PESSOAS ESPECIAIS

Helena Petrovna Blavatsky - Parte 2

helena2"A pessoa dotada da faculdade de pensar nas coisas mais insignificantes do plano superior do pensamento, em virtude de tal dom tem, por assim dizer, um poder plástico de formação em sua imaginação real. Sobre o que quer que essa pessoa pense, seu pensamento será tão ou mais intenso que o pensamento de uma pessoa comum, que por esta mesma força obtém o poder de criação." (Revista Lúcifer) ...

"A humanidade - pelo menos em sua maioria - detesta refletir, mesmo em benefício próprio. Magoa-se, como se fora um insulto, ao mais humilde convite para sair por um momento das velhas e batidas veredas e, a seu critério, ingressar num novo caminho para seguir em alguma outra direção." (A Doutrina Secreta) "A mente recebe indeléveis impressões mesmo de conhecimentos ou pessoas casualmente encontradas apenas uma vez.

Assim como alguns segundos de revelação da chapa fotográfica sensibilizada é tudo o que se necessita para preservar indefinidamente a imagem de um objeto, o mesmo acontece com a mente." (Ísis sem Véu)

"O motivo certo para a busca do autoconhecimento é aquele que pertence ao conhecimento e não ao eu. O autoconhecimento merece ser procurado em virtude de ser conhecimento e não em virtude de pertencer ao eu. O principal requisito para adquirir o autoconhecimento é um amor puro. Buscai o conhecimento por puro amor, e o autoconhecimento finalmente coroará o esforço."
(Ocultismo Prático)
 
"A força centrípeta não poderia manifestar-se sem a centrífuga na revolução harmoniosa das esferas; todas as formas são produtos desta força dual da natureza."
(Ísis sem Véu)
 
"A sabedoria oriental ensina que o espírito tem de passar pelo ordálio da encarnação e da vida, e ser batizado com a matéria antes de poder atingir a experiência e o conhecimento. Só após isso ele recebe o batismo da alma, ou autoconsciência, e pode retornar à sua condição original de um deus, mais a experiência, terminando com a onisciência. Em outras palavras, ele pode retornar ao estado original da homogeneidade da essência primordial, somente através da frutificação do Karma, que é o único capaz de criar uma absoluta deidade consciente, distante apenas um grau do TODO absoluto."
(Revista Lúcifer)
 
"Vivemos numa atmosfera de escuridão e desespero... porque nossos olhos estão voltados e fitos na terra, repleta de manifestações físicas e grosseiramente materiais. Se, ao invés disso, o homem, prosseguindo na jornada de sua vida, olhasse não para o céu - o que é apenas uma figura de retórica - mas para dentro de si mesmo, e centralizasse seu ponto de observação no homem interior, muito logo escaparia dos rolos compressores da grande serpente da ilusão."
(Revista Lúcifer)
 
A magia, como ciência, é o conhecimento destes princípios e da maneira como a onisciência e onipotência do espírito e seu domínio sobre as forças da natureza podem ser adquiridas pelo indivíduo, mesmo estando ainda no corpo físico. Como arte, a magia é a aplicação deste conhecimento na prática."
(Ísis sem Véu)
 
"A filosofia platônica era a da ordem, sistema e proporção. Abrangia a evolução dos mundos e espécies, a correlação e conservação da energia, a transmutação da forma material, a indestrutibilidade da matéria e do espírito. Sua posição a este respeito estava muito à frente da ciência moderna, e enfeixava o arco de seu sistema filosófico com um fecho a um tempo perfeito e inabalável."
(Ísis sem Véu)
 
"O egoísmo pessoal é que excita e estimula o homem a abusar de seus conhecimentos e poderes. O egoísmo é um edifício humano, cujas janelas e portas estão sempre escancaradas para que toda espécie de iniqüidades entre na alma humana."
(A Doutrina Secreta)
 
"A doutrina fundamental da filosofia esotérica não admite privilégios ou dons especiais no homem, salvo aqueles adquiridos por seu próprio Ego, através de esforços e méritos pessoais, durante toda uma longa série de metempsicoses e reencarnações."
(A Doutrina Secreta)
 
"Para tomar-se autoconsciente, o Espírito deve passar pelos diversos ciclos de existência, atingindo na Terra o seu ápice no homem. O Espírito em si é uma abstração negativa inconsciente. Sua pureza é inerente, não adquirida por mérito; daí que para tornar-se o mais elevado Dhyan Chohan (Senhor de Luz), é necessário que todo Ego atinja a plena autoconsciência como humano, isto é, consciente, sintetizado para nós no Homem."
(A Doutrina Secreta)
 
