CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Veneno de víbora brasileira pode se tornar ferramenta no combate à COVID, mostra estudo

viborabrasil1Por Leonardo Benassatto, 31/08/2021 - SÃO PAULO, 30 Ago (Reuters) - Pesquisadores brasileiros descobriram que uma molécula no veneno de um tipo de cobra inibiu a reprodução do coronavírus em células de macacos, um possível primeiro passo para um medicamento para combater o vírus causador da COVID-19. Um estudo publicado na revista científica Molecules este mês descobriu que a molécula produzida pela jararacussu jararacussu inibiu a capacidade do vírus de se multiplicar em células de macaco em 75%.

“Conseguimos mostrar que esse componente do veneno de cobra é capaz de inibir uma proteína muito importante do vírus”, disse Rafael Guido, professor da Universidade de São Paulo e autor do estudo.

A molécula é um peptídeo, ou cadeia de aminoácidos, que pode se conectar a uma enzima do coronavírus chamada PLPro, vital para a reprodução do vírus, sem prejudicar outras células.

Já conhecido por suas qualidades antibacterianas, o peptídeo pode ser sintetizado em laboratório, disse Guido em entrevista, tornando desnecessária a captura ou criação das cobras.

"A gente desconfia que as pessoas vão caçar jararacussu pelo Brasil achando que vão salvar o mundo... Não é isso!" disse Giuseppe Puorto, herpetologista responsável pela coleção biológica do Instituto Butantan em São Paulo. "Não é o veneno em si que vai curar o coronavírus."

A seguir, os pesquisadores vão avaliar a eficiência de diferentes doses da molécula e se ela é capaz de impedir a entrada do vírus nas células, em primeiro lugar, segundo nota da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também envolvida no pesquisar.

Eles esperam testar a substância em células humanas, mas não deram prazo.

O jararacussu é uma das maiores cobras do Brasil, medindo até 2 metros de comprimento. Vive na Mata Atlântica costeira e também é encontrado na Bolívia, Paraguai e Argentina.

Fonte: https://www.reuters.com/