald e inferiu que os mesmos são inconsistentes com efeitos térmicos ou eletrostáticos. Apenas uma massa eletromagnética de mais de 20.000 kg produziria os efeitos observados, mas isso requeriria uma densidade superior a 2000 vezes a densidade do ouro, o que implicaria em um buraco negro em miniatura.

A teoria dos miniburacos negros fariam os relâmpagos globulares serem a primeira evidência empírica da radiação Hawking, mas sofre o problema de ter baixa aderência aos relatos observados. Consta que a equipe de VanDevender descobriu um segundo evento relatado na área em 1982 e está atualmente tentando analisar sua consistência com a hipótese.32 Não obstante, a grande maioria das observações aponta relâmpagos gluobulares com nível bem mais baixo de energia que o necessário para sustentar a teoria.33

Possivelmente, os casos pesquisados pela equipe do Novo México devem se referir a outro fenômeno distinto, também desconhecido.

CONCLUSÕES

Relâmpagos globulares estão longe de possuir uma explicação pacífica na comunidade científica. Todos concordam, contudo, que devem ser um fenômeno natural. Contudo, muitos dos casos hoje relacionados a eles podem se tratar de fenômenos distintos, inclusive ilusões óticas34 ou Discos Voadores.

Apesar de ser comum entre os céticos tentar explicar todos os tipos de observações de discos voadores envolvendo testemunhas críveis como relâmpagos globulares, o seu paralelo com objetos de menor porte, as chamadas sondas ufológicas,35 é bem mais evidente.

As sondas ufológicas, entretanto, supostamente apresentariam comportamento mais inteligente, eventual relação clara com objetos ou seres Alienígenas e características que reforçariam uma natureza de objeto artificial.

Sobre esse último aspecto, e apresentando alguns dos pontos que devem ser preliminarmente considerados ao se tentar aplicar o diagnóstico de relâmpago globular a possiveis ocorrências ufológicas, destacamos o seguinte:

1) Relâmpagos globulares parecem possuir estreita relação com tempestades e eventos eletromagnéticos. Qualquer ocorrência fora desse contexto deve ser tratada com cautela.

2) Relâmpagos globulares são pequenos, com até um metro de diâmetro. Quanto maiores, mais fisicamente inviáveis, e menor sua probabilidade como fenômeno natural.

3) Eles são breves, apesar de poucos segundos poderem ser considerados uma eternidade sob o ponto de vista da estabilidade de uma reação físico-química com seu comportamento. Relâmpagos globulares com vida útil superior a um minuto justificam atenção.

4) Eles seguem objetos. A maior parte dos relâmpagos globulares (Tipo 1) é atraída por corpos metálicos e estruturas, como correntes elétricas perseguem fios metálicos. Divergências disso devem ser avaliadas.

Mario Rabinowitz

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1. Edward Argyle. Ball Lightning as an Optical Illusion. Nature 230, 179 – 180 (19 March 1971). Acesso em 06/07/2010. [?]
2. Conheça uma posição ponderada em Astrofísico sugere que raios-bola podem explicar OVNIs. [?]
3. Georg Wilhelm Richmann. Wikipédia. Acesso em 29/04/2010. [?]
4. Weather Eye: Charles Darwin, the meteorologist, por Paul Simons. The Times. Aceso em 07/07/2010. [?]
5. Ver Testemunho do Czar Nicholai II. [?]
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18. D. J. Turner. The fragmented science of ball lightning. Phil. Trans. R. Soc. Lond. A 2002 360, 107-152. p. 116. Acesso em 06/07/2010. [?]
19. Casos Tipo 1 possíveis e portenciais na amostra: 1a, 1b, 1c, 1d, 1e, 1f, 1g, 1h, 1i, 1j, 1k, 1l, 1m ,1n, 1r, 1s, 1t, 2a, 2e, 2f, 2g, 2j, 2m, 2n, 2o, 2p, 2q, 2r, 2s. [?]
20. Casos Tipo 2 possíveis e portenciais na amostra: 1o, 1p, 1q, 2b, 2c, 2d, 2h, 2i, 2k, 2l, 2t, 2u. [?]
21. A. V. Bychkov; V. L. Bychkov; John Abrahamson. On the energy characteristics of ball lightning. Phil. Trans. R. Soc. Lond. A 2002 360, 97-106. Acesso em 07/07/2010. [?]
22. Oleg Meshcheryakov. Ball Lightning-Aerosol Electrochemical Power Source or A Cloud of Batteries. Nanoscale Research Letters (2007) 2:319-330. Acesso em 07/07/2010. [?]
23. Oleg Meshcheryakov. Ball Lightning-Aerosol Electrochemical Power Source or A Cloud of Batteries. Nanoscale Research Letters (2007) 2:319-330. p. 323. Acesso em 07/07/2010. [?]
24. Oleg Meshcheryakov. Ball Lightning-Aerosol Electrochemical Power Source or A Cloud of Batteries. Nanoscale Research Letters (2007) 2:319-330. p. 324. Acesso em 07/07/2010. [?]
25. Ver Ball lightning explained. News in Science, 2002. Acesso em 07/07/2010. [?]
26. Ver Raios-bola feitos em laboratório, por Marina Verjovsky. Ciência Hoje. Acesso em 07/07/2010. [?]
27. Ver Raios-bola feitos em laboratório, por Marina Verjovsky. Idem. Há vídeos disponíveis. [?]
28. Antonio Carlos Pavão; Gerson Silva Paiva; Elder Alpes de Vasconcelos; Odim Mendes, Jr; Eronides Felisberto da Silva, Jr. Production of Ball-Lightning-Like Luminous Balls by Electrical Discharges in Silicon. Physical Review Letters 98, 2007. Acesso em 07/07/2010. [?]
29. Foi usada a mesma amostra e a mesma notação aplicada nesse artigo. [?]
30. Mario Rabinowitz. Little Black Holes:Dark Matter And Ball Lightning. Astrophys.Space Sci. 262 (1999) 391-410. Acesso em 07/07/2010. [?]
31. Radiação Hawking. Wikipédia. Acesso em 07/07/2010. [?]
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33. A. V. Bychkov; V. L. Bychkov; John Abrahamson. On the energy characteristics of ball lightning. Phil. Trans. R. Soc. Lond. A 2002 360, 97-106. Acesso em 07/07/2010. [?]
34. Gerald Cooray, Vernon Cooray. Could Some Ball Lightning Observations be Optical Hallucinations Caused by Epileptic Seizures? The Open Atmospheric Science Journal, 2008, 2, 101-105. Acesso em 06/07/2010. [?]
35. Objetos voadores de pequeno porte, supostamente artificiais, supostamente não tripulados, com controle supostamente remoto e suposta função de prospecção. [?]


Fonte: http://www.ufologiaobjetiva.com.br/