"Atinge-se a cultura espiritual pela concentração. Deve ser continuada diariamente e ser usada a todo o momento. A meditação foi definida como a ´cessação da atividade externa do pensamento´. Concentração é a total tendência da vida para um dado fim."
(Ocultismo Prático)
 
"Não há nenhum bem ou mal em si, como não há nem "elixir da vida" nem "elixir da morte", nem veneno em si. Tudo está contido na única e mesma essência universal, dependendo os resultados do grau de sua diferenciação e de suas várias correlações. O seu lado de luz produz vida, saúde, bem-aventurança, paz divina, etc.; o lado de trevas traz morte, doenças, tristezas e conflitos."
(A Doutrina Secreta)
 
"A Natureza revela seus mais íntimos segredos e partilha a verdadeira sabedoria somente àquele que busca a verdade por amor à própria verdade, e que aspira ao conhecimento para conferir benefícios aos outros, não à sua insignificante personalidade."
(Revista Lúcifer)
 
"Karma é uma lei infalível, que nos planos físico, mental e espiritual da existência ajusta o efeito à causa. Assim como não existe causa sem efeito - desde uma perturbação cósmica até o movimento de nossas mãos; assim como cada coisa engendra sua semelhante, da mesma forma o Karma é aquela lei invisível e desconhecida que sábia, inteligente e eqüitativamente ajusta cada efeito à sua causa e leva esta ao seu produtor."
(A Chave da Teosofia)
 
"Não há nenhum Demônio, nenhum Mal fora do gênero humano para produzir um Demônio. O Mal é uma necessidade no Universo Manifestado, e um dos seus sustentáculos. É uma necessidade para o progresso e a evolução, tanto quanto a noite é necessária para a produção do dia, e a morte para a produção da vida, afim de que o homem possa viver por todo o sempre."
(A Doutrina Secreta)
 
"Uma lei oculta ensina que todo homem corrige seus defeitos individuais, aperfeiçoa, por pouco que seja, o organismo de que é parte integrante. Do mesmo modo, ninguém peca ou sofre os efeitos do pecado, sozinho. De fato, não existe nenhuma "separatividade". A mais achegada aproximação desse estado egoísta, que as leis da vida permitem, está na intenção ou motivo."
(A Chave da Teosofia)
 
"Resumindo tudo em poucas palavras, MAGIA é SABEDORIA espiritual. A Natureza é a aliada, aluna e serva do mago. Um princípio comum, vital, penetra todas as coisas, e é controlável pela vontade do homem perfeito. O Adepto pode estimular os movimentos das forças naturais nas plantas e animais num grau sobrenatural. Tais fatos não são obstruções da Natureza, mas aceleramentos em que são dadas condições de ação vital mais intensa."
(Ísis sem Véu)
 
"O Karma não cria nem planeja nada. É o homem quem planeja e cria causas, e a Lei Cármica ajusta o efeito. Tal ajustamento não é um ato, mas a harmonia universal que tende sempre a reassumir sua posição original, tal qual um galho de árvore que, puxado violentamente para baixo, retorna com igual violência. Se o braço que o puxou se deslocar ou quebrar, quem teria sido o causador do sofrimento? O galho ou a nossa insensatez?"
(A Doutrina Secreta)
 
"Uma completa familiaridade com as faculdades ocultas de tudo que existe na Natureza, tanto visível quanto invisível; suas mútuas relações, atrações e repulsões, bem como sua causa, investigada até o princípio espiritual que penetra e anima todas as coisas; a habilidade para prover as melhores condições para que tal princípio se manifeste - noutras palavras, um profundo e exaustivo conhecimento das leis naturais - essa era e é a base da Magia."
(Ísis sem Véu)
 
"A oração é uma ação enobrecedora quando é um intenso sentimento, um ardente desejo emitido de nosso próprio coração para o bem de outros, e quando inteiramente isento de qualquer objetivo egoísta, pessoal."
(A Doutrina Secreta)
 
"A vontade do Criador, pela qual todas as coisas foram feitas e receberam seus primeiros impulsos, é propriedade de todo ser vivente. O homem, dotado de uma espiritualidade adicional, tem a maior partilha dessa vontade. Ele obterá maior ou menor sucesso no uso do poder mágico da mesma, proporcionalmente à matéria nele existente."
(Ísis sem Véu)
 
