QUALIDADE DE VIDA

Paciente recebe traquéia feita das suas próprias células-tronco !

claudiacastilloMulher de 30 anos recebeu órgão novo há quatro meses sem remédios anti-rejeição. Cientistas da Espanha anunciaram que fizeram o primeiro transplante de um órgão cujo tecido foi desenvolvido a partir das células-tronco do próprio paciente. Todas as células do órgão do dador foram retiradas e substituídas por células criadas ...

em laboratório a partir das recolhidas da paciente. O Hospital Clínico de Barcelona realizou sem imunossupressores o primeiro transplante de traquéia do mundo a uma mulher de 30 anos com problemas respiratórios. Ela tinha graves problemas respiratórios por causa de uma tuberculose que lhe causara um colapso severo do pulmão esquerdo, logo após a bifurcação da traquéia.  A tecnologia também permitiu que pela primeira vez se fizesse um transplante de órgão sem necessidade de remédios anti-rejeição. A paciente Claudia Castillo, de 30 anos, precisava de um transplante de traquéia, depois de ter sofrido danos nos seus órgãos respiratórios devido à tuberculose.A cirurgia foi feita há cinco meses no Hospital Clínic, de Barcelona, e a paciente está hoje em estado perfeito de saúde, segundo os médicos.  Cientistas europeus acreditam que a técnica, descrita em um artigo da revista científica The Lancet, se tornará comum no futuro. 'Receio' - Para criar a nova traquéia, os médicos usaram uma traquéia de um doador e a limparam com fortes químicos para matar todas as células. 

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A estrutura que restou foi revestida com as células da própria paciente. Ao usar as células de Castillo, eles conseguiram evitar que seu corpo tivesse rejeição ao órgão doado.  Dois tipos de células foram removidas de Castillo: as que ficam na sua traquéia e células-tronco da medula óssea. Depois de quatro dias de crescimento em um equipamento especial no laboratório, a nova traquéia foi transplantada pelo cirurgião Paolo Macchiarini.

"Eu estava com muito receio. Antes disso, nós só havíamos feito esse trabalho com porcos", disse o médico.

"Mas assim que a traquéia saiu do biorreator, tivemos uma surpresa muito positiva."

Quatro meses depois da cirurgia, Macchiarini afirma que as chances de surgirem sinais de rejeição do órgão no corpo da paciente são praticamente nulas.

"Nós estamos muito animados com os resultados. Ela está curtindo uma vida normal, o que para nós, os médicos, é um presente muito bonito."

Para Martin Birchall, pesquisador da universidade britânica de Bristol, que ajudou a criar a traquéia híbrida, o transplante significa uma "grande mudança" nas técnicas de cirurgia.

"Os cirurgiões podem agora começar a entender o potencial das células-tronco de adultos e desenvolvimento de tecidos para radicalmente melhorar a sua habilidade de tratar pacientes com doenças graves."

Para Birchall, em 20 anos, praticamente todos os transplantes de órgão serão feitos desta forma.

Na Europa, entre 50 e 60 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de laringe por ano. Os cientistas afirmam que cerca de metade deles podem potencialmente passar pelo processo realizado em Barcelona.

 

transpTransplante pioneiro

 

O transplante pioneiro de traqueia com uso de células estaminais da própria paciente, realizado em Espanha, poderia ser feito em Portugal, já que também dispomos dos meios técnicos necessários para a intervenção. Mas, o presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), António Morais Sarmento, alerta que o elevado custo da tecnologia necessário "pode não compensar quando apenas se fazem duas intervenções por ano".

A colombiana Claudia Castillo, 30 anos, foi submetida, em Junho, a um inovador transplante de traqueia que não implica o uso de medicamentos que evitam a rejeição dos órgãos. Um processo que envolveu investigadores espanhóis, ingleses e italianos. A traqueia transplantada foi "fabricada" à medida da paciente, através do uso das suas próprias células estaminais graças às quais não precisa de medicamentos imuno-supressores, que podem causar hipertensão, insuficiência renal e cancro.

Depois de encontrado o dador de traqueia, os investigadores da Universidade de Pádua, em Itália, retiraram-lhe todas as células, reduzindo-a a um simples tubo de tecido. Enquanto isso, na Universidade de Bristol, Reino Unido, era recolhida uma amostra da medula óssea de Claudia Castillo para converter as células estaminais em milhões de células de cartilagem e epiteliais (células que cobrem os órgãos), que revestiriam a traqueia retirada do dador. Para completar o fabrico da "nova" traqueia, a Universidade de Milão, Itália, usou um bio-reactor para colocar as novas células na traqueia a ser transplantada. Para completar o processo, a equipa de cirurgia torácica do Hospital Clínico da Universidade de Barcelona (Espanha), chefiada por Paolo Macchiarini, realizou a intervenção.

