HISTÓRIA E CULTURA

Investigação sobre a morte do faraó Ramsés III foi concluida após 3000 anos

egimun116/03/2020 - Com a tecnologia, sua impressionante mumificação pode ser analisada a fundo e mudar a história sobre o Egito Antigo. Responsável por exercer grande autoridade sobre o Egito, Ramsés III foi considerado o último grande faraó do Império Novo, sendo o segundo faraó da vigésima dinastia egípcia. Filho de Setnakht e da rainha Tiy-merense, Ramsés nasceu na cidade de Tebas e foi preparado para liderar um dos maiores governos faraônicos da história. Com cerca de 31 anos de reinado – entre 1194 e 1163 a.C. – foi tirano em registros sobre os hebreus e a emigração da civilização, porém, teve de enfrentar diversas adversidades econômicas e conflitos internos e externos.

Por isso, sua posição não somente era cobiçada, como era debatida por oferecer riscos irreparáveis ao Egito. Sete anos após o fim de seu reinado, em 1155, o corpo de Ramsés III foi encontrado com uma intrigante morte inconclusiva. Apesar de existir documentos antigos do tribunal de papiros que indicam que membros do harém do rei já planejavam um ataque ao mesmo para tomar seu palácio, o rei morreu com uma idade de 62 anos, bastante avançada para a época.

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Durante séculos, sua morte foi considerada inconclusiva, até o descobrimento de sua múmia, no século 19. Sem recursos tecnológicos na época para analisar profundamente a causa, seu corpo embalsamado foi mantido conservado, de maneira que pudesse ser estudado assim que possível. Com recursos tecnológicos válidos para a pesquisa, o cadáver voltou a análise somente no século 21.

A primeira conclusão foi obtida com uma análise minuciosa feita manualmente, que pôde identificar cortes em pontos de sua garganta. Os ferimentos, inicialmente, não foram atribuídos a alguma ação do próprio faraó, como suicídio, ou se houve algum ataque de terceiros, porém, o cadáver foi conduzido a estudos mais aprofundados para essa conclusão. Uma tomografia computadorizada resultou em uma análise que pôde ser concluída somente em 2012: Ramsés III foi assassinado. Com uma publicação extensa no periódico de medicina British Medical Journal, os estudos chegaram a conclusão de que um profundo ferimento no pescoço havia sido causado devido a alguma facada ou golpe com alguma lâmina contra o faraó.

A tomografia analisou seu corpo todo por uma visão de vertical de seus membros, onde puderam identificar que o profundo corte foi capaz de interromper as atividades de sua traquéia e de importantes vasos sanguíneos, o matando quase que instantâneamente. Seu sangue, que possivelmente escorreu em larga quantidade, não foi conservado na sua mumificação. Muito provavelmente, antes de embalsamado, o corpo foi limpo e, possivelmente, houve até uma tentativa de restaurar a ferida para não levantar suspeitas de um assassinato, cobrindo seu pescoço com um grosso colar de linho e pressionando um amuleto com o olho de Hórus, utilizado no Egito Antigo como um objeto de restauração e cura.

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Além do corte em seu pescoço, foi localizada uma profunda lesão em seu esôfago e um outro corte, no dedo de seu pé, provocado por outro tipo de lâmina, diferente da usada nos golpes em seu pescoço. A diferença é a largura do corte, possibilitando a hipótese ter sido uma machadada para impedir sua fuga durante seu assassinato. Registros de um evento, conhecido como a Conspiração do Harém, foi julgado como um golpe, idealizado por Tiye, uma de suas esposas, para colocar, especificamente, o filho do casal no trono máximo do Egito Antigo. O registro, em um dos papiros mais antigos que sobreviveram na época, identifica a revolta como um golpe sem sucesso, visto que o filho Pentaware não conseguiu assumir o trono almejado.

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Porém, o julgamento do real sucessor, Ramsés IV, puniu os envolvidos, sem relacioná-los diretamente ao falecimento do pai. Porém, com a reconstrução do passado graças a tecnologia, a justiça pode ser finalmente atribuída a Pentaware e Tiye, novos suspeitos da morte de um dos maiores faraós da história.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/