"Nós produzimos causas, e estas despertam as forças correspondentes no Mundo Sideral. Elas são magnéticas e irresistivelmente atraídas por aqueles que as produzem, e reagem sobre tais pessoas, sejam praticamente os malfeitores ou simplesmente "pensadores" que nutrem maldades."
(A Doutrina Secreta)
 
"Agir e agir sabiamente no momento oportuno, esperar e esperar pacientemente quando é hora de repouso, põem o homem em sintonia com as marés cheias e baixas, de sorte que, com a natureza e a lei como apoio, e a verdade e a beneficência como farol, ele pode realizar maravilhas."
(Ocultismo Prático)
 
"A roda da Lei gira rapidamente. Mói noite e dia. Separa do dourado grão as cascas inúteis, e da farinha o farelo. A mão do Karma guia a roda, cujas rotações marcam as palpitações do coração cármico."
(A Voz do Silêncio)
 
"A idéia teosófica da caridade significa esforço pessoal pelos outros; compaixão e bondade pessoais, interesse pessoal pelo bem estar dos que sofrem; simpatia pessoal, providência e assistência em seus sofrimentos e necessidades."
(A Chave da Teosofia)
 
"Pela radiante luz do oceano magnético universal, cujas ondas elétricas abarcam o Cosmos, e em seu incessante movimento penetram cada átomo e molécula da infinita criação, os discípulos do mesmerismo - não obstante a pobreza de seus vários experimentos - intuitivamente percebem o alfa e o ômega do grande mistério. Sozinho, o estudo deste agente, que é o divino alento, pode desvendar os segredos da psicologia e da fisiologia, dos fenômenos cósmicos e dos espirituais."
(Ísis sem Véu)
 
"O reto pensamento é uma boa coisa, mas o pensamento solitário pouco vale; precisará ser traduzido em ação."
(Theosophist)
 
"Ninguém deve entrar no Ocultismo, nem mesmo tocar nele, antes de estar perfeitamente familiarizado com seus próprios poderes, e de saber como comensurá-lo com suas próprias ações. E isto ele só pode fazer estudando a filosofia do Ocultismo antes de entrar num treinamento prático. Caso contrário, fatalmente ele cairá na Magia Negra."
(Revista Lúcifer)
 
"Quedamo-nos estupefatos diante do mistério que nós próprios fabricamos, e dos enigmas da vida que não queremos resolver, e depois acusamos a grande Esfinge de nos devorar. Mas, em verdade, não há um acidente em nossa vida, não há um dia mau ou uma desgraça cuja causa não possa ser encontrada em nossas próprias ações, nesta ou noutra existência. Se alguém infringe as leis da harmonia ou, conforme a expressão de um teósofo, as "leis da vida", deve estar preparado para cair no caos que ele mesmo produziu."
(A Doutrina Secreta)
 
"O único decreto do Karma - decreto eterno e imutável - é a Harmonia completa no Mundo da Matéria, como o é no Mundo do Espírito. Portanto, não é o Karma que nos pune ou recompensa, porém somos nós mesmos que nos recompensamos ou punimos, segundo trabalhemos com a Natureza, pela Natureza e de acordo com a Natureza, obedecendo ou transgredindo às leis de que depende essa Harmonia."
(A Doutrina Secreta)
 
"Pitágoras ensinava que todo o universo é um vasto sistema de combinações matematicamente corretas. Platão mostra a deidade geometrizada. O mundo é sustentado pela mesma lei de equilíbrio e harmonia sobre a qual foi construído."
(Ísis sem Véu)
 
"Certamente o homem não é nenhuma criação especial. Ele é o produto do trabalho do aperfeiçoamento gradual da Natureza, semelhante a qualquer outra unidade vivente nesta Terra. Mas isto é apenas com referência ao tabernáculo humano. Aquilo que vive e pensa no homem e sobrevive a essa forma é o "Eterno Peregrino", a protéica diferenciação no Espaço e Tempo do Uno "Incognoscível" e Absoluto."
(A Doutrina Secreta)
 