A tecnologia necessária para cirurgia e a escassez de casos em Portugal, fazem com que este método não seja para aplicar, por enquanto, apesar do sucesso reconhecido. O transplante foi apenas "um caso específico e envolveu custos muito elevados, por ter resultado do trabalho de equipas de três países", referiu à Lusa Domingos Henrique, coordenador da Unidade de Biologia de Desenvolvimento do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. O especialistas frisou, no entanto, que a técnica utilizada "representa uma parte do futuro da Medicina".

Também o presidente da SPT considera que "o custo de criar esta tecnologia e das equipas que fazem estas intervenções, para fazer duas cirurgias por ano, não compensa". Mas, António Morais Sarmento ressalva que "a técnica é muito bonita e se resultar em mais pessoas é possível que grupos em Portugal que se entusiasmem e comecem a usar esta técnica".

Quatro meses após o transplante, os médicos dizem que Claudia Castillo já pode tomar conta das filhas, de 15 e quatro anos, subir as escadas e caminhar distâncias razoáveis sem ter falta de ar. A paciente contraiu uma tuberculose, há quatro anos, que lhe deixou graves lesões na traqueia e dificuldades respiratórias. Antes de partir para o transplante, os médicos chegaram a ponderar tirar o pulmão da colombiana.|

 

Sem Imunossupressores

Paolo Macchiarini, do serviço de cirurgia torácica, explicou que transplantou, em 12 de junho, a traquéia de um homem morto por hemorragia cerebral, após fazer uma série de 25 lavagens para eliminar do órgão todas as células do doador e refazê-lo posteriormente com as células da própria receptora.

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Graças a este processo, que utilizou células-tronco, trata-se do primeiro transplante no qual a paciente não necessitará tomar imunossupressores para evitar a rejeição de um órgão alheio, além do primeiro transplante de traquéia do mundo.

Macchiarini assinalou que a engenharia de tecidos tornou possível esta intervenção duplamente inovadora, já que a traquéia transplantada é um híbrido entre o órgão do doador e as células-tronco epiteliais de receptora, com as quais se refez.

Ele explicou que, após ser lavada com um sistema de detergentes enzimáticos, a traquéia ficou reduzida a uma estrutura, livre de qualquer antígeno do doador, à qual pouco antes da cirurgia se inseriram cerca de 100 mil células epiteliais da paciente.

Também lhe inseriram condrócitos (células de cartilagem) na parte externa do órgão, diferenciadas a partir de células-tronco procedentes de sua medula óssea.

Com este processo, o órgão, de sete centímetros, transformou-se em um híbrido mais parecido a um novo órgão da própria paciente, que foi o que se transplantou a ela.

Caso este processo não funcionasse, a única alternativa médica seria a retirada de um pulmão dela, que hoje leva uma vida quase comum, segundo o médico, cuidando normalmente de dois filhos e sem precisar tomar nenhum remédio, enquanto há poucos meses mal conseguia falar ou andar.


Segundo o doutor Paolo Macchiarini, esta inovação da biomedicina e da cirurgia pode se transformar em uma alternativa para patologias das vias aéreas superiores que, por enquanto, não podem ser tratadas com cirurgias tradicionais, como más-formações congênitas ou tumores primários.

Ele acrescentou que a aplicação clínica de células-tronco e o fato de economizar ao receptor os problemas derivados da imunossupressão representam um marco na história dos transplantes.


O que mudou para Cláudia Castillo

O transplante foi então realizado em Junho, não havendo, assim, risco de rejeição por parte do organismo, o que a comunidade médica de todo o mundo considera constituir um grande avanço.
De acordo com os médicos da paciente transplantada, Cláudia Castillo consegue agora percorrer distâncias significativas sem ficar com falta de ar mas os progressos estão a ser minuciosamente monitorizados, uma vez que terão de passar três anos para se poder ter a certeza de que a estrutura de cartilagem da traqueia está sólida e não vai desfazer-se.
 
De acordo com Martin Birchall, professor da Universidade de Bristol, esta técnica poderá até ser adaptada ao transplante de outros órgãos, como o intestino, a bexiga ou o aparelho reprodutivo.


Fonte: Fonte: http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid280019,0.htm
          http://dn.sapo.pt/2008/11/20/ciencia/transplante_traqueia_feita_a_medida_.html
          http://noticias.terra.com.br/ciencia/        http://diario.iol.pt/internacional/medicos-saude-traqueia-transplante-operacao-ultimas-noticias/1014759-4073.html