"Parabrahman, a Realidade única, o Absoluto, é o campo da Consciência Absoluta, isto é, aquela Essência que está além de toda relação com a existência condicionada, e da qual a existência consciente é um símbolo condicionado. Mas desde que, em pensamento, passemos desta (para nós) Absoluta Negação, sobrevém a dualidade no contraste de Espírito (ou Consciência) e Matéria, Sujeito e Objeto.
(A Doutrina Secreta)
 
"A idéia que um homem tem de Deus é aquela imagem de luz ofuscante que vê refletida no espelho côncavo de sua própria alma, e contudo isso não é Deus, mas apenas Seu reflexo. Sua glória está ali, porém é a luz de seu próprio Espírito que ele vê: é tudo o que ele pode comportar. Quanto mais claro o espelho, tanto mais brilhante será a divina imagem. Mas o mundo exterior não pode testemunhá-lo no mesmo momento."
(Ísis sem Véu)
 
"Há uma lei fundamental do Ocultismo que diz não haver repouso ou cessação de movimento na Natureza. Aquilo que parece repouso é apenas a mudança de uma forma para outra; a mudança de substância anda de mãos dadas com a de forma - conforme nos ensina a Física oculta."
(A Doutrina Secreta)
 
"O pensamento é uma energia que afeta a matéria de várias maneiras, mas a consciência em si, como a entende e explica á Filosofia oculta, é a mais elevada qualidade do princípio senciente espiritual em nós, a Alma Divina (ou Buddhi) e nosso Ego superior - e não pertence ao plano da materialidade."
(A Doutrina Secreta)
 
"A Doutrina Secreta ensina a identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo esta um aspecto da Raiz Desconhecida. Ensina também a peregrinação obrigatória para todas as Almas - centelhas daquela Alma Suprema -através do Ciclo Reencarnatório, durante todo esse período, de acordo com a Lei Cíclica e Cármica."
(A Doutrina Secreta)
 
A mente requer purificação toda vez que nos irritamos, que dizemos uma falsidade, ou divulgamos faltas alheias. Devemos purificá-la, toda vez que falamos ou fazemos qualquer coisa, com a finalidade de bajular, ou quando alguém é enganado pela insinceridade de nossas palavras ou de nossos atos."
(Ocultismo Prático)
 
"Os ensinos secretos referentes à evolução do Cosmos Universal não podem ser ministrados, já que não poderiam ser compreendidos pelas mais altas mentalidades desta época, e parece haver poucos Iniciados, mesmo entre os maiores, aos quais é permitido especular sobre este assunto... os Instrutores dizem claramente que nem mesmo os Dhyani-Chohans jamais penetraram nos mistérios que se acham além dós limites que separam do Sol Central os bilhões de sistemas solares. Portanto, os ensinos transmitidos se referem apenas ao nosso Cosmos visível, após uma Noite de Brahmâ."
(A Doutrina Secreta)
 
"Por aquela intuição superior adquirida por meio da Teosofia - ou Conhecimento Divino - que projetou a mente, do mundo da forma para o do espírito sem forma, o homem tem sido às vezes capaz, em todos os séculos e em todos os países, de perceber coisas no mudo interior ou invisível."
(A Doutrina Secreta)
 
"Lúcifer - o Espírito da Iluminação Intelectual e Liberdade de Pensamento-é, metaforicamente, o farol orientador que ajuda o homem a encontrar o seu caminho por entre as rochas e bancos de areia da Vida. Pois Lúcifer, em seu aspecto mais elevado, é o Logos, e no mais baixo, o "Adversário" - ambos refletidos em nosso Ego."
(A Doutrina Secreta)
 
"Para o Ocultista oriental, a Árvore do Conhecimento, no Paraíso do próprio coração do homem, torna-se a Árvore da Vida Eterna, e nada tem a ver com os sentidos animais do homem. É mistério absoluto que se revela somente através dos esforços do Manas aprisionado, o Ego, para libertar-se da escravidão da percepção sensória, e ver à luz da única e eterna Realidade presente."
(A Doutrina Secreta)
 
"Não pode haver nenhuma real libertação do pensamento humano nem expansão dos descobrimentos científicos, enquanto não for reconhecida a existência do espírito, e aceita como um fato a dupla revolução".
(A Modern Panarion)
 
"Vários são os pensadores que, ao estudar os sucessos e reveses das nações e grandes impérios, têm-se surpreendido com uma característica idêntica em suas histórias, a saber, a inevitável repetição de acontecimentos similares, depois de iguais períodos de tempo."
(Cinco Anos de Teosofia)
 
"Imaginar que um cérebro humano possa conceber algo que nunca dantes foi concebido pelo "cérebro universal" é falácia e vaidosa presunção. No melhor dos casos, o primeiro pode apanhar, aqui e ali, perdidos vislumbres do "Pensamento Eterno" depois que este assumiu alguma forma objetiva, quer no Universo visível, quer no invisível."
(A Modern Panarion)
 
"Nos idos dias de Sócrates e de outros sábios da antiguidade, como agora, aqueles que estão desejosos de aprender a grande Verdade sempre terão sua oportunidade se apenas "procurarem" encontrar alguém que os conduza à porta de ´quem sabe quando e como´."
(A Doutrina Secreta)
 
"Tudo é vida, e cada átomo, mesmo da poeira mineral, é uma VIDA, embora isso esteja além de nossa compreensão e percepção, porque está fora do âmbito das leis conhecidas por aqueles que rejeitam o Ocultismo."
(A Doutrina Secreta)
 
"Está bem, Ouvinte. Prepara-te, pois terás que viajar sozinho. O Instrutor pode apenas indicar o caminho. A Senda é uma para todos; os meios para chegar à meta variam com os peregrinos."
(A Voz do Silêncio)

O Aprendizado do Oculto

Os estudos de H.P.B., enquanto esteve no ashram do Mestre, no Tibet, pertencem ao treinamento esotérico, preparando-a para o futuro papel, quando ela voltasse ao mundo exterior. Seu treinamento oculto, a preparação dos seus diversos corpos para atuar como transmissores de comunicações dos Mahatmas para o mundo muito ocupado dos homens, levou anos. Os fenômenos que ela produziu e as experiências pelas quais passou enquanto esteve na Rússia entre 1859 e 1863 são prova disso." Quando este treinamento oculto começou está indicado numa citação pelo autor em seu livro Incidentes da Vida de Madame Blavatsky: "Para tomar isto claro e inteligível devo explicar: ela nunca fez segredo de que tenha sido, desde a infância e até mais ou menos 25 anos, uma poderosa médium, embora depois desse período, devido ao regular treinamento psicológico e fisiológico, foi levada a perder esses dons perigosos e cada traço de mediunidade fora de sua vontade ou de seu direto controle foi superado." A idade, então, na qual seu definido treinamento nas mãos do Mestre começou foi aos 25 anos e esta é a época de sua segunda visita à Índia, de 1855 a 1857. Quando, sem dúvida, foi intensificado e acelerado. Porém, dessa fase não teremos conhecimento até que, por nossa vez, a experimentemos.


Contudo, temos o próprio testemunho de H. P. B.:


"Eu estava novamente na casa de M. K., sentada em um canto sobre uma esteira e ele andando no aposento com sua roupa de equitação e M. M. estava falando a alguém à porta. Não posso me lembrar... Pronunciei em resposta à uma sua pergunta a respeito de uma tia falecida. Ele sorriu e disse: Que inglês engraçado você usa!' Então eu me senti envergonhada, ferida em minha vaidade e comecei a pensar (imagine você, em meu sonho ou visão qual seria a exata reprodução do que acontecera, palavra por palavra, há 16 anos). Agora que estou aqui e falando nada mais do que inglês em linguagem verbal fonética posso talvez aprender a falar melhor do que Ele. Esclarecendo, como o M. M., eu também usava inglês, que sendo bom ou mau é o mesmo para ele, dado que não o fala, mas entende cada palavra que digo fora de meu cérebro e eu consigo entendê-Lo - como? Nunca poderia dizer ou explicar mesmo que me matassem, mas eu o consigo. Com D.(jwal) K.(ul) eu também falo inglês e ele também fala melhor do que o Mahatma K. H. Voltando, então, ao meu sonho, três meses depois, como me parecia naquela visão, eu estava de pé diante do Mahatma K. H., perto do velho edifício demolido para o qual Ele olhava. Como o Mestre não estava em casa eu passei para Ele umas poucas sentenças que eu estava estudando em Senzar no quarto de sua irmã e pedi-lhe que me dissesse se eu as havia traduzido corretamente e lhe dei um pedaço de papel com as referidas sentenças escritas em inglês. Ele o tomou e leu, e corrigindo a interpretação que eu fizera, leu-as do começo ao fim, dizendo: `Agora seu inglês está se tornando melhor. TENTE PEGAR FORA DE MINHA CABEÇA O POUCO QUE CONHEÇO DO IDIOMA'.


"Ele colocou a mão em minha testa na região da memória e, esfregando os dedos nela, senti mesmo a insignificante dor e um calafrio que já tinha experimentado e desde aquele dia ele fez o mesmo com minha cabeça diariamente, por cerca de dois meses".
A respeito desses poderes e em vista de suas cartas a irmã Vera (Mme. Jelihowsky), ela escreveu certa vez: "Não tenha medo que eu esteja louca. Tudo o que posso dizer é que "alguém" positivamente me inspira - mais do que isso, alguém entra em mim. Não sou eu quem fala ou escreve. É "algo" dentro de mim, meu elevado e luminoso Ser que pensa e escreve por mim.


Não me pergunte, minha amiga, o que experimento, porque não lhe poderia explica-lo claramente. Eu mesma não sei. A única coisa que sei, agora quando estou perto de atingir a velhice, é que me tornei uma espécie de depósito para o conhecimento de outra pessoa... esse "alguém" vem, me envolve em uma nuvem densa e de repente me separa de mim mesma e então não sou mais eu, Helena Petrovna Blavatsky, mas uma outra pessoa, alguém forte, poderoso, nascido em uma região totalmente diferente do mundo; e quanto a mim mesma, é quase como se estivesse adormecida ou como que inconsciente - não em meu próprio corpo, mas alo lado, mantida ligada somente por um fio que me conecta a ele.


"De qualquer modo, algumas vezes eu vejo e ouço tudo completamente claro; estou perfeitamente consciente do que meu corpo está dizendo ou fazendo ou, afinal, o seu novo possuidor. Posso entender e recordar tudo tão bem que depois posso repetir e até escrever suas palavras."


Em uma carta escrita à citada irmã, ela informa que estava aprendendo a sair do seu corpo e ofereceu fazer-lhe uma visita em Tiflis, cidade onde esta residia, "num piscar de olhos". Isso tanto assustou quanto divertiu a irmã que respondeu não -seria necessário, que não se incomodasse, ao que ela replica em outra carta: "Do que você tem medo? Nunca ouviu falar de aparições de "duplos"? Eu quero dizer, meu corpo pode estar quieto, dormindo na cama e não importaria mesmo se estivesse esperando o meu retorno já na condição de desperto - o corpo estaria em uma condição de idiota inofensivo. E não há do que se admirar, a luz de Deus estaria ausente dele, voando para você; e, então, retornaria e uma vez mais o templo estaria iluminado pela Divindade. Mas isso, desnecessário dizer, somente no caso de o fio interligante não ser quebrado. Se você gritasse como uma louca o fio ficaria rompido... Amém, então, para a minha existência! Eu morreria instantaneamente..."


Numa carta a outra pessoa, Mine. Jelihowsky informou: "Na primavera de 1878 aconteceu uma coisa estranha à Helena. Tendo se levantado e começado a trabalhar numa manhã como usualmente, subitamente perdeu a consciência e não a recuperaria senão cinco dias depois. Tão profundo era o seu estado de letargia que poderia ter sido cremada, não fosse a chegada de um telegrama de seu Mestre com a seguinte mensagem: `Nada receie. Ela não está morta, nem doente, mas precisa de um repouso. Ela está com estafa excessiva`.


O Prof. Rawson, em um artigo chamado "As Duas Mme. Blavatsky", disse: "Não tenho dúvidas de que Mine. Blavatsky teve conhecimento de muitos, senão de todos os ritos, cerimônias e instruções praticados entre os Druzos do Monte Líbano, porque ela me fala de coisas que somente são conhecidas pelos poucos favorecidos que têm sido iniciados."


Em relação ainda à estada na casa do seu Mestre, há o seguinte episódio: ela havia passado vários anos sem dar notícias suas à família na Rússia e todos estavam até convencidos de que teria morrido. Porém, em 11 de novembro de 1870 sua tia, Mme. Fadeef, assim escreve: "Aconteceu quando minha sobrinha estava do outro lado do mundo e ninguém de fato sabia onde estava. Todas as pesquisas resultaram infrutíferas, causando-nos preocupação. Estávamos preparados para aceitar sua morte quando uma carta dele (O Mestre), a quem vocês chamam Koot Humi, foi trazida da mais incompreensível e misteriosa maneira a minha casa por um mensageiro de aparência asiática, que desapareceu ante meus olhos. Esta carta que me solicitava não ter receio e informava que ela estava em segurança, ainda a tenho em Odessa (o original está arquivado em Adyar, na sede internacional da S. T. - nota do tradutor). Ela mostra no canto esquerdo inferior do envelope, escrito em russo: "Recebida em Odessa em 7 de novembro sobre Helinka (apelido familiar de H. P. B.), provavelmente do Tibete. A carta redigida em francês, manuscrita pelo M. K., tem a seguinte tradução:


"A Honrada e Muito Nobre Senhora Nadyejda Andreewna Fadeef - Odessa. - Os nobres parentes de Mme. H. Blavatsky não devem se afligir por motivo algum. Sua filha e sobrinha não deixou este mundo de modo algum. Está viva e deseja fazer saber àqueles a quem ama que está bem e muito feliz, no desconhecido e distante recanto que ela escolheu para si mesma. Ela esteve muito doente, mas não está mais; sob a proteção do Senhor Sangyas, ela encontrou devotados amigos que a guardam física e espiritualmente. As senhoras de sua casa podem, portanto, permanecer tranqüilas. Antes de 18 luas, ela voltará a sua família".


A DOUTRINA SECRETA


Em 1888, foi publicada em Londres a grande obra de H. P. Blavatsky. Ela possui dois temas chave: a) Cosmogênese, b) Antropogênese, tendo como centro teórico as "Estâncias de Dzyan". Estas Estâncias foram traduzidas de um antigo manuscrito chamado "O Livro de Dzyan" e Blavatsky também usou alguns comentários escritos em chinês, tibetano e sânscrito. Estes textos de filosofia esotérica descrevem o surgimento do Universo e o aparecimento do homem, no planeta Terra.


O "Livro de Dzyan", segundo a escritora (Blavatsky não se considera a autora da obra A Doutrina Secreta), está intimamente relacionado com o Livro dos Preceitos de Ouro (fonte dos textos de A Voz do Silêncio) e com os "livros de Kiu-te", que são uma série de tratados do budismo esotérico conforme nos mostra David Reigle no livro The Books of Kiu-te or the Tibetan Buddhist Tantras (Editora Wizards). Em seu treinamento no Tibet, Blavatsky teve acesso a estes tratados, diretamente ligados à tradição espiritual mais antiga do Oriente e que foram preservados e comentados pelo budismo Mahayana.


O grande lama Tsong-Kha-pa (1357-1419), ao reformular o budismo Kadampa, reorganizando-o como a escola Gelugpa, fez uma série de compilações e comentários aos principais textos da mais genuína tradição espiritual. Blavatsky dava muita importância às obras de sua autoria, especialmente os "Lam Rim" - amplos tratados onde eram usadas as principais fontes, autores e escolas anteriores, com especial destaque ao pensamento de Nagarjuna, Asanga e Atisha. E foi em mosteiros Gelugpas que Blavatsky memorizou, estudou e recebeu instruções orais que mais tarde serviriam de base para comentários e esclarecimentos.


A palavra Dzyan, que é um termo tibetano, significa Meditação. Ele está vinculado à palavra sânscrita Dhyana, e tem relações com o termo Zen. Às vezes também é escrita "Dzyn", o que significa Sabedoria. E tem, também, uma identidade com a palavra Jnana (Sabedoria). Assim, A Doutrina Secreta é uma obra que tem no seu contexto e o espírito ¡nana e "meditativo". São idéias para serem meditadas, refletidas, investigadas, pensadas, pesquisadas.


Foi o resultado de um grande esforço e trabalho de quatro anos de Blavatsky procurando ofertar para os estudantes, especialmente os ocidentais, um instrumento para se buscar uma aproximação à sabedoria oriental e aos significados profundos da simbologia universal. É um desafio para a mente do estudante e possui significados cada vez mais profundos, na medida em que se tenta compreender o espírito dos slokas (sutras) e fazemos uma conexão entre as diferentes tradições filosóficas e simbólicas.


Em janeiro de 1884, saiu na revista, The Theosophist a notícia de que Blavatsky iria escrever uma outra grande obra, ampliando a anterior Isis sem Véu. Durante os anos de 1884 e 1885 ela dedicou-se a escrever. No início de 1886, escrevendo ao seu colega de estudos Alfred Sinnett, disse-lhe que "a cada manhã" surgia uma nova revelação e um novo cenário. A obra se ampliava em relação ao plano inicial e precisou reescrever várias vezes alguns dos seus capítulos.


Em setembro de 1886, remeteu da Europa (onde estava escrevendo) para a índia (Madras) o que seria o volume 1. Mas, em 1887 resolveu escrevê-lo novamente, com "acréscimos, retificações, cortes e substituições", pois o material se ampliava. Ela recebia ajuda, tanto dos seus amigos e colegas de estudos da filosofia esotérica, quanto auxílio de seus instrutores orientais.


Ainda em 1887, Blavatsky esteve bastante doente, à beira da morte, tendo recebido uma visita incomum: um dos seus Instrutores tibetanos esteve com ela e deu-lhe, segundo suas próprias palavras, a seguinte opção: "ou morrer, libertando-me (do corpo doente), ou continuar viva para terminar A Doutrina Secreta...". Tendo se recuperado, manteve seu contínuo esforço descrito como de imensa dedicação na tentativa de concluir esta obra, que ela considerava como a sua grande contribuição a todos os sinceros estudantes da tradição sabedoria.


Na primavera de 1887, foi residir em Londres, onde tinha um grupo de estudantes que a auxiliava na revisão dos textos e na confirmação das centenas de referências e citações que a obra fazia, pois a biblioteca e os livros pessoais de Blavatsky não passavam de 20 volumes, incluindo dicionários. Após esses perseverantes esforços, a Doutrina Secreta foi publicada, simultaneamente em Londres e Nova Iorque, no final do mês de outubro de 1888. As palavras finais de Blavatsky foram: "esta obra é dedicada a todos os verdadeiros teosofistas".


A obra mostra a unidade original de todas as religiões, dando bastante destaque ao simbolismo universal - fruto da linguagem comum existente em um passado remoto. A Doutrina Secreta foi a primeira grande tentativa, no Ocidente, de se publicar as chaves para o estudo das diferentes tradições, a partir de fragmentos da filosofia esotérica. Segundo suas palavras, o primeiro passo. consistia em "derrubar e arrancar pela raiz as árvores venenosas e letais da superstição, do preconceito e da ignorância presunçosa". O estudante da sabedoria esotérica deve perder inteiramente de vista as personalidades, crenças dogmáticas e as religiões particulares, e investigar o que existe de comum e essencial em todas as tradições.


No prefácio da primeira edição era dito: "esta obra não é a Doutrina Secreta em sua totalidade; contém apenas um número selecionado de fragmentos dos seus princípios fundamentais". Como dissemos anteriormente, o centro da obra são "As Estâncias de Dzyan", que ela comentou, ampliando as relações do simbolismo, fazendo correlações com as diferentes religiões, filosofias e idéias científicas da época. Tanto as "estâncias" quanto as ampliações não foram expostas como alguma revelação, mas sim encerram ensinamentos que se podem encontrar nos milhares de volumes que formam as escrituras das antigas religiões asiáticas e das primitivas religiões e filosofias herméticas ocidentais. O que Blavatsky procurou fazer foi uma brilhante síntese, mostrando que há uma unidade nessas antigas tradições. Ao mesmo tempo que indicava um horizonte bem mais amplo para as idéias relativas à Cosmologia e sobre a história da raça humana, desde uma imemorial idade até os tempos modernos.


Vários dos seus alunos deram depoimentos sobre esta magna obra. A seguir destacamos alguns deles, para sugerir o universo desta renomada publicação: Annie Besant - "O valor de A Doutrina Secreta não está em seus materiais considerados isoladamente, mas na incorporação deles em um todo amalgamado e coerente...".


COMO ESTUDAR A DOUTRINA SECRETA


Um dos seus alunos, Robert Bowen, fez algumas anotações a partir dos comentários de Blavatsky ao grupo de estudantes do "Grupo Interno" da Loja Blavatsky. Redigiu-os apresentando depois à instrutora para ver se não existia algum erro de compreensão.


A principal sugestão é que não se deve ler este livro como os outros, isto é, do início ao fim seqüencialmente. Mas que existem algumas etapas preliminares:
a) procurar compreender os Três Princípios Fundamentais apresentados no Proêmio (Vol.I);
b) estudar a Recapitulação numerada que está no Resumo do Vol.I;
c) refletir sobre as Notas Introdutórias do Vol.III (edição em português);
d) estudar a Conclusão do Vol.III.

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Petrovna_Blavatsky
             http://www.levir.com.br/teosofia75.php